Os jovens estavam exaustos, feridos e assustados quando finalmente encontraram uma caverna na floresta para se abrigar. A escuridão da noite os envolvia, e o cansaço pesava sobre seus ombros. Respiravam aliviados por terem escapado dos helicópteros e das luzes, mas não tinham ideia de que agora estavam fugindo da própria polícia, acionada por seus familiares. Eles achavam que eram os homens do Doutor Veigan os perseguindo e temiam que o perigo estivesse cada vez mais próximo.
Dentro da caverna, o ambiente era frio e úmido. Frederico, com a testa suada e o olhar preocupado, ergueu a mão.
— Eu vou tentar buscar sinal no celular para ligar para os meus pais e avisar que estamos bem — disse ele, começando a caminhar para fora.
Antes que pudesse dar mais um passo, Margarita segurou seu braço.
— Você tá louco? Isso pode ser perigoso! — exclamou ela. — Se o Doutor Veigan descobrir onde estamos, ele pode fazer mal à sua família. Temos que ser cuidadosos, Frederico.
Ele parou, considerando as palavras de Margarita. Ela estava certa; qualquer movimento em falso poderia colocá-los em risco ainda maior. Relutante, ele se sentou novamente, suspirando.
— Só queria que meus pais soubessem que estou bem… Eles devem estar desesperados — murmurou Frederico, a voz cheia de angústia.
Na cidade, a mãe de Kira, ainda tomada pela preocupação, levou a carta que encontrou no quarto da filha para o delegado. Ela esperava que ele levasse a sério, mas, ao ler, o delegado riu com desprezo.
— Senhora, DNA humano misturado com o de animais? Isso é impossível — disse ele, balançando a cabeça. — Não há nenhuma prova que sustente uma teoria tão absurda. Seus filhos provavelmente estão apenas em alguma aventura juvenil fora de controle.
A mãe de Kira ficou irritada com a atitude do delegado, mas não tinha outro recurso a não ser esperar e torcer para que Kira estivesse bem.
De volta à floresta, a noite caiu, e a escuridão ao redor da caverna parecia se tornar mais espessa. Os jovens sabiam que precisavam se aquecer e se alimentar. Frederico e Maicon saíram para buscar lenha, enquanto os outros descansavam. O frio começou a se intensificar, e as sombras se moviam com o farfalhar das folhas.
Leona se levantou e fez menção de seguir para a floresta, mas Margarita, sempre alerta, a impediu.
— Não vá, Leona. Pode ser perigoso. Se você desaparecer, tudo pode ficar ainda pior. Não sabemos o que está lá fora — disse Margarita, olhando diretamente para os olhos de Leona.
Leona hesitou, mas acabou concordando. Ela voltou a se sentar no chão frio da caverna e abraçou os joelhos, tentando se aquecer.
Enquanto isso, Kira se aproximou de Margarita, tentando iniciar uma conversa para resolver o mal-estar que havia entre elas.
— Margarita, podemos conversar? — começou Kira, a voz trêmula.
Margarita lançou um olhar gelado em direção à antiga amiga.
— Não temos nada para conversar, Kira. — A ruiva cruzou os braços. — A nossa amizade acabou. Você é o pior tipo de pessoa, e eu não quero saber mais nada de você.
As palavras de Margarita cortaram Kira como uma lâmina. Ela se afastou, o peito apertado pela tristeza e pelo arrependimento, mas não sabia como resolver a situação. Os erros do passado pareciam persegui-la implacavelmente, e as consequências estavam cada vez mais nítidas.
Quando Frederico e Maicon voltaram com a lenha, acenderam uma fogueira na entrada da caverna, que iluminava os rostos cansados e as expressões pesadas de cada um deles. As chamas dançavam, lançando sombras contra as paredes de pedra e aquecendo levemente o ambiente. Todos sabiam que precisariam descansar, mas também precisavam decidir o que fariam no dia seguinte. O cansaço era evidente, mas a ameaça que pairava sobre eles parecia interminável.
