Capítulo 17 - O pior está por vir

Leona e Luigi estavam na casa da avó dele, rodeados por malas abertas e roupas espalhadas. O clima estava agitado, mas cheio de expectativas para a viagem que planejavam fazer.

— Onde você vai mesmo? — a avó de Luigi, Dona Helena, entrou no quarto com um olhar desconfiado. — Você não me disse que as aulas ainda estavam acontecendo.

Luigi, tentando manter a calma, respondeu:

— Já estamos de férias, vovó. Vamos aproveitar para viajar.

Dona Helena levantou uma sobrancelha, claramente cética. A preocupação crescia dentro dela.

— Férias? Desde quando você não me conta essas coisas? — disse ela, a voz aumentando um pouco.

Leona, percebendo a tensão, tentou intervir:

— É uma viagem para relaxar, Dona Helena. Eu vou cuidar muito bem do Luigi.

Mas a avó não estava convencida e, em um impulso, decidiu ligar para a faculdade. Leona trocou olhares preocupados com Luigi, que fez uma careta, sabendo que isso poderia complicar ainda mais a situação.

Enquanto aguardavam a ligação, Leona virou-se para Luigi, sua expressão mudando.

— Por que você não me ama, Luigi? — perguntou, com uma tristeza palpável na voz.

Ele hesitou antes de responder:

— Eu gosto de você, mas sempre fui fechado em relação a sentimentos. Não sei como lidar com isso.

Leona sentiu um aperto no coração, mas antes que pudesse responder, Dona Helena entrou abruptamente no quarto, com o telefone na mão.

— Luigi, você está mentindo! — ela disse, com a voz carregada de indignação. — Isso tudo parece roubado. Estou envergonhada por você!

Luigi se irritou e, sem pensar duas vezes, saiu do quarto, com Leona logo atrás dele. O clima estava pesado, e a sensação de desespero se espalhou pelo ambiente.

Assim que chegaram à porta, ouviram sirenes. A polícia estava na entrada da casa, pronta para invadir. Os policiais entraram sem hesitar, começando a vasculhar tudo à procura de provas.

— O que está acontecendo? — gritou Luigi, confuso.

Os policiais rapidamente o cercaram e, em questão de minutos, Luigi e Leona estavam algemados e sendo levados para a viatura.

Dona Helena, em estado de choque, observou tudo de sua porta, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Eu estou tão envergonhada! — ela chorou, vendo seu neto sendo levado. — Como você pôde fazer isso, Luigi?

Os vizinhos começaram a se aglomerar, sussurrando e comentando sobre a situação. A vizinha Lúcia se aproximou de Dona Helena, tentando consolá-la.

— Não se preocupe, dona Helena. Isso deve ser um mal-entendido. — Lúcia tentou acalmá-la, levando-a para dentro de casa e oferecendo um copo d'água. — O que aconteceu?

Dona Helena suspirou profundamente e, em meio às lágrimas, desabafou:

— Desde que o Luigi conheceu essa loira rica, ele mudou. Ele estava indo tão bem na faculdade de medicina, e eu me esforço tanto para manter essa casa com minha aposentadoria.

Enquanto isso, na faculdade, os alunos se reuniam para treinar para as olimpíadas estudantis. A ansiedade estava no ar, pois a competição seria transmitida por uma emissora local.

Maicon, Kira, Margarita e outros alunos estavam se dedicando ao máximo, conscientes de que seus desempenhos poderiam impactar suas notas. Kira, com um sorriso no rosto, se preparava para o vôlei, enquanto Margarita tentava se concentrar no xadrez, ainda se recuperando da confusão envolvendo Tales.

— Isso vai ser incrível! — gritou Maicon, enquanto todos se preparavam para o treino.

A energia era contagiante, mas por trás da empolgação, as preocupações com Luigi e Leona pairavam no ar, como uma nuvem escura prestes a desabar.

Capítulo

Na área da piscina, Kira estava distraída, segurando seu roupão, quando avistou seu atleta favorito nadando. Ele tinha um corpo todo tatuado e cabelos negros lisos que reluziam sob a luz do sol. Enquanto nadava, ele passou a mão nos cabelos e deu uma piscada para Kira, fazendo seu coração disparar.

