PERIGO NAS SOMBRAS

A noite estava sombria e silenciosa, mas a luz prateada da lua iluminava a floresta como um farol distante. Aliya corria, consumida pela raiva e por sentimentos que a sufocavam. Sentia-se tomada por um impulso primal, tão intenso que mal conseguia se conter em sua forma humana. Então, ela cedeu. Em um instante, transformou-se, sua loba tomando o controle.

Era uma criatura magnífica, de pelagem espessa e escura como a noite, cintilando em reflexos prateados sob o luar. Seus olhos, de um azul profundo e selvagem, brilhavam contra a escuridão, refletindo a tempestade de emoções dentro dela. Cada salto era uma tentativa desesperada de deixar para trás a dor e o tormento. Quando finalmente soltou um uivo, o som ecoou pela floresta, carregado de desafio e um grito mudo de liberdade. Mas ela não estava sozinha.

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Na mansão, os Supremos ouviram o uivo dela, mesmo a quilometros de distância, como uma faca cravada em suas almas. Imediatamente, os corpos dos dois reagiram, os olhos ficando vermelhos e as presas surgindo, afiadas e letais. Uma tensão insuportável crescia, cada um sentindo o chamado desesperado de Aliya. Os alfas começaram a andar pelo salão como feras enjauladas, lutando contra o impulso de partir em seu resgate.

"Isso não pode continuar," Kael rosnou, os músculos tensos, a frustração marcada em cada linha de seu rosto. "Ela não faz ideia do que está se metendo."

Aiden cerrou os punhos, a fúria queimando em seu olhar. “Essa ligação… é um tormento, mas ela precisa aprender a obedecer. E eu vou garantir que aprenda.”

Eles não resistiram mais. Em um instante, ambos deixaram a mansão, os corpos transformando-se em lobos no caminho. Os dois alfas corriam pela floresta com uma fúria primitiva, cada passo os levando mais perto de Aliya e dos sons de batalha que ecoavam à distância.

Aliya, enquanto isso, continuava a correr até sentir um cheiro estranho. Seus instintos a alertaram, e ela parou, os pelos da nuca se arrepiando. Três lobos emergiram das sombras, seus corpos musculosos e os olhos brilhando com uma frieza assassina. Betas. Ela sabia que estava em desvantagem, mas não recuou.

Os betas avançaram, dentes à mostra, o rosnado baixo e ameaçador. Um deles saltou, e Aliya desviou, sentindo o golpe passar raspando pelo flanco. Outro beta tentou agarrá-la, mas ela conseguiu se esquivar, embora a diferença de força fosse evidente. Aliya já estava começando a perder o fôlego, cada movimento mais pesado, e os betas percebiam isso, rondando-a como predadores.

De repente, a floresta ficou mais fria, uma presença intensa invadiu o ambiente, e os betas pararam. Os olhos deles se desviaram, os corpos tremendo ao perceberem o que estava por vir. Aiden e Kael emergiram das sombras, os olhos vermelhos como brasas, presas reluzindo em fúria mortal.

Sem hesitar, os irmãos atacaram. Os corpos dos betas eram rasgados com uma brutalidade implacável, os alfas movendo-se como predadores imbatíveis, suas garras cortando com precisão letal. O primeiro beta mal teve tempo de reagir antes que Kael o atingisse, suas garras atravessando a carne com uma força que arrancou um grito desesperado da criatura.

Aiden, por sua vez, atacou o segundo beta, cravando as presas no pescoço do oponente e quebrando seus ossos em um movimento rápido e brutal. O terceiro beta tentou fugir, mas Kael foi mais rápido, derrubando-o no chão e dilacerando-o sem piedade. Em poucos minutos, os corpos dos betas estavam caídos e inertes, o cheiro de sangue impregnando o ar.

Aliya, ainda respirando com dificuldade, voltou à forma humana, o corpo machucado, mas o olhar cheio de raiva e desafio. Os irmãos também retomaram suas formas humanas, e o olhar que lançaram a ela era de pura frustração e uma fúria que eles não faziam questão de esconder.

Aiden foi o primeiro a falar, a voz baixa e cortante como uma lâmina. “O que diabos você acha que estava fazendo aqui sozinha, Aliya? Tem ideia da estupidez do que fez?”

Ela o encarou com firmeza, cruzando os braços mesmo com o corpo dolorido. “Eu não preciso que vocês fiquem no meu encalço. Posso cuidar de mim mesma.”

Kael soltou uma risada fria, sem um traço de humor. “Cuidar de si mesma? Sério? Quase foi morta. Quase virou carne para esses vermes, e quer nos convencer de que sabe o que está fazendo?”

“Eu sei me virar! Vocês acham que podem me controlar, mas não têm direito algum de decidir onde eu devo ou não estar!” Ela ergueu a voz, mas sua respiração ainda era pesada, os machucados a incomodando.

Aiden se aproximou, o olhar gelado e carregado de ameaça. “Você não entendeu nada. Isso não é sobre controle, é sobre o fato de que você está aqui, sozinha, no meio de uma floresta infestada de inimigos que matariam você sem hesitar. Tivemos que salvar sua vida por causa da sua teimosia infantil.”

Aliya estreitou os olhos, cada palavra dele incendiando ainda mais sua raiva. “Eu nunca pedi para serem meus salvadores! Não quero que se sacrifiquem por mim, muito menos que me façam de prisioneira.”

Kael avançou até ela, os olhos fixos nela com uma intensidade assustadora. “Isso não é uma questão de pedir ou querer. Enquanto estiver sob nossa proteção, vai obedecer. E vai nos ouvir quando dizemos que uma atitude sua é idiota.”

Ela apertou os punhos, respirando fundo para controlar a raiva, mas não desviou o olhar. “Vocês não me mandam, e eu não sou uma de suas coisas para dar ordens.”

Aiden deu um passo à frente, a presença dele avassaladora, a voz carregada de raiva. “Continuar se comportando como uma idiota impulsiva vai acabar com você, Aliya. E quando isso acontecer, ninguém vai conseguir salvar sua pele. Está claro?”

Ela queria discutir mais, retrucar, mas sabia que naquele momento, cada palavra apenas aprofundaria a tensão. No fundo, ela sabia que eles estavam certos sobre o perigo. Mas isso não a fazia aceitar a maneira como falavam com ela.

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