Os Supremos saíram ao amanhecer, seguindo um caminho envolto em névoa e sombras. A jornada os levou até uma parte isolada da floresta, onde vivia o sacerdote conhecido por deter conhecimentos proibidos. Ali, entre árvores antigas e o peso do silêncio, eles esperavam uma resposta que pudesse finalmente libertá-los daquela prisão emocional.
Ao chegarem, foram recebidos por um homem de aparência severa e olhos antigos, que pareciam enxergar mais do que apenas o mundo físico.
"Vocês são os Supremos," disse o sacerdote, observando-os com interesse e cautela. "Ouvi dizer que procuravam respostas que nem os deuses ousam dar."
Kael trocou um olhar com Aiden antes de avançar, a voz firme, mas o tom carregado de frustração. "Queremos entender por que fomos forçados a compartilhar a mesma ligação com Aliya. Ela é uma só, mas nos atrai a ambos como se fossemos um."
O sacerdote franziu a testa, examinando cada um deles com uma atenção incomum, como se os estudasse em busca de alguma verdade profunda. "Isso é incomum," ele murmurou. "Muito incomum. Gêmeos, tão idênticos que até seus sentimentos convergem para o mesmo ponto... como um só."
Aiden deu um passo à frente, os olhos vermelhos de determinação. "O que queremos saber é se há uma forma de desfazer essa ligação," ele afirmou, a voz carregada de uma intensidade quase desesperada. "Esse fardo está nos destruindo e, talvez, a ela também."
O sacerdote cruzou os braços, a expressão solene e distante. "Uma ligação como essa é quase impossível de romper," ele começou, a voz grave, soando quase como uma sentença. "Normalmente, quando dois lobos se vinculam a uma mesma mulher, há uma solução: eles devem lutar até a morte. O vencedor permanece com a loba, e a ligação é rompida no momento em que o perdedor cai."
Kael e Aiden se entreolharam. Os lábios de Kael se curvaram em um sorriso sombrio. "Não podemos lutar," Kael disse, a voz amarga. "Mesmo que quiséssemos, se eu machucar Aiden, eu também sentirei. E se um de nós morrer, o outro seguirá."
O sacerdote assentiu, os olhos brilhando com uma compreensão profunda. "Vocês estão conectados além da compreensão humana. A união de vocês é tão completa que aquilo que um sente, o outro também experimenta. Por isso, lutar entre si seria inútil. Seria uma batalha perdida antes mesmo de começar."
Aiden respirou fundo, o maxilar travado, lutando contra o turbilhão de emoções que crescia dentro dele. "Então não há solução?"
O sacerdote hesitou, seu olhar se tornando ainda mais sério. "Há outra opção, mas eu duvido que seja do gosto de vocês. Para romper essa ligação... poderiam executar a loba."
As palavras dele caíram como um golpe, e ambos os irmãos reagiram com um ímpeto de fúria silenciosa. Era impossível conceber tal ato. Cada fibra de seus corpos, cada instinto, gritava contra a ideia de fazer mal a Aliya.
"Isso é fora de questão," Aiden disse em um tom glacial. "Ela é nossa luna. Nós a protegeríamos até o último suspiro. Mesmo que isso significasse perder a própria vida."
O sacerdote observou o conflito que ardia nos olhos de ambos. “Então, a única solução que resta é aceitar a vontade dos deuses,” ele concluiu, sua voz assumindo um tom quase profético. “Vocês devem dividir a mesma luna.”
Kael soltou uma risada amarga, incrédulo, enquanto Aiden apertava os punhos até os nós dos dedos ficarem brancos. "Isso é loucura," Kael murmurou, o tom cheio de revolta. "Como poderíamos compartilhar uma única loba? Como aceitaríamos vê-la com o outro, sabendo que nunca seria plenamente minha?"