— Uau! — ela murmurou para si mesma, sentindo-se um pouco envergonhada, mas ao mesmo tempo empolgada.

André saiu da piscina, a água escorrendo pelo seu corpo, e Maicon lhe entregou a toalha. Enquanto André se secava, eles começaram a comentar sobre a situação de Luigi e Leona.

— Não consigo acreditar que Leona se envolveu em algo assim. Seus pais são ricos! — André disse, sacudindo a cabeça em descrença.

Maicon balançou a cabeça, concordando.

— Eu sempre soube que Luigi era uma péssima companhia. Lembra daquela festa na piscina? Ele roubou o Tales!

André riu, mas a preocupação estava estampada em seu rosto.

— É uma pena. Eu achava que ela tinha mais juízo. Agora tudo parece um grande caos.

Enquanto isso, no campo da faculdade, Margarita observava Frederico em ação. Ele se movia com uma agilidade impressionante, o mais rápido e feroz do grupo, surpreendendo todos os que estavam assistindo aos treinos. Cada jogada era um espetáculo, e os olhares admirados dos colegas só aumentavam sua confiança.

— Ele está incrível hoje! — exclamou Vitória, a amiga de Margarita, que estava ao seu lado.

— Ele é assim mesmo, não precisa de nada — respondeu Margarita, tentando defender Frederico.

Vitória, com um olhar cético, disse:

— Margarita, você sabe que estou na faculdade há muito tempo, e conheço o Frederico desde o ensino médio. Ele não era tão ágil assim. Tem algo a mais aí.

Margarita ficou sem jeito, mas decidiu não entrar em discussões. Assim que Frederico terminou o treino, ela se dirigiu a ele com um sorriso feliz no rosto.

— Você jogou muito bem! — ela disse, admirada.

Frederico a olhou surpreso.

— Pensei que você estivesse chateada comigo — respondeu ele, um pouco inseguro.

— De jeito nenhum! Você foi como um líder lá em campo. Fiquei impressionada — respondeu Margarita, sentindo-se animada.

Ele abriu um sorriso satisfeito, o brilho em seus olhos deixando Margarita ainda mais encantada. O técnico do time se aproximou de Frederico, dando-lhe um tapinha nas costas.

— Você está indo muito bem, garoto! — elogiou o técnico. — Continue assim, e vamos longe.

Frederico se sentiu ainda mais motivado com o reconhecimento, enquanto Margarita observava tudo com um misto de orgulho e admiração.

Enquanto isso, o clima de tensão em torno da situação de Leona e Luigi ainda pairava sobre todos, mas a energia nas olimpíadas estudantis estava se intensificando. Os alunos se preparavam para dar o melhor de si, mesmo com os desafios pessoais que cada um enfrentava.

Capítulo

Na delegacia, o clima estava tenso. Leona encarava Luigi com uma expressão preocupada, tentando transmitir a confiança que não sentia.

— Minha mãe não vai deixar que nada de ruim aconteça com a gente — disse ela, tentando confortar o namorado.

Mas antes que pudesse continuar, o pai de Leona, senhor Leonardo, apareceu. Sua presença impôs um ar de autoridade ao ambiente.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Leona, surpresas misturadas com medo.

Leonardo olhou para a filha com desapontamento.

— Sua mãe já está sabendo do que aconteceu — ele disse. — E eu apoio a atitude dela. Você não deveria fazer isso com seus pais.

Leona sentiu as lágrimas escorregarem pelo rosto.

— Mas vocês sempre me maltrataram! Sempre exigem muito de mim.— gritou, sua voz embargada. — Sempre foram tão duros comigo!

— Se fazemos isso porque somos os seus pais e queremos sempre o melhor para voce. Você sempre foi rebelde, Leona, e agora está pior depois que conheceu esse... favelado. Ele não combina conosco, ele é não é da mesma classe social que você. — disse o pai, seu tom severo cortante.

— Eu estou apaixonada! — ela exclamou, desafiando-o. — Não posso deixar isso para trás só porque você não gosta dele.

— Você vai viver passando fome com esse tipo de escolha — respondeu ele, seu olhar endurecendo ainda mais.

Leona, em meio às lágrimas, fez um pedido desesperado.

— Por favor, retire a queixa contra mim e contrate um advogado.

