O salão estava adornado com todo o luxo que a aristocracia lupina poderia oferecer, cintilando com a luz de lustres gigantescos que transformavam a noite em um espetáculo dourado. Mas, para Aliya, aquela opulência não passava de uma jaula dourada. Os sussurros e olhares de desdém a seguiam como sombras, lembrando-a de seu lugar. Ômega. Inferior. Marginalizada. Ela estava encostada em uma coluna, sentindo a tensão da noite se condensar no peito.
"Você devia ter ficado no seu quarto," murmurou Lyanna, que fazia questão de exibir sua posição superior. Ela sorria, mas seus olhos eram cruéis. "Está atraindo olhares que não merece."
Aliya fechou os punhos, engolindo a resposta que queimava sua língua. Não daria a Lyanna a satisfação de ver que suas palavras a feriam.
Antes que pudesse replicar, as portas do salão se abriram com um estrondo que silenciou cada murmúrio. Todos os olhos se voltaram para a entrada, onde os gêmeos faziam sua aparição. Os Alfas Supremos. Predadores que emanavam poder absoluto com cada passo, como se a gravidade se dobrasse ao seu redor. Aiden, de cabelos loiros e olhar glacial, parecia moldado de pura disciplina e força. Ao lado dele, Kael era um contraste perigoso, com uma presença sedutora e selvagem, olhos que prometiam tanto prazer quanto destruição.
O salão, antes tão vibrante, agora pulsava com uma tensão quase física.
Aliya respirou fundo, sentindo o impacto dos dois imortais como uma onda esmagadora que a deixou tonta. Ela manteve a cabeça erguida, embora pudesse sentir o julgamento nos olhos de sua família. Desviar o olhar seria um ato de submissão, e isso era algo que ela nunca faria.
"Esses são os Alfas Supremos," Lyanna sussurrou, os lábios torcendo-se em um sorriso cheio de ansiedade e expectativa. "Não pense que você é digna sequer de respirar o mesmo ar que eles."
Aliya não respondeu, mas sentiu o sangue ferver sob a pele. Antes que pudesse pensar em se afastar, os irmãos imortais pararam diante da sua família. Cedrik, pai de Aliya, com um suor que traía seu nervosismo, fez uma reverência exagerada.
"Alfas Supremos, é uma honra incomensurável tê-los aqui," ele anunciou, a voz trêmula. "Por favor, permitam-me apresentar minha... família."
Aiden sequer pareceu notar o homem, os olhos de um cinza frio indo diretamente para Aliya. Por um instante que pareceu uma eternidade, eles se encararam, o ambiente ao redor desvanecendo-se em um vazio opressivo. O coração de Aliya batia como um tambor. A intensidade daquele olhar era demais, como se Aiden pudesse ver todos os segredos que ela guardava.
Kael observou a cena com um sorriso de canto. "Interessante," murmurou, um sussurro que soou mais como um desafio. "Você não se curva, ômega."
Aliya engoliu em seco, mas seu orgulho a fez manter a postura ereta. "Por que eu deveria? Minha posição como ômega não me torna menos digna."
O ar ao redor deles ficou denso, e Aliya podia ouvir o estalo da tensão elétrica, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar. Aiden deu um passo à frente, sua presença avassaladora preenchendo o espaço. Seus olhos, gélidos e intransigentes, eram lâminas que cortavam qualquer resistência.
"Você tem coragem," ele falou, a voz profunda reverberando pela espinha de Aliya. "Mas coragem não é sinônimo de sabedoria. Não sabe o perigo de desafiar quem não deve?"
Aliya sentiu o calor subir até o rosto, mas não demonstrou fraqueza. "Prefiro morrer de pé a viver de joelhos, Alfa Supremo."
Os olhos de Aiden estreitaram-se ligeiramente, como se ele estivesse tentando decifrá-la, ou talvez se segurando para não quebrar algo — ou alguém. O ambiente inteiro pareceu prender a respiração. Cedrik ficou pálido, quase incapaz de reagir, mas Lyanna parecia se deliciar com a possibilidade de vê-la ser punida.
Kael soltou uma risada suave, um som que prometia nada além de caos. Ele inclinou a cabeça, observando-a como se fosse um quebra-cabeça que ele estava ansioso para resolver. "Você gosta de andar na linha da morte, Aliya," ele provocou. "Diz-me, como espera sobreviver quando o destino tem outros planos para você?"
"Se o destino quiser me destruir," Aliya retrucou, a voz firme, "ele terá que lutar por isso."
O sorriso de Kael se alargou, um brilho sombrio nos olhos, enquanto Aiden dava um passo para trás, sua expressão dura como pedra. Mas Aliya podia sentir algo sob aquela máscara de frieza, algo quase... vulnerável.
"A coragem pode ser uma dádiva ou uma maldição," Aiden disse, as palavras soando quase como uma advertência. "E a sua, Aliya, pode atrair coisas que você não consegue controlar."
Kael riu novamente, e o som fez o salão inteiro estremecer. "Parece que finalmente encontramos alguém que não sabe seu lugar," ele comentou, dirigindo-se ao irmão. "Será que vamos ter que ensinar?"
A mão de Aiden apertou o ombro de Kael, como uma corrente de aço. "Chega, Kael," ele advertiu, e a tensão entre os dois irmãos era quase tangível, como um fio prestes a se romper.
Aliya sentiu o peso da guerra silenciosa entre eles, como se estivesse no centro de uma tempestade prestes a desabar. Mas se eles esperavam que ela desmoronasse sob aquela pressão, estariam errados. Estava cansada de ser tratada como se não importasse.
"O que mais querem de mim, Alfas Supremos?" Aliya provocou, o olhar faiscando. "Minha submissão? Não terão."
Kael avançou, os olhos queimando com uma intensidade quase predatória, mas Aiden o segurou firmemente, o rosto endurecido. "Isso não é um jogo, Kael," ele sibilou, o controle firme mas a raiva evidente.
A guerra não era mais silenciosa. Aliya percebeu que, sem querer, havia se tornado o catalisador de algo que os dois irmãos lutavam para esconder. E enquanto o salão se enchia de uma energia esmagadora, ela soube que sua vida nunca mais seria a mesma.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 48
Comments
Nathaly
Me lembrou a música divina comédia do Fábio Brazza.
2025-03-28
0
Julia Santos
aí mulher vc è tão idiota
2025-03-11
0
Mônica Wachholz
companheira dos alfas
2025-03-08
0