Alice acorda antes de Vinícius, se levanta e vai até a janela, a vista é maravilha, um imenso pomar, com frutas de todos os tipos de um lado, do outro se avista ao longe um lago, ouve os cavalos bem próximos, cavalos, a sua paixão, respira fundo, o ar do campo entra nos seus pulmões, um cheiro doce de flor de laranjeira no ar.
"Acreditam que me casei com ele por interesse, que eu o enganei de alguma maneira. Podem pensar o que quiserem! Não vou importar-me, sou muito grata a ele, mudou o meu destino, me tirou de uma enrascada, e prometeu-me minha liberdade, vou fazer o possível e impossível para ele ter uma vida confortável e que não faça diferença para ele ser cego, vou proporcionar-lhe condições para que possa ser independente, não precisar de mim e de ninguém mais para resolver suas coisas. Ele não quer mais uma mulher se preocupando com cada passo que ele der, quer apoio e independência." — pensa.
Alice se lembra do presente que Sofia e Joana deram-lhe, papéis e vários lápis de desenho, abre a sua mala a procura deles, desde que conheceu Vinícius não desenhou mais e agora sentiu uma vontade de passar para o papel tudo que sentiu e por tudo que passou na última semana. Recorda tudo desde o dia em que viu Vinícius chegar a cidade, passa tudo para o papel, com o material que ganhou, bem diferente dos papéis, as vezes usados, e pedaços de lápis que economizava o máximo para durar até que pudesse arrumar outro, os desenhos criam vida e parecem bem melhores do que antes.
Vinícius acorda a procurando e chama por ela.
Alice: — Estou aqui do lado da janela, resolvi desenhar…
Vinícius: — E o que está a desenhando, posso saber?
Alice: — No momento estou representando a igreja que vimos indo para capital, o nosso herói é heroína na torre da igreja.
Vinícius: — Porquê não escreve a história, não produz um livro?
Alice: — Se me ajudar... Criou parte da história.
Vinícius: — Podemos testar a história com os meus sobrinhos, deve os conhecer mais tarde.
Estão conversando quando batem a porta.
Vanessa: — Vini?! O almoço está na mesa. Estamos esperando vocês.
Alice respira fundo, se levanta e guarda o seu material, segura no braço que Vinícius lhe oferece e vão para sala.
Chegam na sala e os olhares se voltam para eles. A Avó, única simpática, aponta a cadeira para Alice se acomodar. A mãe de Vinícius se levanta e coloca um guardanapo no colo dele, uma colher na sua mão, ajeita tudo na sua frente, não pergunta se ele quer ou o que quer enche o seu prato e põe na sua frente.
Vinícius: — Mãe... Eu consigo…
Dalva: — Fiz o prato que gosta. Coma. Deve ter passado fome desde que foi embora. Está bem mais magro. — diz com ironia.
Alice volta a sentir-se invisível, rejeitada, deixada de lado. Não lhe dirigem a palavra durante boa parte do almoço. Vinícius pergunta as irmãs sobre os seus cunhados e o que estariam a fazer sem elas.
Vanessa: — Hugo trabalha muito, está viajando à negócios. Deve aparecer no fim de semana.
Valéria: — Gabriel está na casa dos pais. Virá mais tarde, trará as crianças.
Vinícius conhece os cunhados, as viagens de Hugo não tem nada a ver com negócios. Gabriel é trabalhador e honesto mais dá mais valor aos pais do que a esposa. Agora com Alice elas poderão cuidar mais dos seus casamentos e maridos abrindo os olhos para o que acontece nas suas casas o deixando em paz.
Ele percebe o clima, a sua família é muito boa mais acostumados a tomar conta da sua vida não aceitam que escolheu a sua noiva sozinho, que não foram elas a decidir isso.
Dona Dalva: — Como está a nossa casa? Como estão os nossos amigos e antigos vizinhos de Campos altos?
Mesmo sabendo que a mãe já havia conversado com todos responde: — Está tudo bem. Todos perguntaram da senhora. Quando voltará para lá.
Alice vê o primeiro sorriso no rosto da sogra, o mesmo sorriso de Vinícius, respira fundo e tenta participar da conversa: — Tia Mirtes se lembra da senhora com carinho…
Dona Dalva: — Eu não sabia que ela tinha uma sobrinha, me lembro de Clara. — responde sem olhar para ela.
Vinícius: — Alice salvou-me dela! Continuam os mesmos. Pensam que são os donos do mundo, a senhora se lembra como eram.
Dona Dalva: — Me lembro como aprontava com eles. As vezes bem-merecido, Mirtes queria ver a filha casada com você.
Vinícius: — Agora que tenho dinheiro... Se fosse antes... Não querem saber como foi o meu casamento? Disseram que Alice parecia uma fada!
Vinícius vira o rosto para Alice e sorri, o sentimento de que ele a vê invade o seu coração, sorri de volta para ele.
Dona Dalva: — Quando vimos as fotos que Marcos mandou vimos que ela não era como Mirtes e Clara falaram… não era assim tão...
Dalva se arrepende do que diz, Alice completa em pensamento "não era assim tão feia". Não esperava nada diferente deles, seus tios sempre a chamavam assim "feia", "espantalha".
Avó Helena: — Eu disse que ela era uma fadinha! Que Vini encontrou uma criatura mágica e delicada.
Alice sorri-lhe.
Valéria: — Só achamos o seu cabelo muito curto Alice, realmente estavam muito bonitos.
Vinícius: — Não sabia que haviam tirado fotos. Preciso ter uma conversa com Marcos.
Dona Dalva: — Por acaso não queria nem que víssemos você casando-se? Você está sendo muito ingrato, não bastava ter se casado escondido sem que participássemos… meu único filho...
Dona Dalva se levanta da mesa secando as lágrimas, vai para cozinha, Valéria e Vanessa vão atrás dela.
Helena segura a mão de Alice: — Não se preocupe querida, logo passa, dê um tempinho a ela, ficou magoada com Vinícius e está descontando em você.
Alice olha para Vinícius, não queria causar problemas entre ele e sua família, talvez seja mais difícil do que pensou o ajudar sem causar nenhum desafeto entre ele, sua mãe e irmãs. Terá que mostrar a elas que veio para ajudar em silêncio, como a avó disse dando um tempinho a elas.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Juh Machado
essa mãe e as irmãs do Vinícius são muito intrometidas😡
2024-11-17
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