Vinícius pensa um pouco no que o amigo disse, pode estar a cometer mesmo um erro, tem que tentar de alguma forma conseguir ser dono de si, da sua vida, não depender tanto da sua família, se Alice o ajudar nisso já vai valer a pena. O fato dela não ser bonita não mudará em nada, para ele não faz diferença, ela é inteligente e além disso o que está feito está feito, não é homem de voltar atrás na sua palavra.
Na hora combinada Vinícius sai indo ao encontro de Alice, se lembra muito bem do caminho até a casa paroquial, e sabe que Marcos o vigia de longe. Está no caminho quando ouve o barulho de um carro parando ao seu lado e as portas sendo abertas.
George: — Vinícius! Estava a sua procura! Gostaria de o convidar para um almoço na minha casa.
Clara: — Não o vi mais depois que saímos ontem e gostaria de continuar a conversa que começamos…
Vinícius: — Infelizmente tenho que recusar, tenho um encontro com a minha noiva.
George/ Clara: — Noiva? Como?Quem?
Vinícius: — Hoje de manhã pedi Alice em casamento, estava a ir agora mesmo conversar com ela e cuidar de alguns detalhes.
Clara: — Como assim? Noivo de Alice?! Ela não foi embora papai?
Vinícius: — Ela está na casa de Josué, o pastor. E, George, vou pedir a Marcos para lhe devolver o dinheiro da passagem que deu a Alice. Ela não vai mais precisar. Agora viajará comigo.
Marcos ouve da varanda da casa e se aproxima para fazer o que Vinícius lhe pede.
George sai arrancando com o carro, Vinícius se encosta no meio fio, não quer ser atropelado, ri sozinho, daria tudo para ver as caras de George e Clara quando falou do noivado.
Alice o espera, o vê chegando, admira a sua desenvoltura e força, ele não se deixa abater, quer a sua independência, e vai o ajudar.
Alice: — É pontual. Pensei que pudesse ter mudado de ideia e não viesse.
Vinícius lhe dá o braço: — Acho que agora não dá mais para desistir. Encontrei com o seu tio George e acredito que ele não ficou muito feliz com o nosso noivado. E conhecendo as pessoas da cidade como conheço, a notícia já se espalhou, nessa hora todos já sabem.
Alice o acompanha: — Aonde vamos?
Vinícius: — Conhece a cidade toda? Sabe aquelas árvores depois do campo? Eu costumava ir até lá quando garoto, deitar-me a sombra delas ouvindo o cantar dos pássaros
Alice: — Sei onde é. Eu já estive lá numa madrugada dessas.
Vinícius e Alice caminham até o local, para chegar às árvores é preciso pular um muro, o que Vinícius faz sem nenhum problema, ele o faz como muitas vezes fez quando adolescente, do outro lado ele dá a mão a Alice a ajudando. Caminham um pouco e se sentam debaixo de um belo pé de Ipê.
Alice: — O chão está um tapete de flores amarelas… essa época tudo fica tão lindo!
Alice tira o seu casaco e colhe algumas flores com as quais faz uma coroa e coloca na sua cabeça, não sabe porque mais se sente bem ao lado de Vinícius, sente-se segura e livre.
Vinícius: — Me lembro exatamente como é. Sinto o cheiro da grama e das flores. Engraçado como antes não ligava para os cheiros e agora são tão nítidos. - fica em silêncio por um minuto - Alice?
Alice: — O quê foi?
Vinícius: — Me deixa ver—te?
Alice entende o que ele quer, aproxima-se dele e se posiciona na sua frente, se ajoelha. Vinícius pega suas mãos, seus pulsos são finos, seus dedos sobem pelo braço, a pele é macia, seus ombros são delicados, estreitos, passa os polegares nas suas saboneteiras, toca o seu pescoço, ouve a respiração pausada de Alice. Contorna com as pontas dos dedos a sua boca, lábios bem desenhados, macios. As orelhas miúdas e o cabelo realmente curto, sente a coroa de flores feita por Alice, um queixo fino, olhos grandes, cílios longos e sobrancelhas curvadas.
Alice o olha, os seus olhos claros parecem olhar a sua alma, o seu rosto está tão próximo, as suas mãos tão fortes e, ao mesmo tempo delicadas no seu rosto fazem o seu coração bater mais forte.
Vinícius encosta seus lábios nos dela, são doces, puros, quentes.
Vinícius: — O seu rosto tem formato de coração, saiba que vi muita beleza nele.
Alice: — Sou pequena, magra, o meu pai dizia que a minha boca é muito grande para meu rosto.
Vinícius: — Sente falta dele não é?
Alice: — Por muito tempo fomos companheiros, tínhamos apenas um ao outro... Não quero falar sobre coisas tristes.
Vinícius: — Vamos falar sobre o casamento então.
Acredito que podemos conseguir o realizar em uns dois dias. Tenho amigos na capital, ligarei para eles e pedirei ajuda. Você vai precisar de um vestido, de roupas novas, tenho a pessoa certa para te ajudar.
Alice: — E a sua família?
Vinícius: — Quando souberem já estaremos casados e não poderão fazer nada.
Alice: — E se não gostarem de mim?
Vinícius: — Podem até não concordarem no início, mais tenho certeza que você as conquistará. Elas me amam e querem o meu bem acabarão aceitando minha decisão.
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Atualizado até capítulo 51
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