ATRAÇÃO

No imponente escritório dos Supremos Alfas, Cedrik se sentou para discutir uma proposta de expansão no setor portuário. O ambiente era imponente, com paredes de vidro que revelavam uma vista panorâmica do porto, cujas operações eram controladas pelos gêmeos. A solidez do lugar refletia a influência dos irmãos, que administravam o império com a precisão de guerreiros.

Quando a reunião estava em andamento, a porta do escritório se abriu silenciosamente. Aliya entrou, carregando um envelope grosso com documentos que seu pai havia esquecido em casa. Apesar de hesitante, sabia que precisava cumprir sua palavra em levá-los. Cedrik lançou-lhe um olhar frio, sem esconder o desconforto.

"Aliya," ele disse em tom ríspido. "Eu disse que não era necessário você vir."

Ela manteve-se calma. "São documentos importantes, pai. Imaginei que fosse melhor trazê-los."

Mas antes que pudesse dispensá-la, Aiden interveio, uma ponta de curiosidade em seu tom. “Aliya, você já trabalhou com logística antes?”

Ela olhou para ele e respondeu com firmeza: “Estudei na Alemanha, e lá tive contato com algumas práticas. Aprendi um pouco sobre controle de transporte.”

" Diga-nos, no setor portuário, especificamente, quais técnicas você consideraria para mitigar problemas de armazenamento?” Perguntou o Supremo.

Cedrik se preparava para impedir que ela respondesse, mas a Jovem apenas assentiu e respondeu com uma voz firme, que mal disfarçava a irritação por ser interrompida na própria saída.

"Há várias opções para o porto," começou ela, com um olhar direto para Aiden. "Se a questão é otimizar o armazenamento e evitar perdas durante o transporte, uma integração com sistemas de temperatura controlada, e o uso de sensores de umidade e movimento, é essencial. Em alguns lugares da Europa, isso não só previne danos aos produtos, mas economiza recursos ao monitorar com precisão os pontos de maior movimentação, priorizando a circulação e distribuição.”

Houve um breve silêncio no escritório. Cedrik pigarreou, visivelmente desconfortável com a resposta rápida e direta da filha. “Aliya, isso já não é assunto para você,” disse, lançando-lhe um olhar incisivo.

Aiden manteve a expressão neutra, mas um brilho de aprovação atravessou seus olhos antes de voltar-se ao pai dela. “Interessante,” murmurou ele. “Nem todos compreendem a complexidade do setor.”

Cedrik sorriu, tentando retomar o controle da reunião. “Aliya sempre foi curiosa, mas, como disse, esse não é o lugar dela.”

Kael, que observava a cena em silêncio, apenas deu um leve aceno para que Aliya se retirasse, mantendo o rosto impassível, mas os olhos brilhavam, avaliando-a como se estivesse vendo algo além das aparências.

Depois que ela saiu, os gêmeos trocaram olhares, deixando transparecer um misto de surpresa e reconhecimento. Aquela jovem ômega parecia ser mais do que eles haviam imaginado. Contudo, nenhum dos dois comentou a respeito, e a reunião prosseguiu sem incidentes.

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A lua cheia brilhava sobre o oceano, banhando a mansão e seus arredores em uma luz prateada. Kael estava sozinho na sacada, os olhos perdidos na vastidão do mar, quando ouviu passos lentos se aproximando. Não precisou se virar para saber que era Aiden. O irmão chegava com a expressão fria, os olhos intensos fixos em Kael, um brilho gelado denunciando o desagrado que carregava.

“Eu soube que você encontrou com ela ontem, Kael,” Aiden começou, direto, sem rodeios.

O homem se virou lentamente, franzindo o cenho. “Foi uma coincidência, Aiden. Eu estava na floresta, e ela apareceu. Não houve intenção de quebrar nosso acordo.”

Aiden cruzou os braços, o olhar ainda mais frio. “Coincidência?” Sua voz soou com uma ironia contida. “Engraçado."

Kael manteve o olhar fixo no irmão, uma centelha de irritação acendendo em seu rosto. “Não era para acontecer, Aiden. Você sabe o quanto nosso acordo importa para mim. Eu não planejei nada.”

“Não planejou, mas mesmo assim aconteceu. E agora me diz que foi apenas o acaso? Achei que levasse o acordo a sério.” A voz de Aiden estava baixa, mas afiada, carregada de uma raiva controlada que ele dificilmente deixava transparecer.

Kael franziu o rosto, a mandíbula tensa. “Eu levo, Aiden. Mas ao contrário de você, não fico a observando como se estivesse tentando quebrar a distância que dissemos que manteríamos. Ou você quer me dizer o que foi aquele interrogatório sobre logística hoje?”

Aiden riu secamente, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e ciúme. “Pelo menos eu não precisei sair escondido para falar com ela, Kael. Fiz uma pergunta sobre algo que já estávamos discutindo. Ela entrou, e foi apenas isso.”

“Foi apenas isso?” Kael estreitou os olhos, seu tom endurecendo. “Se quer saber a verdade, você tem dificuldade em manter qualquer promessa quando há algo que lhe interessa mais. Quer um exemplo? Que tal Havenna?”

Aiden congelou, os olhos escurecendo com a menção do nome. Ele manteve a expressão rígida, mas a irritação se intensificou. “Havenna? Isso foi há séculos, Kael. Ainda se apega a isso?”

Kael avançou um passo, a voz mais baixa, mas cheia de rancor. “Não é sobre o que houve com ela, Aiden. É sobre a sua falta de consideração. Você sabia o que ela significava para mim e, mesmo assim, decidiu que poderia fazer o que bem entendesse.”

Aiden cerrou os punhos, o olhar intenso. “Está se apegando a algo que deveria ter deixado para trás. E não estamos falando de Havenna, mas de Aliya. De nós. Esse acordo que fizemos era para preservar a unidade entre nós. E, por mais que queira desviar a questão, não sou o único a quebrar isso.”

Kael respirou fundo, sua expressão endurecendo. “A questão é que, se ela se tornar um ponto de discórdia, pode nos destruir. Nós sempre tivemos a unidade, a confiança. E se Aliya vier a ser motivo de uma disputa… isso pode acabar com o que somos.”

“Não precisamos fugir do que está acontecendo. Se acha que negar isso vai resolver, está enganado,” Aiden respondeu, a voz carregada de uma convicção sombria. Ele se aproximou mais, a tensão entre eles quase palpável. “Fingir que nada está mudando não vai nos proteger.”

Kael desviou o olhar para o mar, os olhos carregados de uma angústia que ele tentava conter. “A questão não é fugir, Aiden. É que, se perdermos o respeito que temos um pelo outro, vamos destruir o que construímos em séculos.”

O silêncio se estendeu entre eles, carregado de um peso que ambos sentiam. Finalmente, Aiden assentiu, o olhar suavizando levemente enquanto reconhecia a verdade nas palavras do irmão. Ele sabia que Aliya representava uma força que poderia afastá-los, ou uni-los mais do que jamais haviam imaginado.

Ambos permaneceram em silêncio, contemplando o horizonte, cientes de que a presença de Aliya mudava tudo.

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