PRIMEIRO DIA DE TRABALHO

Chegando à imensa construção que servia como sede das operações dos irmãos, Aliya não pôde deixar de se surpreender. O prédio era grandioso, com vidros refletindo o céu e um design tão imponente quanto a personalidade dos alfas. Enquanto seu pai a guiava pelo saguão, ela sentia os olhares de curiosidade e respeito das outras pessoas que passavam. Mas ela ignorava todos, mantendo o foco em seguir adiante sem hesitação.

Ao entrarem na sala de reuniões, Aiden e Kael já estavam à espera. Ambos ergueram os olhos para ela, seus olhares afiados e avaliadores. Eles estavam com a mesma postura imponente, irradiando aquela aura de autoridade inquebrável. Aiden foi o primeiro a se manifestar, com um tom quase casual, mas que não disfarçava a provocação.

“Pontual. Pelo menos você acertou nisso,” ele murmurou, com um sorriso de canto que a fez querer revirar os olhos.

Kael cruzou os braços, com a expressão indiferente, mas os olhos ainda mais penetrantes. “Não esperava menos, considerando que ela foi obrigada a estar aqui.” Ele lançou um olhar rápido para Aliya, como se a desafiasse a responder.

Aliya não se intimidou. Manteve a cabeça erguida e, com um tom firme, respondeu: “Estou aqui, então parem de fazer insinuações. Vamos trabalhar e terminar logo com isso.”

Os dois irmãos trocaram um olhar, um sutil sorriso se formando nos rostos de ambos, como se compartilhassem um pensamento silencioso. Kael inclinou-se para frente, os olhos ainda cravados nela.

“Seja bem-vinda ao seu primeiro dia,” disse ele, com um tom irônico. “Mas, como vai descobrir, nós não somos exatamente o tipo de líderes que 'terminam logo' com as coisas.”

Aliya mordeu o lábio, tentando não reagir ao desafio nos olhos dele. “Vamos ver.”

Com um aceno, seu pai tentou quebrar a tensão, puxando uma cadeira para ela. “Aliya, sente-se. Hoje vamos discutir as primeiras etapas do projeto com os alfas, e você terá um papel fundamental na organização de tudo.”

Ela lançou um olhar frio para o pai, percebendo o quanto ele parecia satisfeito com a submissão dela. Então, com um suspiro e um pouco de relutância, sentou-se.

A reunião começou com os irmãos explicando o escopo de um grande projeto de expansão das operações deles pela região. Aiden falava com uma segurança afiada, e cada palavra parecia carregada de um propósito inabalável, enquanto Kael analisava as expressões dos presentes, atento a cada detalhe. O pai de Aliya parecia maravilhado, absorvendo cada frase como se fosse uma lição sagrada. Aliya, no entanto, mantinha-se impassível, anotando o necessário e lutando para manter o foco. Tudo o que queria era que aquele dia terminasse logo.

Quando chegou o momento dela apresentar as primeiras ideias, Aiden a olhou diretamente, um sorriso tênue de provocação brincando em seus lábios. “Então, Aliya, quais são as suas sugestões?” perguntou ele, com um tom que desafiava tanto quanto testava.

Aliya o encarou, sustentando o olhar, e começou a explicar calmamente, destacando pontos estratégicos e logísticos com precisão. Sua voz não tremia, e ela expunha suas ideias de maneira confiante, embora soubesse que qualquer sinal de insegurança seria notado. Porém, Kael não facilitava. Interrompia a cada nova proposta, questionando cada detalhe, até mesmo os mais triviais. O olhar dele parecia estudá-la mais profundamente a cada pergunta, e Aliya sentiu o desafio nos olhos dele, uma insistência de quem queria ver se ela desistiria.

Ela, no entanto, não cedeu. “Se tiver mais alguma dúvida, Kael, posso explicar,” ela respondeu, mantendo o tom formal e frio. “Mas a proposta é sólida. Essa é a forma mais eficiente de alcançar os resultados.”

Kael estreitou os olhos, a voz baixa e controlada. “Confiante, não é? Ótimo. Vamos ver se essa confiança se mantém quando você começar a lidar diretamente com nossos parceiros.”

