Capítulo 12

Ethan Black

Eu estava sentado em meu escritório, a luz suave da lâmpada projetando sombras nas paredes escuras. A vista da janela revelava a cidade abaixo, as luzes brilhando como estrelas em uma noite sem nuvens. No entanto, em vez de apreciar a beleza da cena, eu me sentia preso em um labirinto de pensamentos e emoções conflitantes. Havia algo em Natalie que mexia com minha mente, algo que me desafiava a confrontar o que eu havia decidido deixar para trás.

O dia havia sido longo, repleto de reuniões e decisões de negócios que normalmente me envolviam completamente. Mas, hoje, minha mente não estava realmente aqui. Eu a pensava constantemente, cada sorriso dela, cada palavra trocada. A forma como seus olhos brilhavam quando ela falava de sua mãe me lembrava que havia um mundo fora das minhas paredes de vidro e aço, um mundo que estava longe das minhas preocupações financeiras e do meu passado sombrio.

Quando ela entrou pela primeira vez na minha vida, era apenas um acordo de conveniência. Eu queria um herdeiro, e ela estava disposta a aceitar a proposta. Era simples. Eu não tinha a intenção de me apegar, mas quanto mais passávamos tempo juntos, mais difícil se tornava ignorar a conexão que estava se formando entre nós. E eu estava começando a me perguntar se isso era realmente um problema ou se era, de alguma forma, uma oportunidade.

Eu me levantei, incapaz de ficar parado, e caminhei até a janela. A brisa fresca entrava pela abertura, e eu a deixei entrar, tentando clarear minha mente. Olhando para a cidade, percebi que, por mais que eu quisesse manter meu coração protegido, Natalie tinha um jeito de me fazer sentir coisas que não estava preparado para enfrentar. Havia um desejo profundo, uma atração que desafiava tudo o que eu havia construído para me proteger.

Mas havia algo mais. Eu sabia que Natalie lutava com seus próprios demônios. A visita ao hospital me havia deixado inquieto, e a expressão em seu rosto quando falava sobre sua mãe era algo que eu não poderia esquecer. Ela era forte, mas a dor em seus olhos mostrava que ela carregava um peso que a tornava ainda mais admirável. A coragem dela em enfrentar a vida me fazia admirar a mulher que estava diante de mim.

E se eu me permitisse sentir isso? E se eu me abrisse para ela, mesmo que por um breve momento? Esses pensamentos eram perigosos, mas uma parte de mim estava disposta a arriscar.

Desci as escadas e, em vez de voltar para o escritório, fui em direção à sala de estar. Quando entrei, encontrei Natalie sentada no sofá, perdida em seus próprios pensamentos. Sua expressão estava distante, e eu a observei por um momento, admirando a forma como a luz refletia em seus cabelos, dando-lhes um brilho suave. Ela estava tão bonita, e a ideia de que alguém como eu poderia tê-la em minha vida me deixava sem palavras.

— Ei — disse, quebrando o silêncio. Ela virou a cabeça, e nossos olhares se encontraram. Um calor se espalhou pelo meu peito, e percebi que a atração era palpável entre nós.

— Oi, Ethan. — A voz dela era suave, mas havia uma nota de preocupação. — Desculpe, eu estava apenas... pensando.

— Eu também. — Sentei-me na poltrona em frente ao sofá, inclinando-me ligeiramente para a frente. — Você está bem?

Ela hesitou por um momento, e eu percebi que a pergunta era mais complexa do que parecia. A vida dela não era fácil, e, por mais que ela tentasse ser forte, a fragilidade sempre estava à espreita.

— Estou tentando ser. A visita ao hospital... foi difícil. — Seus olhos se desviaram, e eu senti uma pontada de dor por ela. — Mas estou aqui. E isso importa.

Por um momento, não sabia o que dizer. Queria oferecer algum tipo de consolo, mas as palavras pareciam inadequadas. Eu não era bom em expressar emoções, e essa era uma das razões pelas quais sempre mantive as pessoas à distância.

— Você é forte, Natalie. — Finalmente, consegui falar. — Eu admiro sua determinação.

Ela me olhou com uma mistura de surpresa e gratidão. A forma como seus olhos brilharam me fez sentir uma onda de proteção crescer dentro de mim.

— Obrigada, Ethan. Às vezes, eu me pergunto se estou fazendo o suficiente. — Ela se recostou no sofá, o olhar perdido em algum lugar além de mim. — Sinto que a vida está me empurrando para os limites, mas eu não posso desistir. Não agora.

Fiquei em silêncio por um momento, contemplando suas palavras. Era verdade; a vida dela era um constante desafio, mas havia algo na maneira como ela lidava com isso que me inspirava. Natalie não era apenas uma mulher lutando por um futuro; ela era uma força da natureza, e eu queria estar ao lado dela nesse caminho.

— Você não está sozinha — respondi, fazendo um esforço consciente para me abrir. — Se precisar de alguém para conversar, estou aqui. Às vezes, compartilhar os fardos pode torná-los mais leves.

Ela me observou, e um pequeno sorriso surgiu em seu rosto. O simples gesto fez meu coração acelerar.

— Isso significa muito para mim, Ethan. Às vezes, eu me sinto tão isolada nesse mundo.

As palavras dela ecoaram em minha mente, e eu percebi que, embora estivesse hesitante em abrir meu coração, havia uma oportunidade ali. Se eu quisesse ser um pai, se quisesse construir algo real com ela, precisaria aprender a confiar, a me permitir ser vulnerável.

— Você não precisa ser sozinha. — Afirmativo, levantei-me e me aproximei do sofá, sentando-me ao lado dela. — Nós podemos fazer isso juntos.

Natalie olhou para mim com um novo brilho nos olhos, e, por um momento, as preocupações e as dúvidas desapareceram. Ela não era apenas a mulher que estava carregando meu filho; ela era alguém com quem eu realmente queria compartilhar minha vida.

Enquanto o silêncio pairava entre nós, um sentimento de paz começou a preencher o espaço. Eu não sabia o que o futuro reservava, mas, naquele momento, eu estava disposto a enfrentar qualquer coisa, desde que ela estivesse ao meu lado.

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