Segredos do Contrato: As Filhas do Bilionário

Capítulo 4

Natalie Ramos

Natalie estava sentada no táxi que a levava de volta para seu pequeno apartamento, o corpo rígido, os pensamentos uma bagunça. Ela passara horas naquela mansão opulenta, mas era como se tivesse saído de um universo completamente diferente. A conversa com Ethan Black ainda ecoava em sua mente. Cada palavra trocada, cada olhada que ele lhe dera. O homem era um enigma.

Quando ele perguntara o que exatamente ela queria com aquela exigência de "conhecer melhor o pai de seu filho", Natalie soubera que estava mexendo em território perigoso. Mas, por mais que aquela proposta fosse extremamente tentadora — e, sim, ela realmente precisava do dinheiro —, simplesmente não conseguia aceitar sem estabelecer algumas regras para si mesma. Ethan não era apenas um bilionário com uma oferta irrecusável. Ele era... complicado. E ela precisava entender com o que estava se envolvendo.

Suspirando, Natalie encostou a cabeça na janela do táxi. As luzes da cidade brilhavam enquanto o veículo se movia pelas ruas, e ela tentava digerir tudo o que havia acontecido. Você vai mesmo fazer isso? — questionava-se.

A verdade era que ela estava desesperada. Nunca pensara que sua vida tomaria esse rumo, mas, depois de perder o emprego, ver as dívidas se acumularem e as contas chegarem uma atrás da outra, a proposta de Ethan parecia uma solução. Só que havia mais coisas em jogo do que apenas sua estabilidade financeira. Ela não queria ser apenas um "meio para um fim". Havia dignidade em jogo.

Desde que sua mãe adoecera, Natalie assumira todas as responsabilidades da casa. Seu pai as abandonara quando ela ainda era pequena, e o trabalho de auxiliar administrativa que conseguira depois da faculdade mal cobria os custos. Ela estava afundando em um poço sem fundo. Quando lera sobre a "oportunidade única" de um contrato de maternidade, inicialmente hesitara, achando a ideia absurda. Mas, quando viu o nome Ethan Black e percebeu o quanto ele estava disposto a pagar, algo dentro dela mudou.

A proposta parecia simples: carregar o filho de um bilionário. Mas, depois do encontro de hoje, ela sabia que a simplicidade era apenas superficial. Ethan era frio, controlado, mas havia algo mais por trás daquela fachada impassível. Algo que ele estava escondendo — e Natalie não queria ser pega de surpresa por isso mais tarde.

O táxi parou em frente ao prédio modesto onde ela morava. O motorista deu-lhe um olhar rápido pelo retrovisor, como se esperando que ela dissesse algo, mas Natalie apenas assentiu e pagou a corrida. Suas pernas estavam um pouco trêmulas quando saiu do carro. O encontro com Ethan havia sido desgastante de uma forma que ela não esperava.

Subindo os degraus que levavam ao seu apartamento, Natalie sentiu a familiar opressão das paredes apertadas, da falta de espaço e da constante preocupação com as contas que continuavam se acumulando em sua mesa de jantar. Ela entrou e jogou as chaves no balcão da cozinha, soltando um suspiro longo.

— Você está mesmo considerando isso — murmurou para si mesma.

Caminhando até o quarto, ela abriu o guarda-roupa e puxou uma das fotos antigas que guardava lá. Era uma foto dela e de sua mãe, tirada há alguns anos, antes da saúde de sua mãe começar a declinar rapidamente. Havia felicidade naquela imagem, uma alegria que agora parecia tão distante. Desde então, as responsabilidades haviam se empilhado sobre seus ombros de uma forma quase insuportável.

Ela se jogou na cama, segurando a foto contra o peito. Não era só por ela que Natalie estava disposta a aceitar a proposta de Ethan. Era por sua mãe, por todas as vezes que precisou faltar ao trabalho para cuidar dela, e por cada medicamento que ela não conseguia mais pagar. Natalie não tinha o luxo de recusar aquele tipo de oferta.

Mas isso não significava que seria fácil.

O rosto de Ethan voltou à sua mente, frio e impenetrável. Ele a perturbava de um jeito estranho. Talvez porque ela tivesse visto um lampejo de algo em seus olhos — uma dor antiga, talvez? — que ele tentava esconder atrás da postura controlada. Natalie sabia que não deveria se importar, afinal, esse era um acordo puramente profissional. No entanto, algo nela queria saber mais. Não porque ele era rico, mas porque havia uma fragilidade oculta que a fazia querer entender o que o levava a buscar um acordo tão... impessoal.

Natalie se revirou na cama, inquieta. O que estou fazendo? A pergunta não parava de vir à sua mente, martelando seus pensamentos. Era como se estivesse à beira de um precipício, prestes a saltar sem ter certeza do que a aguardava do outro lado. E o mais perturbador era a atração incômoda que sentia por Ethan. Não era algo que ela queria admitir, mas estava lá, uma pequena faísca que ameaçava crescer a cada olhar, a cada troca de palavras afiada entre os dois.

Ela suspirou e fechou os olhos, tentando silenciar seus pensamentos por um momento. Mas, antes que pudesse se perder no sono, seu celular vibrou na mesinha de cabeceira. Natalie esticou a mão e pegou o aparelho. Uma mensagem de um número desconhecido.

"Este é o meu número. Ethan."

Natalie se sentou rapidamente, o coração acelerado. Ela não esperava que ele entrasse em contato tão cedo. Uma parte dela até pensou que ele poderia desistir depois da exigência que ela havia feito.

— O que ele quer agora? — murmurou para si mesma, hesitante em responder.

Antes que pudesse decidir o que fazer, outra mensagem apareceu na tela.

"Amanhã, 10h. Venha ao escritório. Vamos discutir os termos."

Ethan não era do tipo que perdia tempo, isso estava claro. O encontro tinha deixado evidente que ele não gostava de ser questionado, mas, de alguma forma, ela havia conseguido contornar isso sem ser imediatamente dispensada. Natalie deixou o celular de lado e suspirou novamente.

Isso está realmente acontecendo...

Ela sabia que o próximo passo seria ainda mais complicado do que o primeiro encontro. Ethan era um homem cheio de segredos, e ela teria que caminhar cuidadosamente para não perder o controle da situação. Mas Natalie também sabia que, no fundo, não estava só aceitando essa proposta por causa do dinheiro.