Na segunda-feira, as aulas recomeçaram com um clima de expectativa. Os alunos se acomodavam em suas cadeiras, enquanto a professora entrava na sala com uma pilha de documentos. Com um olhar sério, ela chamou a atenção da turma.
— Bom dia, pessoal! — disse ela, batendo as mãos para silenciar os murmúrios. — Eu gostaria de lembrar a todos que só faltam oito dias para a apresentação. O semestre está chegando ao fim, e é fundamental que cada um de vocês esteja preparado. Se precisarem de ajuda, não hesitem em me chamar.
Os alunos assentiram, e alguns começaram a cochichar sobre seus projetos. Maicon se virou para Margarita, que estava concentrada em seu caderno.
— E aí, Margarita, como está a apresentação? — perguntou ele, arqueando uma sobrancelha.
Ela olhou para ele com um sorriso desdenhoso.
— Está tudo sob controle, Maicon. — respondeu ela, voltando a se concentrar.
— Só não quero que você esteja pensando mais no Frederico do que nos estudos. — ele provocou, fazendo uma expressão cômica.
Margarita revirou os olhos e disse:
— Cala a boca, Maicon.
Enquanto isso, Maicon pensava consigo mesmo.
— O que esses caras fazem com essas meninas? Elas mudam tão repentinamente — refletiu, observando a interação dela com Frederico.
No fundo da sala, Frederico conversava com Tales, que parecia animado.
— Você viu? Leona e Luigi não apareceram na faculdade hoje — comentou Frederico, olhando para o corredor.
— É, eu vi — respondeu Tales, dando de ombros. — Mas acho que a noite deles foi boa, não?
Frederico parou, desfazendo o sorriso que tinha no rosto.
— Ah, não sei... — disse ele, olhando para baixo.
Tales notou a mudança na expressão do amigo e perguntou:
— Você gosta da Leona?
Frederico riu, como se a pergunta fosse absurda.
— Eu gosto de mim mesmo, Tales. Sou um leão — afirmou, fazendo pose.
Tales deu uma risada, mas percebeu que havia algo mais no tom de Frederico.
— Certo, se você diz... — respondeu, sem se convencer totalmente.
O restante da aula passou rapidamente, com os alunos dividindo suas atenções entre as instruções da professora e os desafios de se prepararem para a apresentação. Apesar das distrações, a pressão começava a aumentar à medida que a data se aproximava, e as relações entre eles se tornavam mais complicadas.
Leona estava em casa, tentando ignorar a tempestade de emoções que a assolava. Porém, sua tranquilidade foi abruptamente interrompida por uma ligação inesperada. Era uma intimação para comparecer à delegacia junto com Luigi. O coração dela disparou.
— Como assim, uma intimação? — perguntou ela, assustada. — O que eu fiz de errado?
Luigi a olhou preocupado, percebendo a gravidade da situação.
— Vamos descobrir, Leona. Não se preocupe, estou aqui com você.
Ao chegarem à delegacia, o ambiente só aumentou o nervosismo dela. As paredes brancas, a luz fria e o clima tenso a fizeram se sentir pequena e vulnerável. Leona não conseguia acreditar que seu pai tinha feito isso.
— Ele não pode fazer isso comigo! — exclamou, sentindo a indignação e a tristeza misturarem-se.
Em um momento de desespero, Leona decidiu ligar para sua mãe. Com a voz trêmula, pediu ajuda.
— Mãe, me ajuda! O papai fez uma denúncia contra mim! — disse, tentando manter a calma.
A mãe de Leona, ouvindo a angústia da filha, imediatamente ligou para o marido. Ela implorou que ele retirasse a queixa, lembrando-o de que Leona era filha deles.
— Por favor, amor, ela precisa de você. — disse a mãe, sua voz cheia de preocupação. — Ela é nossa filha!
Após algum tempo, o pai de Leona atendeu, sua voz fria e distante.
— Eu vou retirar a queixa, mas saiba que se ela voltar para casa, não vou chamar a polícia. Vou fazer algo pior. — ele alertou, sua ameaça pairando no ar.
Leona desligou a ligação, sentindo-se devastada. No carro de Luigi, lágrimas escorriam pelo seu rosto.
— Eu não gosto do meu pai, Luigi! — ela exclamou, a dor transparecendo em sua voz.
Luigi, preocupado, colocou a mão em seu ombro e disse suavemente:
— Calma, Leona. Não vamos deixar que isso aconteça com você. Vamos planejar algo contra ele.
Ao ouvir as palavras de Luigi, um sorriso imediato apareceu em seu rosto. O apoio dele a fazia sentir que não estava sozinha nessa batalha.
— Obrigada, Luigi. — disse ela, enxugando as lágrimas. — Você sempre sabe o que dizer.
— É para isso que estou aqui, Leona. Juntos, podemos enfrentar qualquer coisa.