Enquanto o calor da fogueira os envolvia, os jovens se sentiam temporariamente seguros, mas a tensão permanecia no ar. Eles precisavam se unir e encontrar uma forma de sobreviver, mesmo quando as diferenças e os ressentimentos pareciam crescer entre eles. A noite mal havia começado, e o verdadeiro desafio ainda estava por vir.
A noite na caverna trouxe um raro momento de descanso para os jovens. Kira, sentindo o conforto do braço de Tales ao seu lado, deitou-se e apoiou a cabeça no ombro forte dele. Tales a envolveu com o outro braço, e os dois ficaram ali, aproveitando a proximidade. Enquanto isso, Maicon observava de longe, o rosto tenso e os olhos fixos nos dois. Margarita notou a expressão de Maicon e, sem dizer nada, apenas observou-o, tentando entender o que se passava em sua mente.
Leona e Luigi, sentados próximos à entrada, riam discretamente enquanto conversavam. O som suave de suas risadas ecoava pela caverna, atraindo a atenção de Frederico, que estava deitado. Ele ergueu a cabeça, estranhando a forma como os dois pareciam próximos, mas sem dizer nada, acabou adormecendo novamente, exausto demais para se preocupar.
No dia seguinte, o caos já havia se espalhado. As fotos dos jovens desaparecidos estavam por toda parte: jornais, redes sociais, programas de notícias. A faculdade era um alvoroço de rumores e preocupações, e os familiares dos estudantes viviam momentos de desespero crescente. A pressão para encontrar os jovens aumentava a cada minuto.
Na caverna, Margarita foi a primeira a romper o silêncio.
— Gente, nós não podemos ficar aqui por muito tempo. Se ficarmos parados, vamos acabar morrendo de fome, de frio... ou nas mãos do Veigan.
Maicon, sentado com as costas contra a parede de pedra, suspirou profundamente.
— Eu sei, Margarita, mas… eu tô com medo. Não sei o que o Doutor Veigan fez exatamente com a gente. E se eu acabar me transformando num macaco de verdade?
A inquietação nos olhos de Maicon era evidente, e Margarita se aproximou para tentar acalmá-lo.
— Não vamos deixar isso acontecer, Maicon. Não estamos sozinhos — disse ela, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.
Frederico se levantou, esticando os braços.
— É melhor continuarmos na caverna até encontrarmos uma alternativa para acabar de vez com o Veigan. Sair sem um plano é muito arriscado — afirmou ele.
Leona, impaciente, levantou-se abruptamente.
— Tudo bem, mas eu estou com fome — disse, olhando para Luigi com um brilho no olhar. — Vamos caçar algo para comer.
Frederico observou a confiança na atitude de Leona e a forma como ela segurou a mão de Luigi antes de sair.
— Você realmente mudou, Leona — comentou ele, sem conseguir esconder uma ponta de admiração.
Leona apenas sorriu para ele antes de sumir na floresta ao lado de Luigi. Tales ergueu o olhar do lugar onde estava sentado, alertando:
— Não demorem! Temos que ficar juntos.
Enquanto os dois sumiam entre as árvores, Tales voltou a atenção para Kira.
— Dormiu bem? Está se sentindo melhor? — perguntou ele, com um sorriso tranquilizador.
Kira assentiu e, antes que pudessem trocar mais palavras, se beijaram, mergulhando em um momento de carinho e conforto mútuo. As carícias tornaram-se mais intensas, e o mundo ao redor parecia desaparecer.
Maicon, que ainda observava de longe, sentiu uma pontada de desconforto ao ver a cena. Tentando se distrair, chamou Margarita.
— Vamos lá fora. Precisamos colher algumas frutas antes que Leona e Luigi voltem.
Concordando, Margarita seguiu Maicon para fora da caverna. Enquanto colhiam frutas, Maicon foi subitamente surpreendido por dois macacos que saltaram das árvores, agarrando seus braços e tentando puxá-lo. Ele gritou, pedindo ajuda.
— Margarita, me ajuda aqui!
Margarita riu ao ver a cena.
