A madrugada era densa e úmida na floresta, quando a tranquilidade foi abruptamente rompida pelo som de passos pesados e vozes ao longe. Vários homens de uniforme, claramente a mando do doutor Veigan, surgiram na escuridão, espalhando-se rapidamente pela área. Luigi e Leona chegaram correndo à caverna, mas estavam sendo seguidos de perto pelos homens. O susto estampou os rostos dos outros jovens ao verem a dupla chegar acompanhada.
— Saíam todos agora! — ordenou um dos homens, com voz grave e autoritária. — O doutor Veigan não está sozinho nessa. Há pessoas com muito mais poder envolvidas nesse experimento, e vocês não têm escolha.
Os amigos trocaram olhares de desespero, o temor tomando conta de cada um. Não parecia haver escapatória. Relutantes, aceitaram ser levados pelos homens, que os escoltaram de volta ao laboratório.
Quando chegaram ao local, o doutor Veigan os aguardava, seu semblante rígido demonstrando irritação.
— Vocês acham que podem me desafiar? — Veigan vociferou, andando de um lado para o outro. — Sou maior do que todos vocês. E se tentarem algo semelhante novamente, as consequências serão bem mais graves.
Os jovens ficaram em silêncio, sentindo-se impotentes. As palavras do doutor reverberavam em suas mentes enquanto ele revelava que a situação seria maquiada para parecer um caso de jovens inconsequentes que foram "se divertir" e acabaram se perdendo. A decisão havia sido tomada: eles seriam levados de volta para suas casas, como se nada tivesse acontecido.
Cada um dos jovens foi deixado em suas respectivas residências, sendo recebidos de maneiras bem diferentes.
Frederico chegou primeiro. Ao abrir a porta de casa, foi abraçado fortemente por seus pais. Sua mãe, com lágrimas nos olhos, imediatamente começou a organizar um jantar especial, com todas as suas comidas favoritas.
— Frederico, vá tomar um banho quente. Você deve ter passado por momentos terríveis — disse ela, acariciando o rosto do filho.
Frederico respirou fundo, sentindo o conforto de estar em casa novamente, embora o alívio fosse acompanhado de uma estranha sensação de que tudo estava sendo rapidamente "varrido para debaixo do tapete".
Kira, por outro lado, foi recebida com todo o carinho que se podia esperar. Seus pais a abraçaram com força, aliviados por ela estar de volta.
— Eu pensei que nunca mais fosse te ver, minha filha — disse sua mãe, com a voz embargada. Kira sentiu o peso das últimas semanas se dissolver por um instante, mas o receio permanecia, latente.
Leona teve uma recepção muito menos acolhedora. Seus pais estavam visivelmente irritados.
— O que você estava pensando, Leona? Que irresponsabilidade! — repreenderam-na. Sem dizer uma palavra, ela subiu para o quarto e trancou a porta, desabando em lágrimas.
Em contrapartida, Margarita foi recebida com sorrisos e uma mesa repleta de pizzas, seu prato preferido. Sua família a abraçou, e a mãe enxugou as lágrimas dos olhos enquanto dizia:
— Você está bem agora, isso é o que importa.
Luigi retornou para a casa de sua avó, que o envolveu em um abraço apertado.
— Eu fiquei tão preocupada, meu menino — disse a idosa, com a voz trêmula.
— Eu nunca vou te deixar, vovó — Luigi assegurou, tentando confortá-la.
Por fim, Maicon chegou em casa e foi recebido com um abraço quase sufocante de sua mãe, que soluçava de tanto chorar.
No dia seguinte, a notícia do "retorno milagroso" dos jovens já havia se espalhado pela faculdade. Assim que chegaram ao campus, foram recebidos com abraços e palavras de apoio de colegas e professores, todos ansiosos para ouvir suas histórias. Homenagens e até uma pequena cerimônia foram organizadas, mas os jovens compartilhavam uma sensação de desconfiança.
Eles trocavam olhares furtivos entre si, cientes de que algo estava muito errado. A aparente normalidade com que todos reagiam aos acontecimentos não fazia sentido, e a súbita simpatia de pessoas que nunca se importaram antes deixava-os desconfiados.
