Capítulo 10

Eu sentia a tensão no ar, como uma corda prestes a se romper. As palavras que acabávamos de trocar ecoavam em minha mente, e eu me perguntava se havia tomado a decisão certa ao desafiá-lo. No entanto, uma parte de mim sabia que não poderia simplesmente recuar. Não agora. A vida me ensinou a lutar pelo que era importante, e isso incluía o futuro da criança que eu estava prestes a trazer ao mundo.

Ethan permaneceu em silêncio, seus olhos fixos em mim com uma intensidade que fazia meu coração acelerar. Havia um poder em sua presença, uma força que era difícil de ignorar. Mas, por trás dessa fachada de controle, eu conseguia ver um homem que lutava com seus próprios demônios. Ele não era apenas o bilionário reservado; ele também era alguém que havia sofrido e se fechado para o mundo. E, mesmo que não fosse meu trabalho consertá-lo, eu não conseguia evitar o impulso de tentar.

— Então, como você sugere que avancemos? — perguntei, tentando quebrar o gelo que pairava entre nós. — Não podemos simplesmente continuar assim, com você guardando seus sentimentos e segredos. Isso só vai criar mais distância entre nós.

— Eu não sou uma pessoa fácil de lidar, Natalie — ele respondeu, a voz profunda e grave, como se cada palavra fosse uma advertência. — Eu não sei se posso me abrir para você, e não quero que você espere algo que não estou preparado para dar.

Senti uma pontada de decepção, mas não deixei que isso me paralisasse. Se ele não estava disposto a se abrir, eu tinha que encontrar uma maneira de mostrar a ele que poderia confiar em mim. Eu não era apenas uma mulher atrás de um contrato; eu era uma parceira que queria participar, que desejava se tornar uma presença significativa na vida dele e de nosso filho.

— Você não precisa me dar tudo de uma vez, Ethan. Mas podemos começar devagar. Pode ser apenas uma conversa. Eu só quero conhecer você. O que te faz feliz? O que te faz triste? Quais são seus medos? — Eu falava rápido, tentando transmitir minha sinceridade. — Isso pode não parecer muito, mas é um começo.

Ele olhou para mim com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Seus olhos pareciam pesquisar os meus, como se estivesse avaliando a verdade por trás de minhas palavras. O silêncio se estendeu entre nós, e eu percebi que, para ele, a vulnerabilidade era uma fraqueza. Mas, ao mesmo tempo, eu sentia que ele desejava se abrir, mesmo que o medo o mantivesse preso.

— Por que você está tão interessada em mim? — ele perguntou finalmente, a voz baixa, quase hesitante. — Você não tem mais a sua vida a seguir?

A pergunta me pegou de surpresa. Era uma questão que eu mesma havia me feito. Por que eu me importava tanto com ele? Afinal, éramos apenas estranhos ligados por um contrato. Mas, à medida que passava mais tempo com ele, minha curiosidade crescia. Havia algo mais profundo sob a superfície, algo que me atraía, e eu precisava entender.

— Porque vejo um homem que está se escondendo atrás de uma máscara — respondi, decidida. — Você pode se fechar, mas isso não muda o fato de que estamos juntos nessa. Precisamos um do outro, mesmo que você não queira admitir.

Ethan se afastou, claramente desconfortável. Eu poderia sentir a parede que ele erguia entre nós, mas não estava disposta a desistir. A minha determinação era mais forte do que o medo de ser rejeitada.

— Eu não quero ser apenas uma mãe para o nosso filho. Quero ser uma parceira — continuei. — Você não precisa me dizer tudo agora, mas precisa saber que estou aqui para você. Podemos construir algo, se você me deixar.

Por um momento, a expressão dele se suavizou. Eu vi uma centelha de emoção em seus olhos, mas logo foi ofuscada por sua habitual fachada de controle. Era frustrante, mas eu me recusei a me deixar abalar. Precisava acreditar que ele era mais do que o homem frio que estava diante de mim.

— Natalie, isso é complicado — ele disse, passando a mão pelos cabelos escuros de forma nervosa. — Eu não estou pronto para abrir mão do controle.

