Capítulo 18 - Corações Partidos

Quando Luigi chegou em casa, o clima parecia tão pesado quanto seu próprio humor. Sua avó, dona Helena, o esperava na sala, os braços cruzados e a expressão severa.

— Onde está a Leona? — ela perguntou, com o tom de reprovação evidente.

— Ela está em casa — respondeu ele, sem ânimo para discutir.

— Sempre desconfiei dessa garota. Ela tem uma vida muito diferente da sua, Luigi. Não sei o que você viu nela — disse a avó, balançando a cabeça em desaprovação.

Luigi levantou o olhar para a avó, o rosto endurecido.

— Eu não sou idiota, vó — retrucou, tentando conter a raiva. Sem esperar por uma resposta, ele subiu para o quarto, fechando a porta com força.

Jogando-se na cama, ele ficou encarando o teto, os pensamentos girando em sua mente. Por mais que sua avó estivesse errada ao julgar Leona tão rapidamente, parte de suas palavras ressoavam. "O que eu estou fazendo?", pensou Luigi. Ele se lembrou de todos os momentos que passaram juntos e se deu conta de que, por mais confuso que estivesse, havia algo que não podia negar.

— Eu realmente a amo — sussurrou para si mesmo, sentindo o peso dessa revelação. Mas, naquele momento, o amor não parecia o suficiente para resolver todos os problemas que eles estavam enfrentando.

No dia seguinte, o clima era completamente diferente. A faculdade estava em polvorosa com o início das Olimpíadas Estudantis. Corredores enfeitados, torcidas organizadas e o som das competições já preenchiam o ambiente. Todos os alunos estavam empolgados, e o evento prometia ser memorável.

Na área das competições, Margarita se aproximou de Frederico, que estava flexionando os braços e verificando os músculos no espelho.

— Você vai assistir à minha competição de xadrez? — ela perguntou, um sorriso esperançoso no rosto.

— Xadrez é coisa de nerd — respondeu Frederico, sem sequer desviar os olhos do espelho.

O sorriso de Margarita se desfez, e antes que ela pudesse responder, Maicon e André apareceram ao seu lado.

— Nós vamos te prestigiar, Margarita. Vai dar tudo certo! — disse Maicon, lançando um olhar repreendedor para Frederico.

— É isso aí! Vamos torcer por você — acrescentou André, dando-lhe um tapinha no ombro.

Margarita sorriu, sentindo-se um pouco mais animada com o apoio dos amigos.

Enquanto isso, Kira se preparava para sua competição de vôlei. Todas as jogadoras já estavam prontas, mas, de repente, ela percebeu que havia esquecido sua tornozeleira da sorte no vestiário. Correndo para buscá-la, entrou apressada e parou abruptamente ao ver uma cena que jamais imaginou.

Tales estava aos beijos com Marcela, encostados na parede do vestiário. Kira sentiu o chão desaparecer sob seus pés.

— O que é isso?! — ela exclamou, a voz trêmula. — Não acredito no que estou vendo!

Tales se afastou rapidamente de Marcela, tentando formular uma explicação.

— Kira, não é o que parece. Ela... ela me atacou! — ele balbuciou, nervoso.

— Ataquei? — Marcela riu, cruzando os braços. — Por favor, Tales. Admita logo.

Kira sacudiu a cabeça, as lágrimas ameaçando escorrer.

— Todos me alertaram, mas eu não queria enxergar. Porque eu confiava em você — disse ela, a voz quebrada. Sem esperar por uma resposta, virou-se e saiu correndo do vestiário.

Tales tentou ir atrás dela, mas Marcela segurou seu braço.

— Está perdendo tempo, Tales. Ela já foi. Vamos voltar para a diversão — sussurrou, um sorriso malicioso nos lábios.

Por um instante, ele hesitou, mas então concordou, cedendo à tentação que o arrastava para longe de Kira. Enquanto isso, Kira se afastava, tentando se recompor, sentindo que parte de seu mundo havia desmoronado ali mesmo, naquele vestiário.

Pela tarde, Leona voltou para a faculdade, decidida a colocar sua vida de volta nos trilhos. Assim que chegou, foi diretamente para a coordenação para resolver as pendências das faltas e tentar se readequar ao cronograma do curso. A coordenadora, percebendo a seriedade com que Leona queria retomar os estudos, aceitou seu pedido e ajustou as faltas.

Quando Leona saiu da coordenação, deu de cara com Luigi, que estava no corredor, a observando com uma expressão de desapontamento. Ele se aproximou rapidamente.

— Eu nem te reconheço mais, Leona. O que está acontecendo com você? — perguntou, a voz carregada de mágoa.

Leona baixou os olhos, sentindo o peso das palavras dele.

— Estou fazendo isso pelo bem dos dois, Luigi. As coisas estavam saindo do controle, e não dava mais pra continuar assim — respondeu ela, evitando o olhar direto.

