No carro, o silêncio se instaurava enquanto os amigos dirigiam sem um destino certo. Margarita, observando a estrada à frente com preocupação, quebrou o silêncio:
— Isso é loucura. A gente não tem plano nenhum! O que vamos fazer agora?
Frederico olhou pelo retrovisor para os amigos no banco de trás e respondeu com determinação:
— Apenas sigam meu carro. Sei para onde podemos ir... por enquanto.
Sem opções, Tales acelerou para acompanhar Frederico, que seguia por uma estrada secundária, sinuosa e desconhecida. A vegetação se tornava mais densa e selvagem a cada quilômetro, como se estivessem adentrando em território inexplorado. Mas, subitamente, o som de hélices cortando o ar ecoou sobre suas cabeças. Três helicópteros surgiram no horizonte, sobrevoando o grupo e lançando feixes de luz intensos na tentativa de localizá-los.
Dentro do carro, Margarita olhou para o céu com uma sensação de pânico crescendo em seu peito. Mas, ao mesmo tempo, algo estranho acontecia: sentia como se suas costas se estivessem tornando mais leves, quase como se ela pudesse voar. Maicon percebeu a agitação de Margarita e, com um tom preocupado, comentou:
— Isso não está dando certo. Vou sair do carro, ou o doutor Veigan vai acabar nos capturando!
Frederico, percebendo que estavam encurralados, acelerou ainda mais, desviando de árvores e obstáculos na estrada. Ao mesmo tempo, Tales tentava manter o ritmo, guiando seu carro com Kira ao lado. Com a adrenalina a mil, ele tomou uma decisão drástica: jogou o veículo em direção a um rio à frente, em uma tentativa desesperada de despistar os helicópteros.
O carro atingiu a água com força, e a correnteza rapidamente os arrastou. Tales, com seus reflexos rápidos e força incomum, sentiu seu corpo se adaptar ao ambiente aquático. Sua pele começava a mudar, ficando mais resistente à pressão da água. Nadando com facilidade, ele percebeu que Kira se afogava, incapaz de lidar com a força das águas. Sem pensar duas vezes, ele a resgatou e, com movimentos precisos, realizou a respiração boca a boca. O homem-tubarão estava no controle, e a jovem começou a recuperar a consciência.
Enquanto isso, em uma pequena cabana de palha, Luigi e Leona estavam escondidos, tentando se manter fora do alcance dos helicópteros que sobrevoavam a área. Luigi observava os arredores com desconfiança, sentindo o farfalhar de folhas e o movimento da floresta ao seu redor. Ele tinha a nítida sensação de que algo ou alguém se aproximava.
— Você também está sentindo isso? — perguntou Leona, sua respiração ofegante, como se seu instinto animal a alertasse de um perigo iminente.
Luigi assentiu, seus olhos atentos fixos na entrada da cabana. Estava claro que a fuga apenas começava e que, com o doutor Veigan em seu encalço, cada passo seria um teste de sobrevivência. Eles precisavam estar preparados para lutar.
DUrante o silêncio noturno da floresta, Frederico e seus amigos continuavam escondidos na caverna úmida e escura. Margarita, ainda inquieta por causa do morcego que havia passado, tentava se manter calma.
— Precisamos manter a cabeça fria — disse Frederico, observando a entrada da caverna. — Pelo que ouvi, o doutor Veigan desistiu das buscas por enquanto. Mas isso não significa que estamos seguros.
Maicon, sentado ao lado de Margarita, assentiu.
— Ele não vai desistir tão fácil. Se o doutor Veigan realmente acha que perdemos o rastro dele, ele está subestimando a gente. Precisamos nos unir, encontrar o restante do grupo e nos preparar para o que vem pela frente.
Enquanto isso, do outro lado da floresta, Luigi e Leona se aconchegavam sob a cabana improvisada de folhas e galhos. A sensação de perigo iminente ainda pulsava em seus corpos, mas Leona se sentia mais tranquila com Luigi ao seu lado. Ela observava os arredores, os olhos atentos como os de um predador.