Quando a reunião terminou, a Jovem sentiu um misto de alívio e cansaço. Mas antes que pudesse sair, Aiden se aproximou e segurou-lhe o braço com firmeza, impedindo-a de se afastar. O toque dele era forte, e ela sentiu o coração acelerar, não pela intimidade, mas pela raiva contida que ele transmitia.

“Eu gostaria de deixar uma coisa bem clara, Aliya,” ele sussurrou, inclinando-se para falar próximo a ela. “Você pode achar que consegue agir como se estivesse em controle, mas aqui nós mandamos. Não se esqueça disso.”

Ela ergueu o queixo, não disposta a mostrar fraqueza. “E eu gostaria de deixar outra coisa clara, Aiden: não estou aqui por escolha, e não vou ser intimidada.”

Os dois se encararam por um longo momento, até Kael se aproximar, rompendo a tensão. Ele olhou de um para o outro, uma expressão de irritação mal disfarçada no rosto. “Aiden, acho que já fizemos o suficiente por hoje.” Ele desviou o olhar para Aliya, com uma expressão indecifrável. “Nos veremos amanhã, Aliya. Não se atrase.”

Ela se desvencilhou do toque de Aiden e saiu da sala, sentindo as faíscas de frustração pulsarem em cada célula de seu corpo.

Após sair da sala de reuniões, Aliya sentiu a tensão começar a ceder, substituída por uma familiar exaustão. Caminhando para um canto isolado do prédio, ela pegou o celular e ligou para Luca. A voz dele atendeu após alguns toques, e ao ouvir o tom acolhedor do amigo, ela se permitiu respirar mais fundo.

"Luca… você não faz ideia do alívio que é ouvir sua voz " murmurou, escorando-se em uma parede.

" Aliya? Você está bem? " A preocupação dele era evidente.

" Bem é um exagero. Estou… sobrevivendo. Cada dia aqui parece mais sufocante " confessou, sua voz carregando o peso dos dias desgastantes. " É como se eu estivesse cercada, sabe? Meu pai não para de me pressionar, e esses alfas… Eles são insuportáveis."

Luca suspirou do outro lado. “Você quer voltar? Para cá, para a Alemanha?"

Aliya fechou os olhos, sentindo o peso da saudade misturada à impossibilidade de simplesmente partir. "Era tudo o que eu mais queria, mas estou proibida de sair da Escócia."

" Você sempre foi mais forte do que eles, Aliya " encorajou ele, sua voz transmitindo a confiança que ela precisava. "Se alguém pode virar o jogo, é você."

Ela sorriu suavemente, sentindo um leve alívio. "Obrigada, Luca. Eu realmente precisava ouvir isso."

"Lembra-se do que eu disse antes? Não importa o que aconteça, você sempre tem para onde voltar."

"Eu sei. E é o que me mantém em pé," respondeu ela, antes de se despedir e encerrar a chamada.

Recuperando o fôlego e ajeitando a postura, Aliya se dirigiu para a sala comum da casa, onde encontrou sua irmã folheando uma revista.

“Oh, finalmente resolveu aparecer?" — comentou Lyanna, sem desviar o olhar das páginas.

Aliya suspirou, sabendo que qualquer interação com a irmã sempre vinha com uma dose de acidez. “ Pelo menos eu estava fazendo algo útil. Diferente de outros aqui."

Lyanna fechou a revista, lançando um olhar cortante. " Sabe, Aliya, só porque foi forçada a entrar no negócio da família, não significa que precisa tratar todos como se fosse melhor que eles."

Aliya deu uma risada curta, sem humor. " Se fosse assim, talvez eu até gostasse de estar aqui. Mas o que você entende disso? Nunca foi forçada a nada."

Lyanna revirou os olhos, impaciente. "Ah, coitadinha da Aliya, sempre oprimida. Já pensou que talvez você não esteja aqui porque é uma vítima, mas porque precisa provar que realmente vale alguma coisa?"

"Vá se foder, Lyanna" vociferou a jovem, depois virou-se e saiu, decidida a não dar à irmã a satisfação de vê-la abalada.

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Comments

Jamilly Santos

Jamilly Santos

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2025-03-08

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Andressa Silva

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