A manhã seguinte me encontrou em um estado de inquietude. As revelações da noite anterior ainda ecoavam em minha mente, como um tambor distante que não parava de tocar. A imagem de Clara confrontando aquele homem, a sensação de que tudo estava interligado, ainda me deixava atordoada. O que ela havia descoberto? O que eu tinha que entender para desvendar essa teia de segredos?
A cidade despertava lentamente, e o som dos carros passando pela rua se misturava ao canto dos pássaros. Era uma manhã aparentemente comum, mas para mim, o normal havia se dissipado. Cada esquina que eu virava parecia esconder uma nova pista, e cada rosto que passava parecia carregar o peso de um segredo.
Decidi que precisava de respostas, então peguei meu celular e liguei para Isabel. Ela era a única amiga que conhecia toda a história de Clara e a minha busca por respostas. O telefone tocou várias vezes até que finalmente ouvi sua voz:
— Oi! Como você está?
— Estou... bem, não exatamente. Eu preciso de sua ajuda, Isabel.
— O que aconteceu?
Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas.
— Eu estive em uma capela, e algo incrível aconteceu. Eu vi Clara. Ela estava em perigo, e havia um homem... ele estava envolvido.
Isabel silenciou, e eu sabia que estava segurando a respiração, esperando.
— Um homem? Você tem certeza?
— Sim. Ele estava assistindo a tudo, e agora estou começando a achar que ele é o responsável pelo que aconteceu.
— Meu Deus, — Isabel exclamou, a preocupação em sua voz era palpável. — O que você pretende fazer?
— Preciso encontrá-lo. Precisamos confrontá-lo. Ele pode saber mais do que está deixando transparecer.
Isabel hesitou antes de responder.
— E se ele for perigoso? Você não pode se colocar em risco.
— Eu não tenho escolha. Clara é minha amiga, e não posso deixá-la assim.
A conversa continuou, e finalmente chegamos a um plano. Iríamos nos encontrar em um café que ficava perto da universidade. O lugar era familiar e repleto de estudantes, uma espécie de refúgio que sempre nos trouxe boas lembranças.
O cheiro de café fresco e bolos recém-assados nos envolveu assim que entrei. Os aromas dançavam no ar, mas meu estômago estava apertado, e a ansiedade me consumia. Eu precisava de clareza, e Isabel sempre tinha a habilidade de me trazer de volta à realidade.
Encontrei-a sentada em uma mesa no canto, com a cabeça baixa, escrevendo algo em seu caderno. Quando ela levantou os olhos e me viu, uma expressão de alívio cruzou seu rosto.
— Você veio, — disse ela, fechando o caderno e colocando a caneta de lado.
— Eu não poderia deixar de vir. Precisamos conversar sobre Clara e aquele homem.
Assim que me sentei, o garçom veio nos atender, e pedi um cappuccino e um croissant. A conversa começou com pequenas banalidades, mas logo estávamos mergulhando nas questões mais profundas.
— O que você viu na capela? — Isabel perguntou, inclinando-se para frente, a curiosidade iluminando seu olhar.
— Eu não sei exatamente como explicar, mas tudo parecia tão real. Era como se eu estivesse lá, sentindo o que Clara sentia. O medo dela, a determinação... tudo isso.
Isabel franziu a testa, pensativa.
— Você acha que essa conexão é o que a torna vulnerável?
— Sim, — respondi, pensando nas palavras. — A verdade pode ser um fardo, e eu sinto que ela está prestes a descobrir algo que não deveria.
— E se esse homem estiver manipulando a situação? O que ele quer de Clara?
Essa era a pergunta que me atormentava. A ideia de que Clara poderia estar em perigo e que alguém a manipulava em suas sombras era insuportável.
— Precisamos descobrir quem ele é. — Respondi, a determinação se firmando em minha voz. — E precisamos fazer isso antes que seja tarde demais.
Isabel assentiu, e nesse momento, algo dentro de mim se solidificou. A sensação de que estávamos em uma missão, que essa era a nossa responsabilidade, trouxe uma nova chama à minha determinação. Não éramos apenas duas amigas tentando ajudar outra amiga; éramos caçadoras de verdades.
Depois de discutirmos várias possibilidades, decidimos que era hora de voltar à capela. Eu tinha que enfrentar aquele homem, mas agora, não iria sozinha. Isabel era uma presença firme e confiável, e sua companhia me trazia uma sensação de segurança que eu precisava.
— Vamos, — disse ela, já se levantando e colocando a mochila no ombro. — Juntas, somos mais fortes.
Aquela frase ressoou em meu coração. Juntas, poderíamos enfrentar qualquer desafio, qualquer segredo que a Espiral nos reservasse. Ao sairmos do café, o céu se encheu de nuvens escuras, e eu sabia que a tempestade se aproximava.
Mas eu estava pronta. Não apenas para enfrentar o homem que parecia familiar, mas também para encarar os segredos que haviam moldado minha vida e o destino de Clara. Com a determinação pulsando nas veias e Isabel ao meu lado, estava preparada para desbravar as sombras e buscar a verdade que poderia mudar tudo.
Quando chegamos à capela, o ar estava tenso, e um frio incomum percorria minha espinha. O que quer que acontecesse ali, eu sabia que não haveria retorno. Era a hora da verdade, e eu estava pronta para descobrir o que o futuro guardava para mim e para Clara.
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Atualizado até capítulo 47
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