Na faculdade, o clima estava tenso, com os alunos se concentrando em seus estudos. Kira, com um livro aberto à sua frente, estava na biblioteca, mas sua mente estava longe. Quando Tales entrou, ela imediatamente sentiu um misto de alívio e ansiedade.
— Oi, Kira. O que você tem? — ele perguntou, aproximando-se da mesa.
Kira olhou para ele, um pouco hesitante.
— A Marcela disse que ficou com você. — respondeu, tentando esconder sua insegurança.
Tales riu, balançando a cabeça em negativa.
— Ah, Kira, você sabe que a Marcela sempre foi louca por mim. Ela faria qualquer coisa para tentar nos separar. — Ele olhou nos olhos dela com sinceridade. — Mas vocês dois formam um lindo casal, e ela não pode suportar isso.
As palavras dele a tocaram. Kira sentiu um calor subir pelo corpo e, aos poucos, a desconfiança foi se dissipando. Um sorriso se formou em seu rosto.
— Você tem razão. — disse, deixando-se levar pela confiança que ele emanava.
Tales se aproximou mais, envolvendo-a em seus braços e a beijando. Kira sentiu que tudo fazia sentido ali, com ele.
— Só não quero que você me machuque, Tales. — ela murmurou, olhando profundamente nos olhos dele.
— Nunca farei isso com você, Kira. — respondeu ele, com firmeza. — Você é especial para mim.
Enquanto isso, em outra mesa da biblioteca, Maicon conversava com Margarita, tentando entender a situação entre Tales e Kira.
— Margarita, você pode perguntar ao Frederico se o Tales está ficando com a Marcela? — pediu ele, um tanto ansioso.
Margarita hesitou e então balançou a cabeça.
— Não, Maicon. Não quero me envolver nisso.
Mas, após uma pausa, ela acrescentou:
— Ok, eu posso tentar descobrir, mas só porque quero ver a Kira triste.
Maicon a olhou surpreso e preocupado.
— Você deveria superar o que aconteceu entre vocês, Margarita. O que Kira fez foi muito fingido, eu sei, mas não vale a pena.
Ela cruzou os braços, demonstrando sua resistência.
— Olha, Maicon, não posso simplesmente esquecer que ela foi falsa comigo. Eu só quero entender como Tales se deixou levar por ela.
Maicon suspirou, percebendo que a ferida de Margarita ainda estava aberta.
— Então, faça isso, mas lembre-se: seja cuidadosa. Não deixe isso consumir você.
Margarita olhou para a mesa onde Kira e Tales estavam e seu olhar se endureceu. A rivalidade entre elas ainda era intensa, e ela sabia que precisava ficar de olho nos dois.
No refeitório da faculdade, Tales se aproximou de Marcela, a expressão dele era séria.
— Olha, Marcela, não conta a ninguém sobre nós dois, tá? — disse, baixando a voz.
Marcela olhou para ele, com um sorriso provocador no rosto.
— Eu não contei, mas você me chama de mentirosa, Tales.
— Eu sei que você contou para a Kira. — respondeu ele, com um olhar desconfiado.
— Prometo que vou ser sua amante, e eu amo isso! — Marcela disse, piscando para ele. A revelação fez com que Tales abrisse um sorriso discreto. Ele gostava do jeito ousado dela.
— Então, mantenha isso em segredo. — Tales sussurrou, olhando ao redor para ter certeza de que ninguém os escutava.
Enquanto isso, no jardim da faculdade, Margarita encontrou Frederico sentado em um banco, concentrado em seus estudos.
— Posso ajudar com o seu trabalho? — ela ofereceu, sentando-se ao lado dele.
Frederico olhou para ela, surpreso, mas aceitou a ajuda.
— Claro, eu aceito. Agradeço, Margarita.
Margarita sorriu, mas logo sua expressão ficou mais séria.
— Você sabe algo sobre o Tales e a Marcela?
Frederico franziu a testa, negando.
— Não, não sei de nada.
Ela não se deixou abalar e insistiu.
— Mas o Tales é seu amigo, não é? Você deve saber alguma coisa.
Frederico balançou a cabeça novamente.
— Sério, não sei de nada.
Margarita se mostrou um pouco frustrada.
— Eu só quero entender o que está acontecendo. Não sou amiga da Kira, e isso não me diz respeito, mas…
Frederico a interrompeu, curioso.
— Mas o que?
— Eu só não entendo como Tales pode estar se envolvendo com a Marcela. Não parece certo.
Ele a observou, percebendo que ela estava realmente preocupada com a situação.
— Olha, não se preocupe tanto com isso. Cada um faz suas escolhas.
Margarita suspirou, sabendo que Frederico estava certo, mas ainda assim sentia que precisava investigar mais sobre o que estava acontecendo entre Tales e Marcela. Ela não ia descansar até descobrir a verdade.
Na calada da noite, Luigi ligou para Leona, convidando-a para dar uma volta. A loirinha, animada, aceitou na hora. Enquanto caminhavam pela rua, eles passaram pela casa dela e Luigi parou, pegando um capuz de sua mochila.