— E você não precisa fazer isso — eu rapidamente respondi, tentando trazer a conversa de volta a um lugar mais positivo. — Apenas me permita entrar no seu mundo. Você pode ainda ser quem é, mas talvez, se você se abrir um pouco, possamos encontrar um jeito de trabalhar juntos.

Ele hesitou, e eu sabia que estava chegando mais perto de romper a barreira que ele havia construído ao longo dos anos. Havia algo em seu olhar que me dizia que ele estava lutando contra a ideia de permitir que outra pessoa entrasse em sua vida, mas também havia um desejo latente por conexão.

— Está certo — ele finalmente disse, com um suspiro. — Vou tentar, mas não espere muito.

Sorrindo, eu me inclinei um pouco mais perto, aproveitando a fraqueza momentânea dele. A esperança crescia em meu peito como uma flor resistente que brota do solo mais árido. Essa pequena concessão era um passo na direção certa, e eu estava determinada a fazer valer a pena.

— Então, vamos começar com algo simples — sugeri, tentando aliviar a tensão. — Que tal me contar sobre sua infância? Eu aposto que há algumas histórias interessantes lá.

Ele arqueou uma sobrancelha, claramente surpreso com a mudança de tom da conversa. Era como se eu tivesse encontrado um ponto fraco em sua armadura. Por um breve momento, vi um sorriso se formar em seus lábios, e foi como se a temperatura do ambiente tivesse subido alguns graus.

— Minha infância? — ele repetiu, quase rindo. — Você realmente quer saber?

— Claro! — respondi, encorajadora. — Todos têm histórias, e eu adoraria ouvir a sua.

Ethan hesitou, mas, em vez de recuar, ele começou a falar, lentamente. A medida que ele compartilhava alguns detalhes sobre sua vida, eu sentia que estávamos formando uma ponte, algo que poderia nos unir.

— Eu cresci em uma família rica, mas não era tão simples como parece — ele disse, seus olhos distantes. — Havia muitas expectativas sobre mim. Eu sempre precisava ser o melhor. Isso moldou quem sou, para o bem e para o mal.

Enquanto ele falava, eu escutava atentamente. Sentia como se estivesse entrando em um novo mundo, um mundo que ele raramente deixava outros verem. Cada palavra dele revelava um pouco mais do homem por trás do bilionário. Ele era humano, vulnerável, e isso me atraía mais do que eu poderia admitir.

— Eu não quero que meu filho passe por isso — Ethan continuou, seus olhos firmes nos meus. — Não quero que ele se sinta sobrecarregado. Quero que ele tenha liberdade para ser quem é.

As palavras dele tocaram algo profundo dentro de mim. Eu entendia o desejo de Ethan, porque também queria criar um ambiente onde a criança se sentisse segura e amada, longe das pressões que muitas vezes a vida impõe.

— E você? O que você quer para o seu filho? — ele perguntou, e eu percebi que ele estava genuinamente interessado.

Fiquei em silêncio por um momento, refletindo. O que eu realmente queria para meu filho? Para além das necessidades materiais, queria que ele se sentisse amado e aceito. Queria que ele soubesse que a vida é cheia de desafios, mas que sempre haveria um lugar onde poderia ser ele mesmo.

— Eu quero que ele saiba que é amado, independentemente das circunstâncias — respondi, com a voz firme. — Que ele é livre para escolher seu próprio caminho. Isso é o mais importante para mim.

O olhar de Ethan se suavizou novamente, e por um breve instante, a conexão entre nós parecia palpável. Essa conversa era um pequeno passo, mas era um passo na direção certa.

— Então, vamos fazer isso juntos — ele disse finalmente, sua voz carregada de sinceridade. — Eu quero que nosso filho cresça em um ambiente amoroso, e vou fazer o que for preciso para garantir isso.

A esperança explodiu em meu coração. Com essa nova aliança, eu sabia que, independentemente do que o futuro trouxesse, estávamos prontos para enfrentar o que viesse. É claro que ainda havia muito a ser resolvido, e os desafios eram inevitáveis, mas juntos, talvez pudéssemos encontrar um caminho que funcionasse para nós.

E com isso, a atmosfera entre nós mudou. A tensão foi substituída por um entendimento sutil, e, embora ainda houvesse muito a ser dito, eu sabia que estávamos dando os primeiros passos para algo mais profundo e significativo.

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