"Essa é a essência da provação," respondeu o sacerdote, com um brilho sombrio no olhar. "A união entre vocês é tão profunda que, talvez, os deuses tenham destinado ambos a esta ligação com ela. Vocês foram forçados a uma situação impossível. Mas são Supremos, e é sua natureza desafiar o impossível."
Aiden engoliu em seco, tentando processar as palavras do sacerdote. A ideia de dividir Aliya, de vê-la com Kael, era um tormento. Mas, no fundo, ele sabia que sentia o mesmo que o irmão — um desejo feroz e incontrolável por aquela mulher que era sua e, ao mesmo tempo, do outro.
E o sacerdote, vendo a hesitação nos olhos dos irmãos, completou: "Entendam que essa decisão também afetará Aliya. Dividir dois alfas, dois Supremos, é uma tarefa difícil para qualquer ômega. Vocês realmente acreditam que ela aceitará essa situação?"
Aiden desviou o olhar, seu peito apertado pela incerteza e pelo medo do futuro. “Talvez nunca aceite,” ele murmurou, mais para si mesmo do que para o sacerdote. “Mas, ao mesmo tempo… ela não é uma loba comum. É forte. É teimosa. E... ela já está conectada a nós de uma forma que nem ela entende completamente.”
Kael respirou fundo, como se tentasse se acalmar, mas o fogo ainda ardia em seu olhar. "Estamos presos a ela. E ela, de alguma forma, está presa a nós." Ele voltou-se para o sacerdote, a voz ainda carregada de tensão. “Não nos resta escolha?”
“Não,” respondeu o sacerdote, balançando a cabeça. “Vocês estão destinados a essa ligação. Se tentarem se separar, a dor será insuportável, e a própria natureza de vocês os trará de volta para ela. O vínculo entre vocês e Aliya é tão inquebrável quanto a própria essência de quem vocês são. Ou aceitam isso… ou condenam a todos a uma vida de tormento.”
Os irmãos se entreolharam, e, por um breve instante, um entendimento silencioso passou entre eles. Sabiam que estavam diante de uma situação única e trágica. A ligação com Aliya era ao mesmo tempo um dom e uma maldição, algo que os unia e os destruía lentamente.
Finalmente, o sacerdote fez uma última reverência. “Vocês têm um caminho doloroso pela frente. Mas lembrem-se: o destino de vocês não pertence apenas a vocês dois, mas a ela também. A forma como lidarem com isso poderá definir o futuro de todos.”
Kael assentiu, a expressão determinada. “Então, encontraremos uma forma de fazer isso funcionar,” murmurou, embora o conflito interno fosse evidente em cada linha de seu rosto.
Com um aceno final, o sacerdote desapareceu nas sombras, deixando os irmãos sozinhos, imersos em uma decisão que mudaria suas vidas para sempre.
Enquanto caminhavam de volta pela floresta, um silêncio pesado pairava entre eles. Nenhum dos dois queria admitir o que se passava em suas mentes. Afinal, aceitar aquela decisão significava confrontar suas próprias naturezas, os desejos possessivos e o ciúme feroz que sentiam.
“Você acha que ela vai nos aceitar assim?” Kael quebrou o silêncio, a voz carregada de incerteza.
Aiden olhou para ele, os olhos frios, mas sombrios. “Ela não terá escolha. E nem nós.”
Kael suspirou, passando a mão pelos cabelos, os pensamentos em desordem. “Então é isso… Vamos compartilhar Aliya?”
Aiden parou, ainda relutante. “Ainda não me sinto preparado para isso."
"Nem eu", Finalizou Kael.
Os dois continuaram em silêncio, sabendo que a verdadeira provação ainda estava por vir. A batalha mais intensa, afinal, não era contra os deuses, mas dentro de si mesmos.
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Salome Pereira
Fica difícil ,mas já li outros romances que compartilham a mulher até com três
2025-02-24
4
Andressa Silva
tem que aceitar inevitável
2025-02-24
1
Ana Lúcia De Oliveira
excelente capítulo 👏👏👏👏
2025-02-13
1