O Encontro Inesperado

O vento frio da manhã atravessava a cidade, trazendo consigo uma sensação de renovação. Enquanto caminhávamos pelas ruas movimentadas, Clara estava mais pensativa do que nunca, seu olhar perdido nas multidões apressadas. Eu a observava de relance, admirando sua determinação, mas também me preocupando com o peso que ela carregava. A verdade que estávamos prestes a desvendar poderia mudar tudo.

Fomos até um café que costumávamos frequentar. A atmosfera era calorosa, com o aroma do café fresco permeando o ar e o som de conversas animadas ao nosso redor. Era um lugar familiar, mas hoje parecia um campo de batalha. Clara precisava de um momento de paz antes de mergulharmos ainda mais na pesquisa que a levaria até seu passado obscuro.

Assim que nos acomodamos em uma mesa ao fundo, Isabel pediu um cappuccino, e eu uma xícara de chá. Clara, no entanto, apenas olhou para o menu, seu semblante distante.

— Você não vai pedir nada? — perguntei, tentando quebrar o silêncio que se instalara.

Ela finalmente ergueu os olhos, um sorriso triste brotando em seus lábios. — Não, estou bem. Só… pensando no que vem a seguir.

O garçom se aproximou, e Clara fez um gesto vago, indicando que não desejava nada. Assim que ele se afastou, voltei minha atenção para ela.

— Clara, você sabe que não precisamos fazer isso agora, certo? Podemos dar um tempo, conversar sobre outra coisa…

— Não. Eu não posso. — Sua resposta era firme, como uma rocha em um mar tempestuoso. — Preciso entender por que ele me escolheu, por que ele estava obcecado por mim. É como se minha vida tivesse sido manipulada e eu não soubesse.

A determinação nos olhos de Clara era inegável, mas eu sabia que o que estávamos prestes a descobrir poderia abrir feridas que ainda não cicatrizaram.

— Então, vamos à biblioteca? Acredito que lá poderemos encontrar mais informações sobre o homem que nos envolveu nisso tudo. — Isabel sugeriu, e Clara acenou, parecendo mais confiante.

Saímos do café e seguimos em direção à biblioteca da cidade, um edifício imponente de tijolos vermelhos que parecia ter visto melhor época. Ao entrarmos, o cheiro de livros antigos e papel amarelado envolveu-nos como um abraço. Era um lugar propício para a pesquisa que precisávamos fazer.

Enquanto caminhávamos entre as prateleiras, Clara começava a se sentir mais em casa. Ela se movia com facilidade, explorando os títulos e a organização metódica dos livros, como se cada um deles contasse uma parte da história que estávamos tentando montar.

— Vamos procurar por jornais antigos, — sugeri. — Qualquer menção ao nosso “amigo” pode nos dar uma pista.

Passamos algum tempo pesquisando e, conforme o sol se movia, a biblioteca se tornava mais tranquila. Clara encontrou alguns recortes de jornais que falavam sobre eventos estranhos na cidade, mas nada que conectasse diretamente ao homem que estava em sua vida.

Foi quando, em uma prateleira no fundo da sala, avistei uma figura conhecida. Era Leonardo, um antigo colega de Clara do colégio. Ele sempre teve um jeito peculiar, os olhos perspicazes, mas um sorriso encantador. No entanto, a expressão em seu rosto enquanto se aproximava de nós não era nada alegre.

— Clara? — ele perguntou, com a voz baixa e hesitante. — O que você está fazendo aqui?

Clara parou, o rosto pálido. — Leo? O que você está fazendo aqui?

— Eu… estava procurando por algumas referências para um trabalho. — Ele olhou para mim e Isabel, e a tensão na sala parecia palpável. — O que aconteceu com você? Ouvi algumas coisas…

A defensiva de Clara era palpável. — Estou lidando com algumas questões pessoais. E você?

Leonardo hesitou, como se lutasse contra uma onda de emoções. — Eu ouvi sobre aquele homem, o que estava atrás de você. Alguns amigos comentaram. É melhor ter cuidado, Clara. Ele não é o que parece.

— Você sabe dele? — Perguntei, tentando entender a conexão.

Leonardo olhou ao redor, sua voz agora era um sussurro. — Tem muita gente que fala sobre ele. Ele é mais perigoso do que você imagina. Você precisa parar de procurar.

Mas Clara não se deixaria abalar. — Eu preciso descobrir a verdade, Leo. Não posso ficar no escuro para sempre.

O olhar de Leonardo se tornou triste, quase como se ele estivesse prestes a compartilhar um segredo que o consumia. — Clara, você não entende. Há coisas que estão além do seu controle. Você não deve se envolver mais.

Um silêncio carregado se estabeleceu entre nós, e Clara estava prestes a protestar, mas Leo rapidamente se virou, pegando um livro da prateleira. — Pense com carinho, Clara. Algumas verdades podem machucar mais do que você imagina.

E assim, ele se afastou, deixando uma atmosfera pesada atrás dele. Clara estava pálida, seus olhos refletindo a incerteza.

— O que ele quer dizer com isso? — perguntei, tentando decifrar a mudança súbita na expressão dela.

— Não sei… — Clara murmurou, como se estivesse em um transe. — Mas eu não posso desistir agora.

Enquanto nos afastávamos das prateleiras, a sensação de que estávamos no centro de algo maior aumentava. O que mais saberíamos sobre o homem que tinha manipulado suas vidas? Estaríamos prontos para as verdades que surgiriam?

No fundo, uma chama de determinação acendeu-se em meu coração. Clara tinha que saber a verdade, não importava o custo. Nós estávamos juntos nessa, e qualquer obstáculo que surgisse, nós enfrentaríamos como uma equipe.

Com essa resolução, deixamos a biblioteca, prontos para investigar ainda mais a fundo, determinados a descobrir o que estava realmente acontecendo e qual era a conexão entre Clara e aquele homem obscuro. O jogo estava apenas começando, e nós não iríamos parar até a verdade ser revelada.

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