Capítulo 5

Natalie acordou cedo naquela manhã, o estômago embrulhado de nervosismo. O relógio marcava 7h e, apesar do cansaço acumulado, sua mente não a deixava descansar. Ela se levantou, o coração batendo forte no peito, enquanto se arrumava para o encontro com Ethan Black. O homem parecia uma força da natureza, e a ideia de revê-lo a deixava inquieta. Ela não sabia o que esperar do que viria a seguir.

Ela abriu o armário, passando os olhos pelas poucas roupas que tinha, buscando algo que parecesse minimamente profissional. Nada ali parecia apropriado para o tipo de encontro que teria com Ethan. Depois de um suspiro profundo, ela escolheu um vestido simples azul-marinho e um par de sapatos que, embora gastos, ainda estavam em boas condições. Olhou-se no espelho, ajeitando o cabelo com as mãos trêmulas.

— Você consegue fazer isso — murmurou para si mesma, tentando reunir a coragem que parecia escapar a cada segundo.

O trajeto até o escritório de Ethan foi marcado pelo silêncio desconfortável. O táxi parecia se mover devagar demais, o tempo arrastando-se, aumentando a ansiedade que Natalie sentia. Quando finalmente chegou, o enorme prédio de vidro a intimidou. Mesmo de longe, era possível sentir o poder que emanava do local. Ela entrou no lobby espaçoso e elegante, passando pelas portas automáticas com hesitação.

O recepcionista sorriu educadamente ao vê-la se aproximar.

— Bom dia, em que posso ajudá-la?

— Eu... tenho uma reunião com Ethan Black — respondeu Natalie, a voz um pouco hesitante.

O homem digitou rapidamente no computador à sua frente e acenou com a cabeça.

— Claro, pode subir. Ele está esperando por você.

Natalie agradeceu e caminhou em direção ao elevador, sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar. As portas do elevador se fecharam e ela apertou o botão que a levaria ao último andar, onde Ethan a aguardava. O trajeto foi rápido, mas parecia uma eternidade enquanto ela repassava mentalmente o que diria.

Quando as portas se abriram, Natalie foi recebida pela vista espetacular do escritório de Ethan. As janelas iam do chão ao teto, oferecendo uma vista panorâmica da cidade, mas a opulência ao seu redor não a distraiu da figura que estava parada de costas para ela, observando o horizonte.

Ethan estava em pé ao lado de sua mesa, alto e imponente. Quando ele se virou para olhá-la, seu olhar era intenso, como se tentasse sondar seus pensamentos mais profundos. Ele não disse nada imediatamente, apenas a estudou em silêncio por um momento que pareceu durar mais do que deveria.

— Natalie — disse ele, finalmente, com um leve aceno de cabeça. — Obrigado por vir.

Ela respirou fundo e se forçou a sorrir, embora estivesse nervosa.

— Obrigada por me receber, Ethan.

Ele indicou com a mão uma cadeira à sua frente.

— Sente-se. Temos muito o que discutir.

Natalie se acomodou na cadeira, sentindo o estofado macio contra suas costas. Ethan sentou-se do outro lado da mesa, os olhos fixos nela, mas sem qualquer sinal de pressa. Ele estava no controle, e ela sabia disso. O silêncio entre eles se estendeu por mais alguns segundos, até que ele finalmente quebrou o gelo.

— Eu li os seus termos, Natalie — disse ele, a voz firme, mas sem emoção. — E quero deixar algo muito claro antes de prosseguirmos. Eu não estou interessado em formar um relacionamento romântico. O que estou propondo é um acordo puramente comercial. Você quer segurança financeira, e eu quero um herdeiro. Não há espaço para emoções nesse arranjo.

As palavras dele eram frias, calculadas, mas não surpreenderam Natalie. Ela já esperava que Ethan tentasse manter as coisas o mais distantes possível, e, de certo modo, isso a deixava mais tranquila. Ela não estava ali para se apaixonar ou viver um conto de fadas. Ela estava ali para garantir um futuro para si mesma e para sua família. Porém, havia algo na maneira como ele falava que a incomodava. Parecia que Ethan estava, de alguma forma, lutando contra seus próprios sentimentos, se protegendo.

— Entendo, Ethan — respondeu Natalie, com a voz mais firme do que esperava. — Mas, como eu disse antes, se vou trazer uma criança ao mundo, quero saber mais sobre o homem que será o pai.

Ele inclinou-se levemente para frente, como se a estivesse desafiando a continuar.

— E o que exatamente você quer saber, Natalie?

Ela hesitou por um momento. Queria saber mais do que apenas detalhes financeiros ou logísticos. Queria entender o que o levava a fazer essa proposta tão impessoal. Queria saber por que ele parecia tão determinado a manter qualquer emoção afastada.

— Quero saber por que você decidiu que essa era a única maneira de ter um herdeiro. Por que não... seguir o caminho convencional?

Ethan ficou em silêncio por alguns segundos, como se ponderasse se deveria responder à pergunta. Quando finalmente falou, sua voz estava mais suave, mas carregada de uma sombra de amargura.

— O caminho convencional não funcionou para mim, Natalie. Pessoas têm expectativas, exigências, e isso só leva a decepções. Eu prefiro garantir que tudo seja claro desde o início. Sem complicações.

Ela o observou por um momento, tentando ler além de suas palavras. Havia uma tristeza oculta ali, algo que ele estava se esforçando muito para esconder. Mas Natalie sabia que, se ela tentasse forçá-lo a se abrir agora, ele se fecharia ainda mais.

— Se isso é o que você quer — disse ela, suavemente —, então podemos discutir os detalhes do contrato. Mas saiba que, se vou fazer parte disso, quero ter certeza de que esse filho terá uma vida completa. Não só financeira, mas emocionalmente também.

Ethan a encarou, e por um momento, algo em seus olhos vacilou. Talvez fosse o primeiro sinal de que, por mais que ele tentasse manter as emoções sob controle, elas ainda estavam lá, enterradas em algum lugar.

— Farei o que for necessário — disse ele, com um tom que não admitia discussão.

Natalie assentiu, sentindo que aquele era o máximo de vulnerabilidade que conseguiria de Ethan naquele momento. Ela sabia que, de alguma forma, estava entrando em território perigoso, mas não tinha outra escolha. Havia muito em jogo, e ela estava disposta a pagar o preço.

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