— Você está me fazendo falta — disse ele, num tom quase suplicante.

Ela permaneceu em silêncio, incapaz de encontrar as palavras certas para responder. Então, simplesmente virou-se e saiu caminhando, sem olhar para trás.

Enquanto isso, na quadra de vôlei, Kira se preparava para a competição, ainda abalada pelo que havia presenciado no vestiário. Seu desempenho na quadra estava irreconhecível; os movimentos eram descoordenados e os erros se acumulavam. As colegas de equipe se entreolhavam, surpresas com a performance abaixo do esperado de Kira, que costumava ser uma das melhores jogadoras.

Em uma jogada especialmente complicada, ela tentou dar um mergulho para salvar uma bola e acabou torcendo o tornozelo. Sentindo uma dor aguda, foi para o banco, onde o técnico se aproximou preocupado.

— Você está bem, Kira? Precisa de um médico? — perguntou ele, a expressão séria.

— Estou... estou bem. Só preciso sair daqui por um tempo — respondeu ela, com os olhos marejados, tentando disfarçar a frustração.

Do outro lado do campus, Tales encontrava Frederico e, rindo da situação, contou ao amigo sobre o flagrante de Kira com Marcela.

— Cara, você se meteu num problema e tanto, hein? — Frederico riu, achando graça na confusão.

— Que nada! Kira é muito certinha pra mim. Eu quero é aproveitar a vida, e isso ela nunca vai entender. Sou jovem, rico e tenho todo o tempo do mundo — Tales deu de ombros, despreocupado.

Frederico assentiu, achando que o amigo estava certo em não se apegar.

— Bora então, que minha competição de natação começa em poucos minutos — disse Tales, olhando o relógio.

Os dois saíram correndo em direção à piscina, rindo e conversando sobre as próximas aventuras que pretendiam viver, sem se darem conta das consequências que suas ações estavam prestes a desencadear.

Kira segurava suas coisas com força enquanto caminhava apressada pela área de competições. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e o nó na garganta crescia à medida que se aproximava da arquibancada onde viu Marcela e Leona, ambas assistindo Tales se preparar para a prova de natação. A cena a atingiu com uma força avassaladora, aumentando ainda mais sua sensação de traição.

Ao perceber o estado de Kira, Margarita correu até a amiga.

— O que houve, Kira? — perguntou, a voz carregada de preocupação.

— Fui uma idiota, Margarita. Você e o Maicon tentaram me avisar o tempo todo, e eu simplesmente não quis enxergar a verdade. Tales... Ele é o pior tipo de pessoa — Kira respondeu, tentando conter o choro.

Margarita a abraçou, oferecendo algum consolo.

— Calma, amiga. Não é o fim do mundo. Só mais uma semana, e as aulas acabam na sexta. Você vai conseguir dar a volta por cima.

Kira suspirou, sentindo-se derrotada.

— Fui péssima na competição de vôlei... Nem consigo pensar em voltar para a faculdade. Só quero ir para casa, me trancar no meu quarto e esquecer de tudo isso — disse, tentando afastar as lágrimas.

— Tudo bem, Kira. Vá para casa e descanse. Eu volto para a arquibancada, qualquer coisa me liga — respondeu Margarita, soltando um pequeno sorriso para animá-la.

Enquanto isso, a competição de natação estava prestes a começar. Tales, com sua confiança habitual, posicionava-se na raia, os olhos fixos na água. Maicon, por sua vez, incentivava seu amigo André, que demonstrava nervosismo.

— Vai com tudo, cara. Não se preocupe com o Tales, só se concentre em dar o seu melhor — Maicon disse, batendo no ombro do amigo.

André olhou para Tales, que parecia estranhamente focado, e assentiu.

A prova teve início, e Tales se lançou na água com uma agilidade surpreendente. Enquanto nadava, algo parecia mudar em sua postura. Sob a superfície, ele se movia com uma velocidade quase sobrenatural, como se a água lhe concedesse algum tipo de vantagem oculta. Sua audição e visão eram aguçadas, permitindo-lhe antecipar cada movimento dos adversários. Em pouco tempo, ultrapassou todos os competidores, conquistando a medalha de ouro com folga.

Após a vitória, Tales saiu da piscina comemorando com Frederico e os outros amigos, um largo sorriso no rosto. Margarita observava de longe, incrédula.

— Ele nem parece se importar com a Kira — comentou ela, com um misto de surpresa e desprezo.

— Claro que não. Para ele, tudo se resume a diversão e a vencer — respondeu Maicon, balançando a cabeça.

Quando André finalmente saiu da água, foi direto até Maicon.

— Cara, você viu o jeito que o Tales nadava? Parecia... não sei, diferente. Como se ele se movesse de um jeito impossível — disse André, ainda ofegante.

