Alice não tem muita opção, ou melhor, nenhuma, entre dormir nas ruas, se prostituir na capital, passar fome, o acordo de casamento é ao seu ver a única e melhor opção.
Vinícius ouve ruídos de pessoas chegando a rodoviária: — Vamos para casa de Josué, lá podemos conversar com mais calma.
Marcos deixa o amigo, sabe que ele não precisa dele e consegue se virar sozinho, Vinícius conhece cada palmo dessa cidade, então Marcos aproveita e vai visitar uns parentes que tem na cidade.
Alice concorda com Vinícius, a rua não é lugar para falar de um assunto tão sério, se levanta e o acompanha, Vinícius dá-lhe o braço e ele fica feliz por Alice não sair o puxando como todos fazem, ela segura no seu braço e ele sente as suas pequenas mãos tremulas e frias. Chegando a casa paroquial Josué os, espera com uma senhora que cuida da casa ao seu lado.
Josué: — Que bom que voltaram! Pensei que a menina fora embora… Eu estava preocupado, afinal é uma das minhas ovelhas…
Vinícius: - Josué, será que Alice poderia ficar aqui por alguns dias?
Josué: — Mais é lógico! Eu já havia dito a ela que poderia ficar aqui até dar um jeito em sua vida, mais no estado em que ela estava acredito que não me ouviu.
Alice: — Me desculpe pastor, eu não sabia o que fazer… Não queria o envolver em meus problemas.
Josué: — Vou deixar vocês conversarem, pedi a Maria para fazer um café reforçado, a menina precisa comer.
Josué sai os deixando na sala, Alice encaminha Vinícius até uma poltrona e se senta ao seu lado, um silêncio estranho paira no ar. O silêncio de Alice deixa Vinícius apreensivo.
Vinícius: — Alice?!
Alice: — Sim?!
Vinícius: — Seria tão mau assim se casar com um cego?
Alice: — Não é isso. Estou pensando... Como seria esse casamento? Esse acordo?
Vinícius: — Está a perguntar no sentido real? Seria um casamento de verdade, sim, não vou dizer-te que será só no papel, eu quero uma esposa, e quem sabe até um filho. Não gostaria de ser infiel a minha esposa e nem que ocorresse o contrário.
Alice: — E o que aconteceria depois? Desse ano? Se houvesse um filho?
Vinícius: — Poderíamos fazer outro acordo, mais vamos deixar para pensar no que poderá acontecer quando acontecer?! Somos inteligentes, não há a loucura ou desorientação dos apaixonados, temos sensatez, tenho certeza de que resolveremos tudo da melhor maneira de forma que nenhum dos dois saia prejudicado e consiga realizar os seus sonhos. Então? Aceita a minha proposta?
Alice: — Está bem. Eu concordo com o que propõe.
Vinícius se aproxima de Alice, pega a sua mão ainda tremula e a beija: — Então, Alice, a partir de hoje estamos noivos. Agora vamos tomar o café que Josué nos ofereceu, pois sai tão apressado de casa que não tomei nada.
Alice sorri: — Correu para salvar a não linda donzela!
Josué aparece com Dona Maria com uma bandeja com café, leite, bolo, pão e coloca tudo na mesa no centro da sala. Josué serve a Vinícius, Alice não havia percebido como estava faminta, em segundos comeu uma boa fatia do bolo enquanto Vinícius contava a Josué sobre o noivado. Ela percebeu o espanto do pastor que olha-lhe dos pés a cabeça. Como bom homem que é Josué não diz nada, Alice sabe que ele tem razão em se assustar, olha para si mesma, está com roupa velha, remendada, o tamanho da roupa grande demais para ela, a fazendo parecer um espantalho, os cabelos desalinhados, cortados por ela mesma." Se Vinícius enxergasse jamais olharia para mim" - pensa ela — "Jamais pediria a minha mão em casamento". " Vou ajuda-lo no que puder para que ele se torne independente e eu conseguir a minha liberdade e realizar os meus sonhos".
Vinícius vai embora sozinho, não aceita a ajuda de Josué, Alice o observa atentamente indo para casa usando o meio fio como guia para chegar até lá. Combinou com Alice um passeio a tarde, quer mostrar-lhe os seus lugares preferidos da juventude.
Josué pede a Maria para arrumar um quarto para Alice, como passou a noite toda acordada, toma um banho e se deita dormindo imediatamente, tendo sonhos onde cavalga por belos campos sentindo o vento no rosto. Acorda estranhamente bem, olha as suas roupas, gostaria de ter uma roupa melhor para vestir e ir ao encontro de Vinícius, estão limpas, mais muito surradas e gastas. Está frio então coloca o único casaco que possui sobre a regata, a mesma calça e sapatos de antes. Não acredita que está noiva. Não faz mais de dois dias que estava observando a madrugada e vê Vinícius chegar a cidade e agora está noiva dele. Estão noivos! Vai se casar com Vinícius! Vai mesmo?
Vinícius chega sem dificuldades em casa, ainda não entende porque fez a proposta a Alice, o que ela disse é verdade, não se conhecem, não tem sentimentos um pelo outro, ele gosta da voz dela e se é para se casar que seja com alguém que ele escolheu, que tente o compreender sem o tratar como um inválido, ou idiota.
Marcos chega e não gosta nada do que o amigo conta-lhe.
Marcos: — Casar?! Não posso deixar-te um minuto sozinho que faz besteira! Como pode propor casamento a ela? Ela parece um garoto! Não podia ter oferecido um dinheiro e pronto?
Vinícius: — Gosto da voz dela. Ela não aceitaria dinheiro. E pareceu-me o melhor a ser feito, foi por minha causa que acabou na rua.
Marcos: — Foi impulsivo! Mais ainda dá tempo de desfazer tudo.
Vinícius se irrita: — Não vou desfazer nada! A minha decisão está tomada, goste ou não, vou casar-me com Alice.
Marcos: — Faça como quiser. Só quero que saiba que não concordo com isso.
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Ana Jesus
o nome dela não era Sofia?
2025-01-27
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