— Acho que eles estão se identificando com o seu cheiro, Maicon. Parece que encontraram um parente distante! — brincou ela, tentando afastar os macacos com movimentos rápidos.
Maicon, finalmente se livrando dos animais, respirou fundo, irritado.
— Esse dia já começou péssimo.
Margarita, ainda rindo, virou-se para ele.
— Sabe, Maicon, você ainda gosta da Kira, não é?
Maicon arregalou os olhos, balançando a cabeça em negação.
— Claro que não! Eu já superei isso faz tempo.
Margarita arqueou uma sobrancelha e sorriu, incrédula.
— Você é um mentiroso ruim, sabia?
Ele abriu a boca para protestar, mas não conseguiu encontrar palavras. Margarita continuou a sorrir enquanto voltavam para a caverna, e, por um momento, o clima tenso parecia ter se dissipado um pouco. Mas todos sabiam que ainda estavam longe de estar a salvo.
Dentro da caverna, Margarita, Maicon, Tales, Kira e Frederico estavam reunidos em círculo, comendo algumas frutas que conseguiram encontrar na floresta. A atmosfera era descontraída, apesar das circunstâncias tensas.
kira, com um olhar provocador, decidiu brincar com Frederico:
— E aí, Frederico? Não conseguiu caçar nenhum animal, já que você é o "rei da floresta"?
Frederico deu de ombros com um sorriso leve.
— Sou vegano, sabia? — respondeu ele, arrancando risadas dos outros.
— Vegano nada, ele é é medroso mesmo — brincou Tales, e todos riram. Por alguns momentos, o grupo parecia estar em um lugar seguro, longe das ameaças que os cercavam.
Em seguida, Margarita contou sobre um incidente anterior:
— E tem mais! Maicon quase foi "sequestrado" por dois macacos! — disse ela, rindo.
Os risos preencheram a caverna, embora Maicon mostrasse um sorriso mais contido. Então, Kira tentou trazer uma reflexão positiva.
— Apesar de tudo, acho bom estarmos aqui juntos. Isso fez a gente se unir, de alguma forma — disse Kira, tentando transmitir esperança.
Margarita cruzou os braços, com uma expressão séria.
— Eu não concordo, Kira. Não confio em você. Não depois do que aconteceu.
Tales não gostou do tom de Margarita e rebateu:
— Para com isso, Margarita. Precisamos de união, não de rancor. A Kira está do nosso lado.
Antes que o clima pudesse ficar ainda mais tenso, o som de passos na floresta chamou a atenção do grupo. Eles ficaram em silêncio, atentos ao que aconteceria.
Enquanto isso, Leona e Luigi estavam na floresta, tentando encontrar algo para comer. Leona, usando suas habilidades, conseguiu capturar uma presa com agilidade. Luigi se aproximou, surpreso com a sua destreza.
— Uau, Leona, isso foi impressionante! — elogiou Luigi.
Leona, orgulhosa, sorriu para ele. No impulso do momento, os dois se aproximaram mais do que o esperado, caindo no chão em meio à brincadeira. Porém, algo chamou a atenção de Luigi, e ele se levantou rapidamente ao perceber uma presença inesperada.
Um homem apareceu diante deles, com roupas escuras e uma expressão séria. Era claro que estava a mando do doutor Veigan.
— Vocês vão me dizer onde estão os outros — ordenou o homem, a voz carregada de ameaça.
Leona se colocou na frente de Luigi, em posição defensiva.
— Não vamos cooperar. Não importa o que você diga — respondeu ela, sem demonstrar medo.
O homem deu um passo à frente, mas a determinação nos olhos de Leona indicava que ela estava pronta para lutar. Luigi agarrou um pedaço de madeira próximo e conseguiu afastar o homem, derrubando-o no chão.
— Vamos voltar para a caverna e avisar os outros. Isso foi um aviso, Leona. Eles estão se aproximando — disse Luigi.
Leona concordou com um aceno de cabeça, e os dois correram de volta para avisar o grupo, sabendo que o tempo de segurança havia acabado.
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Atualizado até capítulo 32
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