— O professor subestima a gente, mas se depender de mim, ele vai pagar caro. — disse Leona com um tom de determinação.
Luigi riu, a língua bifurcada saindo brevemente enquanto respondia:
— Vamos ter nossa chance, Leona. Agora, vou procurar algo para aquecer a gente, porque o ar está ficando mais frio. Pode ser que venha uma tempestade.
Enquanto os dois tentavam se preparar para a noite, Tales e Kira, escondidos sob galhos, lutavam para manter o silêncio. Kira ainda tremia nos braços de Tales, sentindo o perigo ao redor. Para ele, ela parecia mais frágil do que nunca, como um pássaro assustado tentando escapar de uma gaiola.
— Vamos sair daqui ao amanhecer e tentar encontrar os outros — sussurrou Tales, apertando-a um pouco mais contra si. — Precisamos nos reunir. Juntos, temos mais chances.
Ao amanhecer, o grupo que estava na caverna, liderado por Frederico, começou a se mover pela floresta densa, mantendo os sentidos aguçados. Margarita, com sua visão noturna aprimorada, guiava o caminho, enquanto Maicon se mantinha alerta a qualquer movimento estranho. A tensão crescia a cada passo.
De volta ao laboratório, Renata e o doutor Veigan assistiam às telas de monitoramento, agora sem sinal algum dos rastreadores. O doutor estava furioso.
— Eles estão ficando mais fortes e autossuficientes, Renata. Isso está se tornando um problema — disse o doutor.
— Mas veja pelo lado positivo — respondeu Renata com um sorriso frio. — O experimento deu certo. Eles sobreviveram dois dias na floresta com habilidades recém-adquiridas. Agora, resta saber até onde podem chegar.
Enquanto a manhã seguia, os jovens continuavam sua jornada, tentando se encontrar. O som da floresta ao redor era constante, mas havia uma sensação de que a verdadeira caçada ainda estava por começar.
Luigi se movia silenciosamente pela floresta, seus sentidos aguçados o ajudavam a identificar qualquer fonte de alimento. Ele escalou uma árvore alta e encontrou um grupo de mangas maduras. Com um sorriso satisfeito, começou a colhê-las, tomando cuidado para não deixar vestígios que poderiam revelar sua localização. Enquanto isso, Leona, sentada sob a sombra de uma árvore imponente, aproveitava o breve momento de tranquilidade. Porém, essa paz foi interrompida por um rosnado baixo e ameaçador.
Leona virou-se bruscamente e viu, a poucos metros de distância, uma leoa real. Seus pelos se arrepiaram e seu corpo reagiu automaticamente, transformando-a na mulher-leoa. As duas se encararam por um momento tenso antes de avançarem uma contra a outra, rolando no chão em um combate selvagem. A leoa mordeu a perna de Leona, que reagiu com um rugido feroz. No entanto, antes que o conflito escalasse, um som mais potente ecoou pela floresta: o rugido de um leão.
Leona e a leoa pararam imediatamente. Assustado, o felino selvagem recuou e desapareceu na vegetação densa. Ofegante, Leona ergueu os olhos e viu Frederico emergir das sombras, ainda com o peito arfando pelo rugido que acabara de soltar.
— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, com os olhos semicerrados e a voz carregada de desconfiança. — Eu já disse que não quero ver o seu rosto.
Frederico baixou a cabeça, mas manteve a voz firme.
— Eu sei, e entendo que você não queira me perdoar — respondeu ele. — Mas eu senti sua falta e... mais importante, precisamos ficar juntos. O doutor Veigan ainda está atrás de todos nós.
Antes que Leona pudesse responder, Luigi surgiu entre as árvores, carregando as mangas.
— O que ele está fazendo aqui? — perguntou, dirigindo um olhar severo para Frederico. — Achei que tínhamos nos livrado de você.
Frederico suspirou, mantendo a calma.
— Eu vim ajudar. Precisamos nos unir. Se continuarmos separados, será muito fácil para o doutor nos capturar.