Leonardo suspirou, claramente frustrado, mas também havia um sinal de cansaço em sua expressão.

— Eu farei isso porque não aguento mais passar vergonha por sua causa. Mas tem uma condição: você nunca mais se aproxime de Luigi e volte para a faculdade.

— Eu só farei isso se você soltar o Luigi também! — desafiou Leona, os olhos firmes.

Ele hesitou por um momento, mas finalmente concordou, vendo que não tinha muito a perder.

Assim que o acordo foi feito, os dois foram soltos da delegacia. Do lado de fora, Leona olhou para Luigi, a expressão dele misturando raiva e preocupação.

— É melhor a gente não ficar mais juntos — disse ela, sua voz trêmula.

Luigi a encarou com desdém.

— Você é covarde, Leona. Seu pai consegue lhe assustar e você sempre cai na dele. Nao sabia que você era dessa maneira.

— Eu não sou covarde! — ela retrucou, tentando se manter firme. Eu fiz isso pelo bem de nós dois. Eu sei quem é meu pai e ele é capaz de tudo.

Ele balançou a cabeça, frustrado, enquanto ela se afastava, deixando um vazio entre eles.

Leonardo, satisfeito com o que presenciou, guiou Leona para dentro de seu carro, sua postura rígida e autoritária.

— Vamos para casa — disse ele, e Leona se sentou no banco de trás, sentindo uma mistura de alívio e tristeza.

O que havia acontecido naquela delegacia ainda ecoava em sua mente. Ela sabia que, mesmo longe de Luigi, seu coração ainda pulsava por ele. Mas agora, mais do que nunca, as obrigações familiares e o peso de suas escolhas se tornavam mais claros.

Dentro do carro, o silêncio pesado foi quebrado por Leonardo, que não conseguiu segurar a irritação.

— Você tem tudo que quer, Leona. Um bom colégio, roupas de marca, viagens... E ainda assim decide roubar? — ele reclamou, seu tom era um misto de desapontamento e raiva.

Leona olhou pela janela, as luzes da cidade passando rapidamente.

— A minha vida estava monótona, pai. Eu precisava de algo diferente — ela respondeu, sua voz mais firme do que se sentia.

Leonardo apertou o volante, sua irritação crescendo.

— Monótona? Você depende de mim para tudo! Se aprontar mais uma dessa, não vai ser apenas uma lição. Você vai ficar na cadeia para sempre!

Leona se virou para ele, indignada.

— Você não entende! Eu não consigo viver essa vida perfeita que você espera de mim. Eu quero mais do que só cumprir regras e ser a filha exemplar!

— E quer isso a custo de quê? — retrucou Leonardo, furioso. — Acha que o mundo é um grande playground? As consequências são reais, Leona. Você precisa pensar no que está fazendo!

— Eu pensei, e foi exatamente isso que eu queria! — disse ela, o desespero transparecendo em sua voz. — Sinto que estou perdendo o controle da minha própria vida.

Leonardo respirou fundo, tentando se acalmar.

— Controlar a sua vida não significa agir como uma criminosa. Você tem um futuro brilhante pela frente, e eu não vou deixar que você jogue isso fora por causa de uma paixão passageira.

Leona cruzou os braços, seu olhar desafiador.

— Se é assim que você vê as coisas, então talvez eu não queira esse futuro que você planejou para mim.

O carro parou em frente à casa, e a tensão entre eles era palpável.

— Então me diga, Leona, o que você quer realmente? — questionou Leonardo, já exausto daquela conversa.

Ela hesitou, o coração batendo forte.

— Eu... não sei — respondeu, a sinceridade em sua voz.

Leonardo a olhou com uma mistura de preocupação e frustração.

— Acha que eu quero ver você sofrer? Eu só quero o melhor para você. Pense no que você realmente quer, porque as decisões que você toma agora vão moldar o seu futuro.

Leona saiu do carro em silêncio, sentindo-se perdida. Enquanto caminhava em direção à entrada da casa, as palavras do pai ecoavam em sua mente, misturadas com a imagem de Luigi e tudo o que ela havia desejado ser. Ela sabia que precisava fazer escolhas, mas a ideia de voltar para a vida monótona que ele queria para ela parecia cada vez mais insuportável.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!