Alice retira a coroa de flores e a coloca na cabeça de Vinícius brincando com ele.
Alice: — Você se parece com um Deus grego. É um homem muito bonito, poderia ter a esposa que desejar...
Vinícius muda de assunto: — Qual é a cor dos seus olhos e cabelos?
Alice: — Os meus olhos estão entre o castanho e o mel, depende da luz e o meu cabelo é ruivo, um ruivo claro.
Vinícius sorri: — Ruiva?! Tem sardas?
Alice: — Não, acho que puxei só o cabelo da minha mãe, tenho a pele morena clara como papai.
Vinícius: — Você não fala muito da sua mãe.
Alice: — Ela era bonita, não era pequena como eu, pelo menos não que eu me lembre. Ela cansou-se das aventuras do meu pai e foi embora quando eu tinha uns cinco anos... - faz uma pausa, respira fundo, como se estivesse voltando ao passado.
Vinícius: —Nunca mais ouviu falar dela?
Alice: — Não até que ela morreu de parto quando eu tinha uns dez anos… Ouvi uma conversa entre a minha tia e o meu pai…
Vinícius: — Eu sinto muito. Agora você será da família Souza Prates. Alice Souza Prates. Vai até achar estranho quando conhecer a minha família, são… Como poderia dizer?
Alice: — Amorosos? Afetuosos?
Vinícius ri: — Está sendo bondosa, quando os conhecer vai entender e vai mesmo querer realizar o seu sonho de ficar sozinha. Vai compreender o meu desejo de ser dono da minha vida. Estou com fome, vamos voltar?
Alice concorda, voltam de braços dados até a casa de Josué, Vinícius avisa-lhe que sairão de manhã bem cedo para capital, que já ligou para seus amigos e eles os esperam. Antes de ir Vinícius lhe dá um beijo na testa. Alice sente um frio na espinha, talvez seja pelo que está por vir, mais uma vez se sente como um objeto que é passado de um dono a outro, incapaz de decidir por si só, talvez seja esse o sentimento que Vinícius sente em relação a sua família, mais que outro rumo ela poderia tomar? Quando entra na casa de Josué entende o porquê do seu frio na espinha. Na sala a sua espera ninguém mais que Clara, por sorte Dona Maria estava ao lado dela.
Clara se levanta lhe apontando o dedo: — Então conseguiu o que queria não foi? Sua coisinha insignificante! O que fez para Vinícius aceitar se casar com você? Além de cego ele é burro? Ou não funciona? Hem? Me diga?
Alice respira fundo: — Não lhe dei o direito de falar assim comigo. E para seu governo Vinícius é um homem bom, gentil e carinhoso além de muito bonito.
Clara: — Só pode ser cego mesmo! — Toca as roupas de Alice — Estava comigo em seus braços! Duvido que ele prefira esse monte de ossos a mim.
Alice tira forças do seu íntimo: — Mais é comigo que ele vai se casar! Serei eu a me tornar uma Souza Prates, a ir para capital com ele e depois para sua casa que dizem ser uma mansão!
Alice não queria usar esse artifício, jamais havia pensado no que Vinícius possui, mais Clara a tirou do sério. Clara ameaça dar-lhe outra bofetada, Alice segura a sua mão.
Alice: — Não vou deixar você me bater mais. Nunca mais!
Dona Maria se aproxima: — Acho que está na hora de você ir para casa Clara, ou terei que dizer a Josué o que acontece aqui.
Clara sai roxa de raiva, antes de sair ainda insulta Alice: — Só um cego mesmo para se casar com você!
Alice agradece a Maria, vai para o quarto e chora, chora até adormecer.
Clara chega em casa, está com tanta raiva, faz o seu pai ligar para mãe de Vinícius e lhe contar da sua maneira sobre o noivado de Vinícius com Alice.
Depois do almoço Vinícius vai até o jardim, se senta num banco e fica a ouvir os sons ao seu redor, até que Marcos o tira dos seus pensamentos.
Marcos: — A sua mãe e irmã no telefone, e não estão nada contentes.
Vinícius: — Vou falar com elas. Já esperava por isso. Mais já lhe digo, não mudarão a minha decisão. Sou maior e voltarei para casa casado com Alice.
Vinícius vai para dentro atender o telefone ☎️, ouve tudo que a sua família tem para dizer, os absurdos sobre Alice e a sua decisão impensada.
☎️ Mãe! Não é nada como lhe disseram. Vai mudar de ideia quando conversar com Alice, e a senhora sabe que não sou nenhum imbecil…
Vinícius adivinha quem foi que encheu os ouvidos da sua família e entende o que Alice passou morando com George e a sua família. Por sorte estão longe e não poderão fazer nada. Em no máximo dois dias estará casado e voltará para casa onde pretende mudar a forma como a sua família o trata.
Saem bem cedo. Alice olha para trás, não sentirá falta de ninguém da cidade, talvez das suas caminhadas de madrugada mais de nada mais.
Durante um bom tempo viajaram em silêncio, nenhum deles sabia o que dizer, cada um com os seus pensamentos e conflitos internos. Alice quebra o silêncio.
Alice: — Passamos ao lado de uma cidadezinha, não sei o nome, dá para ver a torre da igreja, bem alta, parece antiga. Agora vejo os telhados de algumas casas… a igreja não condiz com a torre, é baixa e sem atrativo.
Vinícius: — Talvez a tenham construído justamente para se opor a sua pequenez.
Alice: — Quem sabe foi para competir com a igreja de alguma cidade vizinha cuja torre chamou atenção da população daqui que quis se mostrar superior.
Vinícius sorri, Alice sente um calor no seu coração quando ele lhe sorri: — Continue-me descrevendo o que vê, gosto da maneira como o faz, leva-me a imaginar... sou um herói subindo a torre para salvar uma donzela presa nela.
Alice: — Não seria realmente uma donzela em perigo, apenas uma garota, Íris, que subiu lá para salvar um gatinho, subir ela subiu facilmente mais não consegue descer, sente pavor a olhar para baixo…
Vinícius: — Então o herói, Zoe, sobe ao telhado da igreja e de lá dá um salto até a torre com desenvoltura e rapidez e tira de lá a donzela, e o gatinho, sem nenhum risco, recebendo um beijo da garota Íris…
Os dois riem. Alice: — É bom em criar histórias.
Vinícius: — Se esqueceu que tenho sobrinhos? Muitas vezes vieram a correr até mim com um livro nas mãos me pedindo para ler a história e eu ouvindo as minhas irmãs tentando explicar a eles que o tio é cego e não consegue ler, comecei a criar as minhas próprias histórias e eles adoram.
Alice: — Gostaria muito de ouvir as suas histórias...
Vinícius: — Tem algo que faça além de descrever tão bem o que vê?
Alice: — Eu desenho, desenhava...
Vinícius: — Me lembro que falou sobre isso. O que gosta de desenhar?
Alice: — Faço caricaturas, de alguns momentos da minha vida.
Vinícius: — Já fez alguma caricatura de mim?
Alice: — Confesso que já, quando esteve na casa de tio George.
Vinícius: — Gostaria de os ver...
Alice sente tristeza na voz de Vinícius, então volta a descrever o que vê, de uma maneira leve e engraçada.
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Atualizado até capítulo 51
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