Leona, ainda sentindo o gosto amargo da desconfiança, virou-se para Luigi.
— Não se preocupe, eu sei me cuidar — disse ela. — E se o Frederico acha que pode fazer alguma diferença, que tente. Mas ele ainda é só um mauricinho sem graça.
Frederico ouviu as palavras de Leona, e elas atingiram seu peito como uma flecha. Ele havia agido de forma egoísta antes e sabia que teria que reconquistar a confiança de seus amigos. No entanto, em vez de se deixar abater, decidiu provar que estava determinado a lutar com eles.
Nesse momento, Margarita e Maicon surgiram na clareira, com os rostos iluminados pela felicidade de verem Leona e Luigi bem.
— Graças a Deus vocês estão a salvo! — exclamou Margarita, correndo para abraçar Leona. — Não tínhamos certeza se vocês estavam sendo perseguidos ou algo pior.
Maicon, com os braços cruzados, observou Frederico com uma expressão cética.
— Então, você está de volta ao grupo? — perguntou, o tom carregado de ironia.
— Se quiserem que eu vá embora, eu vou — respondeu Frederico calmamente. — Mas acho que precisamos de toda a ajuda possível.
Margarita assentiu, mesmo que com relutância.
— Acho que ele tem razão — disse ela. — Agora que sabemos que o doutor desistiu temporariamente das buscas, talvez possamos planejar o próximo passo.
— E o Tales e a Kira? — questionou Luigi. — Não conseguimos entrar em contato com eles.
Frederico balançou a cabeça.
— Não há sinal de celular aqui. Vamos ter que encontrá-los à moda antiga.
Enquanto isso, em uma parte diferente da floresta, Tales e Kira se escondiam entre galhos grossos e folhas densas, tentando evitar qualquer sinal de perigo. Kira sentia-se grata por ter Tales ao seu lado, e ao ouvir suas palavras de incentivo, algo dentro dela se acalmou.
— Obrigada por tudo — disse ela, segurando a mão de Tales. — Sei que não tem sido fácil.
— Vamos superar isso — respondeu Tales, com um leve sorriso. — Precisamos deixar os problemas pessoais para trás e nos concentrar em sobreviver.
Nesse momento, impulsionada por um súbito impulso, Kira se aproximou e sussurrou:
— Eu te amo.
Tales ficou surpreso, mas logo seu rosto se iluminou com um sorriso. Ele envolveu Kira em seus braços e respondeu:
— Eu também te amo.
O beijo que se seguiu foi breve, mas carregado de significado, uma promessa silenciosa de que, independentemente do que viesse, enfrentariam juntos.
De volta ao grupo principal, Luigi ainda olhava para Frederico com desconfiança.
— Você realmente está arrependido do que fez com a Leona? — perguntou, sem esconder a incredulidade.
Leona interveio antes que Frederico pudesse responder.
— Não se preocupe, Luigi. Eu não sou uma garota de mente fraca — disse ela, lançando um olhar rápido para Frederico. — Eu sei reconhecer quem realmente se importa comigo, e quem é só um mauricinho sem graça.
Frederico se afastou um pouco, engolindo em seco. Não era fácil ouvir aquilo, mas ele sabia que ainda havia tempo para provar seu valor. Por enquanto, tudo o que ele podia fazer era focar em ajudar o grupo a sobreviver e, talvez, um dia reconquistar a confiança perdida.
Frederico sentia uma mistura de nervosismo e determinação enquanto caminhava pela floresta em busca de Tales e Kira. Ele acreditava que a responsabilidade agora estava em suas mãos e que, como líder, precisava encontrar seus amigos e trazê-los de volta ao grupo. Enquanto isso, os familiares dos jovens, desesperados com o desaparecimento, já tinham acionado a polícia e a imprensa. O terceiro dia sem notícias era insuportável e a angústia estava estampada nos rostos de todos.
