A Teia do Destino

A luz tênue da capela projetava sombras longas e distorcidas nas paredes, criando um cenário onde a realidade se misturava com o medo. O homem diante de mim, que parecia conhecer segredos que podiam desestabilizar todo o meu mundo, tinha um ar de superioridade que me deixava inquieta. Isabel estava ao meu lado, a tensão em seu corpo quase palpável. O silêncio que se seguiu à sua última provocação pairava no ar, como uma tempestade prestes a eclodir.

— Vamos ser diretos, — comecei, tentando manter a firmeza na minha voz. — O que você sabe sobre Clara? Por que você está envolvido nisso?

Ele cruzou os braços, seu olhar se tornando penetrante.

— Clara é uma peça no tabuleiro, mas não a única. Você está apenas começando a perceber a extensão do jogo em que se meteu.

Senti meu coração acelerar. Sua resposta não era apenas evasiva; era uma ameaça velada.

— E quem mais está envolvido? — perguntei, desafiando-o a revelar mais.

— Ah, isso depende de quantos passos você está disposta a dar. — Ele se inclinou para frente, seu tom agora mais baixo, quase conspiratório. — O que você realmente quer saber? O que aconteceu com Clara, ou o que eu estou disposto a lhe dizer?

Uma parte de mim queria gritar, implorar para que ele falasse tudo de uma vez. Mas eu sabia que, se quisesse alguma informação útil, precisaria manter a calma e jogar seu jogo.

— Eu quero saber o que você sabe sobre o homem que está sendo procurado. O que ele tem a ver com Clara?

Ele sorriu, um sorriso que não alcançava seus olhos.

— O assassino é apenas uma peça no quebra-cabeça. Há forças em movimento que você não consegue ver. Clara, inocente como é, se enredou em algo que vai além de sua compreensão.

A frustração começou a se acumular em meu peito. Eu não estava lá para ouvir enigmáticas, queria respostas concretas.

— Então, diga-me. O que está acontecendo? Por que você não me conta tudo de uma vez?

Ele deu um passo atrás, avaliando-me com uma expressão que misturava curiosidade e divertimento.

— Porque você não está pronta para ouvir a verdade. A verdade pode destruir tudo o que você pensa que sabe sobre si mesma e sobre Clara.

Isabel finalmente quebrou o silêncio.

— Não podemos ter medo da verdade. Se Clara está em perigo, precisamos agir agora.

O homem olhou para Isabel, e por um breve momento, uma sombra de respeito passou por seu rosto.

— Você realmente acredita que pode enfrentar a verdade? Que está preparada para lidar com as consequências de suas ações?

A tensão na sala era quase insuportável, e eu podia sentir a pressão crescendo. Estávamos em uma encruzilhada, e a direção que escolheríamos poderia determinar o destino de Clara.

— Estamos aqui para lutar por ela. Se você sabe algo, não fique nos fazendo perder tempo com charadas! — gritei, a raiva crescendo dentro de mim.

Ele riu, mas não era uma risada de escárnio. Era como se ele estivesse se divertindo com o nosso desespero.

— Muito bem, então. Vou lhe dar uma pista. Mas lembrem-se: a verdade tem um preço.

Ele se aproximou, e o ar ao nosso redor parecia mudar.

— O homem que vocês procuram não é quem vocês pensam que é. Clara não é a única que pode se perder nesse jogo. E a próxima jogada será decisiva.

As palavras dele ecoaram na minha mente como um sino, cada sílaba batendo em meu cérebro enquanto tentava processar o que ele havia dito. Ele estava insinuando que o verdadeiro culpado estava mais próximo do que imaginávamos. Mas quem poderia ser?

— O que você quer dizer com isso? — perguntei, lutando para manter a calma.

— A resposta está mais próxima do que você imagina. Às vezes, as respostas estão dentro de casa. — Ele olhou para mim, e havia um brilho intenso em seus olhos. — A única pergunta que resta é: você está disposta a descobrir?

O clima ficou tenso e pesado, e um arrepio percorreu minha espinha. Havia algo nele, uma verdade inegável, que me fazia questionar tudo o que eu acreditava saber. Ele se afastou um pouco, o sorriso se alargando.

— Agora, vocês devem decidir: continuar nessa busca pode custar muito mais do que apenas a vida de Clara. Às vezes, é necessário sacrificar mais do que se está disposto a perder.

Eu e Isabel trocamos um olhar, a preocupação evidente em seus olhos. O que ele estava sugerindo? O que ele sabia que nós não sabíamos? Uma sensação de urgência se apoderou de mim, e eu percebi que não podíamos perder tempo.

— Vamos encontrar Clara. E se você tiver mais pistas, deve compartilhar. — Declarei com firmeza, mas as palavras pareciam ecoar na vastidão da capela.

Ele ergueu uma sobrancelha, claramente divertido com nossa determinação.

— Muito bem. Mas lembrem-se: a verdade pode ser uma faca de dois gumes. E se você não estiver disposta a lidar com as consequências, é melhor não mexer no que não pode controlar.

Com isso, ele se virou e começou a se afastar, mas não antes de deixar uma última frase no ar.

— O tempo está correndo, garotas. E vocês têm muito mais a perder do que apenas Clara.

Enquanto ele desaparecia na escuridão, eu me voltei para Isabel, minha mente fervilhando de perguntas e possibilidades. A sensação de que estávamos apenas começando a arranhar a superfície do que estava realmente acontecendo era aterrorizante.

— Precisamos nos apressar, — disse Isabel, seu olhar determinado. — O que quer que ele tenha dito, não pode ser apenas uma coincidência. Precisamos investigar.

Concordei, mas dentro de mim, uma voz sussurrava que estávamos prestes a entrar em um caminho perigoso. O jogo estava mudando, e as peças estavam se movendo de maneiras que eu não conseguia prever. Sabia que cada passo que dávamos poderia nos levar mais perto da verdade ou mais fundo em um abismo do qual talvez nunca pudéssemos escapar.

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