O calor das velas iluminava o espaço ao nosso redor, mas a atmosfera se tornava cada vez mais pesada, como se uma tempestade estivesse prestes a se formar. As imagens em minha mente continuavam a dançar, uma sequência de flashes que parecia não ter fim. O sussurro de vozes se tornava mais forte, e eu lutava para distinguir o que era real do que era apenas uma criação da minha imaginação.
— Lembre-se, — a voz do homem que estava ao meu lado soou, firme e direta. — A Espiral não revela suas verdades facilmente. Você precisa estar preparada para enfrentar o que vem a seguir.
Senti um nó se formar no meu estômago. A ideia de que algo poderia ser desenterrado, algo que eu não estava pronta para enfrentar, me deixava inquieta. Porém, a determinação se apoderou de mim. Eu havia vindo até aqui em busca de respostas, e não iria recuar agora.
— O que você quer que eu veja? — perguntei, tentando trazer alguma clareza à confusão em minha mente.
O homem respirou fundo, como se ponderasse suas palavras.
— Às vezes, a verdade pode ser dolorosa, mas também libertadora. Se você realmente deseja entender, terá que se abrir para o que está escondido.
Senti as paredes da capela começarem a vibrar com a intensidade do momento, e uma onda de energia percorreu meu corpo. Eu estava prestes a confrontar não apenas os mistérios que cercavam o assassinato, mas também as sombras que habitavam minha própria história.
Fechei os olhos novamente e mergulhei mais fundo, permitindo que as imagens fluissem livremente. Uma cena se destacou, clara e inconfundível. Eu via Clara, em uma sala escura, rodeada por pessoas que não conhecia. Seus olhos estavam arregalados, um misto de medo e desespero. Havia uma tensão no ar, uma sensação de que algo terrível estava prestes a acontecer.
— Clara! — gritei, mas a imagem se desfez tão rapidamente quanto surgiu, deixando apenas um vazio em meu peito. A angústia me consumia, e a pergunta “o que aconteceu?” ecoava em minha mente.
— Você precisa se concentrar, — a voz do homem interrompeu meus pensamentos. — Lembre-se do que viu. Cada detalhe importa.
Com um esforço, recuperei o controle e tentei puxar os fragmentos da visão para mais perto. Eu via Clara, mas havia mais. O homem que havia se tornado uma presença familiar nos últimos dias surgia, uma sombra ao fundo, observando, aguardando. Seu rosto estava obscuro, mas havia algo em sua postura que despertava uma familiaridade inquietante.
— O que você está vendo? — o homem ao meu lado perguntou, sua voz agora era suave, quase um sussurro.
— Há alguém com ela... um homem. Ele está apenas observando. Não posso ver seu rosto, mas sinto que... que ele está ligado a tudo isso.
— Continue, — ele insistiu.
O cenário mudou novamente. Agora, eu estava em uma rua estreita, com as luzes da cidade piscando ao longe. A sensação de estar sendo seguida tomou conta de mim. O homem, com o qual havia compartilhado tantas conversas, parecia se aproximar. O medo crescia em meu interior, e eu percebia que ele não era apenas um espectador, mas parte de algo muito maior e mais obscuro.
— O que você está sentindo? — ele me questionou, tentando trazer à tona o que eu não queria encarar.
— Medo... desconfiança. Eu sinto que não posso confiar nele.
O homem ao meu lado soltou um suspiro, e uma sombra de compreensão cruzou seu rosto.
— Você está começando a perceber. Essa é a primeira etapa da revelação. A confiança é uma arma de dois gumes, e você deve aprender a usá-la.
Com essas palavras, uma nova onda de imagens se formou. Eu via Clara novamente, mas agora em um confronto direto. Havia gritos, e o homem obscuro estava presente, mas não era apenas um espectador. Ele estava confrontando Clara, e a tensão entre eles era palpável.
— Diga a verdade! — Clara exigiu, sua voz era de uma determinação feroz que eu não conhecia.
— Você não está pronta para ouvir, — o homem respondeu, suas palavras soando frias e calculadas. — Algumas verdades são mais dolorosas do que você imagina.
O medo tomou conta de mim. O que Clara tinha descoberto? Que verdades ele estava escondendo?
— O que ele quer dizer com isso? — eu murmurei, e o homem ao meu lado hesitou, como se estivesse pesando suas palavras.
— O que você viu não é apenas sobre Clara. É sobre você também. Você está entrelaçada nesta história, e a verdade pode mudar tudo o que você acredita.
As chamas das velas começaram a balançar de forma frenética, e a capela parecia ganhar vida ao nosso redor. O ar estava denso, carregado de uma energia pulsante que me fazia sentir como se eu estivesse em um limiar entre dois mundos.
— Agora é sua chance. Você deve buscar a verdade com todas as suas forças. A Espiral não tem compaixão, e o que você descobrir pode ser mais do que você está pronta para aceitar.
Respirei fundo, sentindo a pressão do momento. A raiva e a dor estavam crescendo dentro de mim, misturadas a uma determinação feroz. Eu não iria permitir que o passado me definisse. Era hora de confrontar as verdades, não apenas sobre Clara, mas sobre mim mesma e o homem que havia se tornado uma parte tão intrigante de minha vida.
— Estou pronta, — declarei, e com isso, me deixei levar pelas visões, disposta a enfrentar o que quer que estivesse por vir. As verdades estavam esperando por mim, e eu estava finalmente pronta para descobri-las.
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Atualizado até capítulo 47
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