Maicon e Margarita trocaram olhares preocupados, conscientes do segredo que Tales escondia, mas sem intenção de revelá-lo naquele momento.

— Talvez seja só um truque, André. Ele é competitivo, gosta de impressionar — respondeu Maicon, disfarçando.

André assentiu, ainda intrigado, enquanto Tales se afastava com seus amigos, sem dar a menor atenção para o que acontecia ao seu redor.

Maicon continuava a insistir.

— Margarita, você está sendo ingênua. O Frederico é a mesma coisa que o Tales. Não confie tanto nele — disse, balançando a cabeça em desaprovação.

Margarita cruzou os braços, contrariada.

— Não é verdade. O loirinho tem caráter, é sensível, diferente desses outros aí. Você só está julgando sem conhecer direito — respondeu com firmeza.

Maicon soltou um suspiro, ainda cético.

— Só estou te avisando. Não quero te ver machucada por causa de outro babaca — disse ele, antes de se afastar.

Enquanto isso, em outro banco, Marcela e Leona conversavam animadamente.

— Você precisava ter visto a cara da Kira quando nos encontrou no vestiário. Ela ficou paralisada! — disse Marcela, soltando uma gargalhada.

Leona riu também, mas havia um toque de frieza em sua expressão.

— A sonsa pagou caro por ser tão ingênua. Sempre achei que ela vivia em um conto de fadas, mas o Tales mostrou a verdadeira face — comentou, com um sorriso de satisfação.

— Ele nunca gostou dela de verdade. Está comemorando com os amigos agora, nem lembra que a Kira existe — acrescentou Marcela, com um sorriso malicioso.

Leona balançou a cabeça.

— É, o Tales e o Frederico são iguais. Só pensam em si mesmos. Não dá para confiar — disse, olhando para os rapazes ao longe.

Marcela, mudando de assunto, perguntou sobre Luigi.

— E o Luigi? Vocês dois estão separados, né? Você já deveria ter largado esse romance faz tempo.

Leona suspirou, o olhar perdido por um momento.

— Eu o amo, Marcela, de verdade. Mas tenho que pensar no meu futuro, na faculdade. Não posso largar tudo agora. Mesmo assim, sinto falta de dormir e acordar ao lado dele — confessou, a voz saindo um pouco trêmula.

Marcela soltou um riso seco.

— Ele não é para você, Leona. Deveria estar com alguém do seu nível, que te proporcionasse a vida que merece. Não um cara que mal sabe o que quer da vida.

Leona não gostou do comentário. Seu rosto se fechou, e ela se levantou.

— Não fala assim do Luigi. Ele é muito mais do que você imagina. É o melhor homem que já conheci — disse com firmeza, olhando para Marcela com uma expressão de desagrado.

Marcela deu de ombros, continuando a beber seu refrigerante.

— Tudo bem, se você acha... — murmurou, sem se importar muito.

Leona se afastou rapidamente, sentindo-se desconfortável com a conversa. Precisava pensar nas escolhas que estava fazendo, mas uma coisa era certa: não queria abandonar o Luigi por completo.

Kira entrou em casa, os olhos vermelhos e inchados, e se jogou no sofá, afundando o rosto nas almofadas. Sua mãe, ao ver o estado da filha, se aproximou rapidamente, sentando-se ao seu lado. Sem conseguir segurar mais o choro, Kira se desmanchou em lágrimas, a dor transbordando em cada soluço.

— Mãe... eu... nunca me senti tão machucada como agora... — conseguiu dizer entre os soluços, a voz quase sumindo.

A mãe, com o coração apertado ao ver a filha tão destruída, passou a mão delicadamente pelos cabelos de Kira, acariciando-os na tentativa de confortá-la.

— Calma, meu amor... Estou aqui. Respira fundo, você vai ficar bem — murmurou com ternura, tentando dar um pouco de força à jovem, que parecia tão frágil naquele momento.

Kira levantou o rosto, os olhos marejados e cheios de dor.

— Eu confiei nele, mãe. Eu acreditei em cada palavra... — lamentou, sentindo uma tristeza profunda ao lembrar dos momentos felizes que viveram, agora manchados pela traição.

A mãe continuou acariciando seus cabelos e a puxou para um abraço acolhedor.

— Às vezes, as pessoas nos decepcionam, e isso machuca muito. Mas você é forte, minha filha. Você vai superar isso — disse, com uma firmeza suave na voz.

Kira apenas continuou chorando nos braços da mãe, enquanto tentava lidar com o peso de um coração partido. Era difícil acreditar que alguém em quem ela tinha depositado tanto afeto e confiança pudesse ser capaz de traí-la daquela forma.

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Comments

Mirla 🍒

Mirla 🍒

muitos... qual seu personagem favorito?

2024-11-07

0

Claudia

Claudia

Ķira não será a primeira e nem a última infelizmente existem vários Talles espalhados por aí 😥♾🧿

2024-11-06

1

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