— Coloca isso — pediu, entregando o capuz a Leona.
Ela olhou desconfiada, levantando uma sobrancelha.
— O que você vai fazer?
— Apenas me siga — ele respondeu, um sorriso travesso no rosto.
Os dois invadiram novamente a casa dos pais de Leona, mas dessa vez se disfarçaram. Com o capuz cobrindo seus rostos, eles conseguiram entrar na casa sem serem reconhecidos. Assim que entraram, o pai de Leona, que estava assistindo TV, se levantou ao ouvir barulhos estranhos. Ele foi verificar o que estava acontecendo e, ao virar a esquina, deu de cara com os dois intrusos.
— O que vocês estão fazendo aqui? — ele gritou, surpreso e assustado.
Antes que ele pudesse fazer qualquer movimento, Luigi rapidamente o amarrou com uma corda que trouxe. Leona ficou observando, um misto de nervosismo e excitação tomando conta dela.
— Agora você vai ver como é bom ter uma filha como eu — Leona disse, desafiadora. Ela subiu as escadas junto com Luigi, enquanto o pai ainda tentava se soltar.
Chegando ao quarto do casal, Leona começou a abrir as gavetas e pegar tudo o que podia encontrar de valor.
— Olha isso, Luigi! — ela exclamou, segurando joias e dinheiro. — Esse dinheiro dá para comprarmos um apartamento e morarmos juntos!
Luigi a observou com um sorriso satisfeito, mas então sua expressão mudou.
— Não quero deixar a minha avó sozinha.
O sorriso de Leona se desfez, e a irritação tomou conta dela.
— Mas você não está vendo que essa é a nossa chance? — ela protestou. — Não podemos ficar dependendo da sua avó. Isso é sobre nós!
Ele hesitou, olhando para as joias em suas mãos e depois para ela. A ideia de um novo começo era tentadora, mas a lealdade à família pesava em sua consciência.
— Eu sei, mas… — ele começou a argumentar.
— Você sempre arruma desculpas! — Leona disparou, frustrada. — Esse é o nosso momento!
Luigi suspirou, percebendo que precisava encontrar um equilíbrio entre os desejos de Leona e suas próprias responsabilidades. Ele estava dividido, mas uma coisa era certa: aquela noite mudaria suas vidas para sempre.
Com as mãos cheias de objetos valiosos, eles saíram da casa, deixando os pais de Leona amarrados e sem saber o que fazer. Enquanto entravam no carro, Leona vibrou de alegria.
Chegando em casa, Luigi e Leona subiram para o quarto dele, o coração pulsando de adrenalina e emoção. Eles se sentaram na cama e começaram a abrir as sacolas, espalhando o que haviam conseguido: joias, dinheiro e objetos de valor.
— Olha isso! — Leona exclamou, segurando um colar brilhante. — Isso vale uma fortuna!
Luigi sorriu, mas logo sua expressão ficou séria.
— Precisamos fugir para outro país. Seu pai vai fazer algo pior com a gente.
Leona balançou a cabeça, despreocupada.
— Não se preocupe, ele não tem provas de que fomos nós. Estávamos disfarçados. Ele vai continuar pensando que sou a filha perfeita, enquanto estamos aqui fora, aproveitando.
Os dois se aproximaram, e a tensão do momento se transformou em um beijo intenso, um brinde silencioso à liberdade e à nova vida que imaginavam ter. Após o beijo, Leona teve uma ideia.
— Vamos pedir uma pizza para comemorar?
— Boa ideia! — Luigi concordou, já pegando o celular para fazer o pedido.
Enquanto isso, na casa de Luigi, sua avó estava na cozinha, com um olhar desconfiado. Ela observava a quantidade de dinheiro e objetos que ele e Leona estavam trazendo para casa e começou a se perguntar o que estava acontecendo.
Na casa de Frederico, a atmosfera era bem diferente. Ele estava no sofá, fazendo alguns trabalhos da faculdade, enquanto Margarita estava sentada ao seu lado, cercada de livros e papéis.
— Você poderia fazer isso para mim? — ele disse, com um sorriso sedutor.
— Claro! — Margarita respondeu, sem perceber que estava caindo na armadilha dele.
Enquanto ela se concentrava, Frederico, com um ar de satisfação, começou a alisar o cabelo dela.
— Você está enxergando bem? — ele perguntou, com um tom brincalhão.
— Sim, eu estou. Pesquisei sobre corujas e elas têm uma ótima visão! — respondeu Margarita, animada, sem notar a forma como ele a manipulava. — Minha visão está melhor a cada dia.
Frederico sorriu para si mesmo, satisfeito em ter Margarita tão concentrada no que estava fazendo e tão alheia a suas intenções. Ele estava determinado a usar isso a seu favor, e a cada momento, mais evidente se tornava a manipulação que estava exercendo sobre a garota.
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Atualizado até capítulo 32
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