Chapter 11

Genevieve Ashford

O dia amanheceu nublado, como se o céu tivesse decidido se alinhar com o estado de espírito que eu tentava desesperadamente esconder. As palavras de Edward Blackwell ainda pairavam em minha mente, como um eco incômodo que não conseguia afastar, e sua presença, mesmo quando ausente, me perseguia. Eu não conseguia mais ignorá-lo, não importava quantas vezes me dissesse que ele era só mais um libertino insensível, ou que eu não me importava com o seu charme.

Por mais que tentasse resistir, o fato era que ele começava a ocupar um espaço maior do que eu jamais imaginei. E isso, como sempre, me deixava em um estado de frustração.

Naquela manhã, minha mãe insistiu para que eu fosse a um evento social no salão de baile da cidade. Embora soubesse que o convite era apenas uma desculpa para me lançar novamente no campo de caça de potenciais maridos, não pude recusá-lo. Afinal, era isso que as mulheres da minha "classe" faziam, não era? Eu me permitia ser exposta à superficialidade, às máscaras que todos usavam, mas minha mente estava longe, ocupada com pensamentos que eu não queria admitir.

Quando cheguei ao evento, a sala estava cheia de rostos familiares, conversas animadas e risos constrangidos. Os homens se agrupavam em pequenos círculos, e as mulheres formavam uma parede ao redor deles, sempre tentando impressionar, sempre tentando ser notadas.

Eu sabia que deveria estar aqui, fazendo parte desse jogo, mas, à medida que a noite se arrastava, eu me vi perdida. Meu olhar procurava por uma maneira de escapar do círculo de superficialidade em que estava presa.

Foi então que eu o vi.

Edward Blackwell estava do outro lado da sala, em sua usual postura arrogante, um sorriso travesso nos lábios e um olhar que parecia brincar com todos que se aproximavam. Como sempre, ele estava sendo o centro das atenções, sua presença carregada de charme e uma energia que não podia ser ignorada.

Ele me viu, e naquele instante, tudo ao meu redor parecia desacelerar. A sala, que estava cheia de risos e conversas, ficou estranhamente silenciosa. Eu sabia que ele estava vindo em minha direção, e eu me senti um tanto… vulnerável. Não conseguia entender o motivo, mas algo em mim cedia, mesmo que eu tentasse me convencer do contrário.

— Genevieve — a voz dele, suave e provocadora, cortou o silêncio. Ele se aproximou com aquele sorriso de sempre, o sorriso que fazia meu coração acelerar, apesar de todas as minhas tentativas de me manter imune a ele.

— Lord Blackwell — respondi, mantendo a formalidade, mas não pude evitar o tom cortante que se infiltra em minha voz. Eu não queria que ele soubesse o quanto ele mexia comigo, o quanto sua presença ainda me afetava.

Ele riu, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo, como se me visse através da máscara que eu tentava usar.

— Ah, Genevieve, você continua tão… intrigante. Não consigo entender por que insiste em tentar se afastar de mim, quando é óbvio que, no fundo, você me deseja tanto quanto eu desejo você. — Ele deu um passo mais perto, e eu senti uma onda de calor subir pelo meu pescoço. Como ele fazia isso? Como ele conseguia me desarmar com apenas algumas palavras?

Eu o olhei, tentando manter a compostura, mas havia algo em seu olhar, uma intensidade que fazia tudo ao meu redor desaparecer.

— Não seja tolo, milorde — falei, tentando recuperar o controle. Mas, à medida que as palavras saíam da minha boca, eu sabia que estavam vazias. Eu não queria mais negar o que estava acontecendo dentro de mim. Eu sabia, lá no fundo, que ele tinha razão. Ele me atraía, mais do que eu gostaria de admitir. Mas eu nunca cederia. Não seria tão fácil para ele.

Ele sorriu, satisfeito, como se soubesse que acabara de vencer mais uma rodada desse jogo perigoso que estávamos jogando. Mas antes que pudesse continuar com suas provocações, algo inesperado aconteceu.

Um grito atravessou o salão, e todos os olhares se voltaram para a fonte do alvoroço.

Eu não sabia o que estava acontecendo, mas senti uma onda de preocupação tomar conta de mim. Um homem, aparentemente bêbado, estava sendo escoltado para fora, e ao seu redor, um grupo de mulheres murmurava com expressões de desgosto.

— O que houve? — Perguntei, mas Edward já estava a minha frente, observando a cena com curiosidade.

— Parece que o Senhor Henderson fez uma proposta… inusitada. — Ele disse, com uma expressão de diversão no rosto. — E, aparentemente, a Senhora Henderson não achou a proposta tão charmosa quanto ele pensava.

Eu franzi a testa, sem entender completamente a situação, mas a tensão no ar estava crescendo. O escândalo havia começado, e eu sabia que isso mudaria o rumo da noite. Mas o que eu não esperava era que aquele simples incidente fosse apenas o começo de algo muito maior que aconteceria em poucos minutos.

Edward, como sempre, parecia tão relaxado, como se soubesse o que estava prestes a acontecer. Mas, quando seus olhos se encontraram com os meus, havia algo mais ali. Algo que sugeria que ele sabia mais do que deveria.

Eu não sabia o que pensar. Não sabia como reagir. Eu, que sempre tentei manter o controle de tudo, estava perdida. A noite que eu pensava ser apenas mais uma de tantas, estava prestes a se transformar em um campo minado.

— Este evento, Genevieve, será mais memorável do que imagina. — Ele falou com um tom que misturava ironia e um toque de mistério. — E quando o escândalo começar, você verá que não há como escapar.

Eu olhei para ele, sentindo meu estômago revirar. Algo me dizia que aquele escândalo não seria apenas um momento isolado. Era o prelúdio de algo muito maior, algo que eu não poderia controlar.

— Não tem ideia do que está dizendo, milorde. — Falei, tentando esconder a apreensão na minha voz. Mas, enquanto ele se afastava para se misturar novamente à multidão, uma sensação estranha tomou conta de mim. Eu sabia que ele estava certo. O escândalo estava prestes a se desenrolar, e, de alguma forma, ele e eu já estávamos envolvidos.

E eu, Genevieve Ashford, não tinha ideia de como isso mudaria tudo.

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