Doutor Veigan, em seu laboratório, observava a repercussão da busca e não conseguia conter a risada. O caos que havia causado agora se espalhava por toda a cidade, e ele se sentia como um maestro regendo sua própria sinfonia de desespero.
— Isso é tão divertido! — exclamou ele, olhando para Renata. — A forma como eles se desesperam só me faz amar mais o que faço.
A secretária, preocupada com o desenrolar da situação, questionou:
— E se eles descobrirem a verdade e a polícia chegar até nós? Eles podem nos prender!
Veigan balançou a cabeça, desdenhoso.
— Não se preocupe. Eu tenho uma carta na manga, e não serei capturado tão facilmente.
Na floresta, Margarita e Maicon estavam um pouco afastados do grupo, conversando em voz baixa. Maicon estava pensativo, olhando para o chão.
— Sabe, Margarita... Eu não sinto mais nada por Kira — confessou ele, os olhos perdidos na vegetação.
Margarita sorriu, um brilho de felicidade surgindo em seu olhar.
— Isso é bom! — disse ela, abraçando Maicon de forma espontânea. O abraço a deixou um pouco sem jeito, e logo se afastou, corando.
— O que foi isso? — ele perguntou, rindo da situação, enquanto ela se encolhia um pouco, tentando disfarçar a timidez.
— Ah, é só que eu fico feliz que você esteja seguindo em frente — respondeu ela, tentando se justificar.
Enquanto isso, Luigi e Leona estavam em um canto mais isolado, discutindo um plano contra o Doutor Veigan.
— Precisamos agir rapidamente. Ele está se tornando mais perigoso a cada dia que passa — disse Luigi, com determinação na voz.
— Concordo — respondeu Leona. — Precisamos de uma estratégia que funcione e que nos mantenha seguros.
No outro lado da cidade, Kira estava em seu quarto, e a preocupação de sua mãe aumentava a cada dia que passava. A mãe entrou no quarto e encontrou um caderno aberto na mesa, onde Kira havia escrito uma carta desabafando sobre suas inseguranças e tudo o que estava acontecendo.
— O que é isso? — perguntou a mãe, segurando o caderno com a mão tremendo. — Kira, por que você não me contou sobre isso?
A mãe decidiu mostrar a carta ao pai, cuja expressão de preocupação foi evidente ao ler as palavras angustiadas da filha.
Na floresta, Frederico finalmente encontrou Tales. Ao se verem, os dois correram um para o outro e se abraçaram, a emoção tomou conta de ambos, e lágrimas começaram a rolar por seus rostos.
— Eu estava tão preocupado com você! — disse Tales, entre soluços.
— Eu também — respondeu Frederico, sentindo um alívio profundo ao ter seu amigo de volta. Kira observava tudo, espantada com a intensidade da cena.
— Nunca pensei que ver vocês chorando seria tão tocante — Kira comentou, um leve sorriso se formando em seus lábios, mas seus olhos também estavam cheios de lágrimas.
Frederico então guiou Tales e Kira de volta ao grupo, mas a recepção não foi como ele esperava. Margarita e Maicon estavam tensos, trocando olhares desconfiados.
— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntou Maicon, com uma expressão de desconfiança.
— Nós estávamos preocupados com vocês! — respondeu Frederico, tentando quebrar a tensão no ar.
— Não precisamos de vocês — disse Margarita, com um olhar firme. Mas, no fundo, ela sabia que a situação era crítica e que eles precisavam de todos unidos.
Enquanto isso, Doutor Veigan olhava pela janela de seu laboratório, observando a floresta ao longe. Ele estava tranquilo, convicto de que sua preparação o tornava invulnerável.
— Eles podem tentar me capturar, mas eu sempre terei um plano — disse ele a Renata, que estava observando tudo com olhos inquietos. — E não se esqueça, o caos é meu melhor aliado.
Assim, a caçada continuava, e cada passo dado na floresta poderia ser o último para os jovens que lutavam para se manterem livres e unidos, enquanto o Doutor Veigan se deleitava em seu jogo mortal.
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Atualizado até capítulo 32
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