Capítulo 13

A atmosfera na sala era diferente agora. O que antes era um espaço frio e impessoal, repleto de móveis de designer e arte contemporânea, havia se tornado um refúgio acolhedor. Olhando para Natalie ao meu lado, percebi que havia algo mais profundo nas entrelinhas de nossa conversa. Não era apenas um acordo, não era apenas uma obrigação; era algo que estava se moldando lentamente, como um vaso de barro sendo esculpido pelas mãos de um artesão.

A proximidade dela me deixava inquieto, e eu não conseguia ignorar a energia entre nós. Os sussurros da noite penetravam pelas janelas, mas ali dentro, tudo parecia suspenso em um momento de possibilidade. A ideia de que eu poderia abrir meu coração para Natalie me deixava nervoso, mas, ao mesmo tempo, havia uma promessa de algo novo, algo que eu nunca tinha imaginado ser capaz de sentir.

— Ethan, você realmente acha que podemos fazer isso? — perguntou Natalie, quebrando o silêncio que havia se instalado. O olhar dela era intenso, como se estivesse buscando respostas não apenas nas palavras, mas também nas minhas ações.

Eu respirei fundo, ponderando sobre a pergunta. O que exatamente significava “fazer isso”? O que eu estava disposto a oferecer?

— Eu quero tentar — respondi, com sinceridade. — Quero que sejamos um time. Para o nosso filho, e para nós.

Ela sorriu levemente, e a tensão em seu rosto diminuiu um pouco. Mas a insegurança ainda estava lá, em seus olhos. Eu me lembrei do que havia lido sobre relacionamentos: confiança e comunicação eram essenciais. Precisávamos ser abertos um com o outro.

— Existe algo que você gostaria de saber sobre mim? — perguntei, decidindo dar o primeiro passo para abrir a porta do meu passado. — Algo que possa te ajudar a entender melhor quem eu sou.

Ela hesitou, mas depois, com um leve aceno, indicou que estava disposta a ouvir. Essa era a parte mais difícil para mim. Nunca fui um homem que compartilhava facilmente meus segredos, especialmente aqueles que me tornavam vulnerável. Mas, em frente a Natalie, eu sentia que precisava.

— Eu não sou um homem fácil de lidar, Natalie. Meu passado é complicado. Tive relacionamentos que não deram certo, e, por causa disso, eu construí muros ao meu redor. — Enquanto falava, vi a expressão dela mudar, um misto de curiosidade e compaixão.

— E esses muros estão me impedindo de me abrir completamente — continuei, tentando ser claro. — A verdade é que eu tenho medo. Medo de me machucar novamente e medo de machucar você.

Ela me observou atentamente, e pude sentir que suas barreiras também estavam começando a se desfazer. O que quer que tivesse construído ao longo dos anos, com todas as suas dificuldades, começava a derreter sob a luz da conexão que estava se formando entre nós.

— Eu não sou perfeita, Ethan — Natalie respondeu, sua voz suave, mas firme. — Eu também carrego meu próprio fardo. Minha vida não tem sido fácil, e cada desafio que enfrentei me deixou com cicatrizes. Mas estou aqui, disposta a tentar, porque acredito que podemos construir algo verdadeiro.

A determinação nas palavras dela ressoou em mim. Era uma coragem que eu não esperava encontrar em alguém que apenas havia entrado na minha vida. A vida não nos havia dado um caminho fácil, e mesmo assim, ambos estávamos dispostos a seguir em frente.

— O que você tem em mente? — perguntei, agora mais curioso do que nunca. Eu queria saber como ela imaginava nosso futuro.

Ela pensou por um momento, depois se inclinou para frente, sua expressão séria. — Eu acho que precisamos ser honestos sobre o que queremos. E não apenas em relação ao nosso filho, mas também sobre nós mesmos. Se quisermos fazer isso funcionar, precisamos ser transparentes um com o outro.

Um aceno de entendimento passou entre nós. A honestidade poderia ser o primeiro passo para quebrar as barreiras que nos mantinham distantes. Decidi que estava disposto a compartilhar o que eu havia escondido por tanto tempo.

— Quando eu era mais jovem, eu tinha um relacionamento sério. — A lembrança de Amanda ainda era dolorosa, mas sabia que precisava enfrentar isso. — Era um amor intenso, mas acabou mal. Eu fui traído, e isso me deixou com um vazio profundo. Desde então, eu não consegui confiar plenamente em ninguém.

Natalie não desviou o olhar. Ela estava ali, atenta e acolhedora, o que me incentivou a continuar.

— Depois disso, foquei em meu trabalho. Me tornei um bilionário, mas, por dentro, eu estava quebrado. E então, quando decidi que queria um filho, não queria que o relacionamento fosse mais uma fonte de dor. O que me trouxe até você foi a necessidade de um acordo, não um vínculo emocional.

— E agora? — Ela perguntou, a curiosidade evidente em sua voz. — Como você se sente em relação a nós?

Esse era o cerne da questão. Eu precisava ser honesto, mas estava lutando com o que estava se formando entre nós. Eu queria que fosse algo verdadeiro, mas ainda havia dúvidas. O medo de me deixar levar por essa nova conexão me paralisava.

— Eu estou começando a me sentir diferente — admiti, lutando contra a tensão em meu peito. — É confuso, e eu não sei o que isso significa para nós. Mas eu quero entender. Quero saber se esse sentimento é real.

Ela me olhou, e algo em seu olhar mudou. Havia uma chama de esperança ali, e eu a reconheci. Natalie também queria algo mais. Eu a puxei para mais perto, e a conexão entre nós se intensificou. Um fio invisível nos ligava, e eu sabia que estávamos prestes a cruzar uma linha que, uma vez atravessada, não teria volta.

— Vamos descobrir juntos — ela sussurrou, e suas palavras ecoaram em meu coração.

E assim, em meio a um mar de inseguranças, nossos caminhos se entrelaçam de uma forma que eu nunca imaginei. O passado ainda estava lá, mas o futuro começou a brilhar com possibilidades. Com um pouco de coragem e vulnerabilidade, poderíamos construir algo extraordinário juntos.

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