FOGO E DESEJO

Naquela noite, Aliya decidiu que não suportaria mais um dia sob o controle deles. A sensação de sufocamento, o problema com sua família, as ordens, as ameaças, nada mais a mantinha ali. Com o coração acelerado e a determinação que só cresce naqueles à beira da ruptura, ela arrumou suas malas em silêncio e, ao raiar do dia, esgueirou-se pela mansão até o carro. Entrou, inspirou fundo e acelerou, vendo a propriedade desaparecer pelo retrovisor, sentindo como se, enfim, estivesse retomando o controle da própria vida.

Mas ela não sabia que estava sendo vigiada. Próximo da mansão, um beta em posição estratégica viu a cena e, com uma expressão séria, digitou rapidamente uma mensagem para os Alfas: ''Ela está saindo, levando malas. Quer que eu a traga de volta?

A resposta chegou quase instantaneamente. "Não deixe que vá. Traga-a aqui. Sem desculpas."

Aliya, alheia ao que acontecia, seguiu direto para o aeroporto, onde já imaginava poder respirar fundo ao deixar tudo para trás. Assim que estacionou e abriu a porta do carro, o silêncio foi interrompido. Um braço a segurou com firmeza, e ela girou bruscamente, encarando o beta.

“Saia do meu caminho,” ela ordenou, tentando manter a voz firme, embora pudesse sentir o medo se infiltrando em cada palavra.

Ele a observou com uma expressão indecifrável. “Sinto muito, senhorita. Não tenho escolha. Você precisa voltar comigo.”

Ela recuou um passo, segurando sua mala com força, como se isso pudesse lhe dar algum tipo de poder. “Eu não vou voltar."

O beta suspirou, claramente desconfortável, mas firme. “Os Supremos deram uma ordem. A levarei de volta.”

Ela tentou desviar, mas ele foi mais rápido. Em um movimento hábil, ele segurou seu braço, o aperto firme e intransigente. Ela lutou, tentando se soltar, mas a força de um ômega pouco fazia contra um beta.

“Solte-me!” Aliya gritou, seus olhos faiscando. “Você não pode me obrigar a fazer nada!”

Ele a olhou com um misto de pena e determinação. “Lamento, senhorita. Mas a ordem é clara.”

Desesperada, ela continuou a lutar, mas ele a manteve firmemente presa, ignorando os olhares curiosos ao redor. E, enquanto ele a arrastava de volta ao carro, Aliya sentia-se impotente e furiosa, sabendo que sua liberdade estava sendo arrancada dela.

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Quase uma hora depois, a porta da residência dos Gêmeos se abriu, e o beta empurrou Aliya com cuidado, mas sem suavidade, para dentro. Ela estava exausta, as roupas desalinhadas e os olhos brilhando com uma raiva intensa. No fundo do corredor, esperavam Aiden e Kael, seus olhares predatórios e impassíveis, enquanto observavam cada passo da aproximação dela.

Aliya se soltou do beta, aproximando-se dos Alfas, o peito arfando de raiva e decepção. “Vocês acham que podem controlar a minha vida até o fim?” ela disparou, a voz cheia de veneno. “Acharam mesmo que eu ficaria eternamente sob a sombra de vocês?”

Kael deu um passo à frente, o olhar severo, os olhos vermelhos faiscando de frustração. “A questão, Aliya, é que você fez uma escolha estúpida,” ele murmurou, e a voz era como um trovão abafado. “E eu não tolero estupidez.”

“Estupidez?” Ela riu amargamente, desafiando o olhar dele. “Estupidez é me manter aqui contra minha vontade! Eu não sou uma prisioneira de vocês!”

Aiden, que a observava atentamente, deu um passo à frente, e o brilho gelado em seus olhos fez com que ela se calasse por um instante. “Prisioneira?” ele repetiu, o tom calmo, mas repleto de uma ameaça velada. “Não tente inverter as coisas, Aliya. Você está aqui porque é o seu lugar.”

Ela o encarou, a frustração transbordando. “Meu lugar? Ao lado de pessoas que acham que podem ditar minhas escolhas? Não, Aiden. Meu lugar não é aqui.”

Kael, impaciente, aproximou-se e segurou-a pelo braço, puxando-a com força para mais perto. Ela sentiu o coração disparar, mas manteve o olhar firme. “Você acha que pode desobedecer nossas ordens, sair sem permissão e ainda questionar nossa autoridade?” Ele baixou a voz, o tom ameaçador. “Quer arriscar descobrir o que acontece com quem ousa nos desafiar?”

Aliya tentou puxar o braço, mas o aperto dele era inquebrável. “Eu não tenho medo de vocês.”

Kael apertou o maxilar, o rosto a poucos centímetros do dela, e ela sentiu a respiração pesada dele contra seu rosto. “Deveria ter.”

Ela continuou olhando para ele, com os olhos azuis brilhando em desafio, mesmo quando o aperto de Kael parecia dizer a ela que ele estava no limite da paciência. Por um instante, ele quase perdeu o controle. A ideia de ela fugir o irritava a um ponto que ele próprio não entendia. Não suportava a ideia de Aliya longe dele.

Aiden, que observava o irmão com olhos semicerrados, deu um passo adiante, a voz baixa e controlada. “Kael, já basta.”

Ele soltou o braço de Aliya, mas o olhar ainda transmitia uma advertência silenciosa. Aiden se aproximou mais dela, a intensidade nos olhos crescendo a cada segundo. “Entenda uma coisa, Aliya,” ele disse, a voz um sussurro gélido. “Você pode não querer, mas está ligada a nós. Quanto mais lutar, mais difícil será para todos. Aceite seu lugar... ou nós faremos você aceitar.”

Aliya respirou fundo, o peito subindo e descendo rapidamente, e percebeu que nenhum deles estava disposto a deixá-la partir. Naquele momento, sentiu-se verdadeiramente presa, e o olhar fixo e inabalável dos Alfas a fez perceber que, talvez, sair de suas garras fosse muito mais impossível do que ela poderia imaginar.

“Se você acha que pode apenas nos ignorar e sair impunemente, está muito enganada,” Aiden continuou, sua voz baixa e controlada, mas carregada de um tom ameaçador. “Há consequências, Aliya. Você pode não se importar com a sua segurança, mas saiba que suas ações não afetam apenas você. Se você decidir ir embora novamente, nós não apenas iremos atrás de você. Vamos desmantelar tudo que sua família construiu. As terras, os carros, a casa… tudo será nosso. E o que sobrar deles? Exílio. Sua família será banida, e você irá se divertir na Alemanha enquanto eles são jogados na rua.”

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