Margarita sussurrou para Frederico durante o evento:
— Isso está estranho. Parece que estão tentando nos calar com sorrisos e tapinhas nas costas.
Frederico concordou, sem tirar os olhos da multidão.
— Tem algo que não estão nos contando. E nós vamos descobrir o que é.
Capítulo Dez: Planos e Revelações
O refeitório da faculdade estava lotado, cheio de risadas e conversas animadas. Leona e Luigi se sentaram em uma mesa mais afastada, trocando sorrisos e olhares cúmplices. Luigi segurava uma maçã na mão e, após uma mordida, confessou:
— Detesto o Tales. Ele se acha tanto só porque agora está com a Kira.
Leona, com um brilho de malícia nos olhos, respondeu prontamente:
— Pois eu detesto a Kira. Aquela garota sempre achou que era melhor do que todo mundo. Acho que finalmente encontrei alguém que combina comigo — ela olhou para Luigi e deu um sorriso largo. — Você me entende. Em casa, ninguém me compreende, e eu me sinto sufocada.
Luigi, sentindo que essa era a oportunidade perfeita para estreitar ainda mais a ligação entre eles, sugeriu:
— Se você não está feliz em casa, pode ficar comigo. Minha avó vai adorar ter companhia.
Os olhos de Leona brilharam, empolgados com a ideia. Ela aceitou prontamente, com um sorriso nos lábios.
— Combinado. Vai ser bom sair de casa um pouco.
Enquanto isso, em uma mesa próxima, algumas amigas de Leona observavam a cena com surpresa. Elas cochichavam umas com as outras:
— Quem diria, hein? A Leona, que sempre julgou todo mundo pela situação financeira, agora está de papo com o Luigi.
Outra amiga comentou:
— Parece que algumas coisas realmente mudaram depois do sumiço. Vai entender...
Em outra mesa, Tales e Kira estavam alheios a qualquer comentário. Tales olhou profundamente nos olhos de Kira, seu dedo deslizando suavemente pela bochecha dela.
— Você mudou minha vida — ele disse, com um sorriso sincero. — Nunca pensei que me apaixonaria assim.
Kira retribuiu o olhar com ternura, se derretendo em sorrisos.
— Fico feliz em saber — ela murmurou.
Do outro lado do refeitório, Margarita e sua amiga Vitória conversavam animadamente. Margarita havia acabado de contar sobre a situação com Maicon.
— Amiga, ele ainda é apaixonado pela Kira — Margarita desabafou. — Eu não sei o que fazer.
Vitória deu uma risada zombeteira.
— Kira é sem graça. O que você precisa fazer é mostrar para ele que você é bem mais interessante. Seja mais sexy, mostre que você não é só uma nerd.
Os olhos de Margarita brilharam com a ideia.
— Você tem razão! Preciso de uma mudança.
Vitória assentiu, determinada.
— Então depois da aula, vamos ao shopping. Vou transformar você na ruiva mais sexy dessa faculdade.
Maicon, enquanto isso, caminhou até a cantina e pediu duas pencas de banana. Ao fazer o pedido, ouviu algumas mulheres rindo e cochichando.
— Virou macaco, Maicon? — uma delas perguntou em tom de deboche.
Maicon, com um meio sorriso, respondeu:
— Pode apostar — ele disse, virando as costas e saindo sem dar muita importância para as risadas.
Os planos e sentimentos estavam se desenrolando em várias direções, mas uma coisa era certa: as vidas desses jovens estavam longe de voltar ao normal. Movidos por ressentimentos, paixões e segredos, eles começavam a traçar seus próprios caminhos — alguns deles cheios de sombras e intenções dúbias.
Luigi e Leona, com seus novos planos, estavam determinados a testar os laços do grupo. Ao mesmo tempo, Margarita se preparava para se reinventar, disposta a lutar pelo que queria. Enquanto isso, Maicon, Tales e Kira mal sabiam que estavam prestes a se envolver em algo muito maior do que simples desentendimentos amorosos.
Capítulo Onze: Mudanças e Escolhas
Quando a noite chegou, Leona já havia se preparado para enfrentar a reação de seus pais. Após uma discussão acalorada, em que ela declarou com firmeza que, aos dezenove anos, já deveria ser independente, os pais foram categóricos: se ela decidisse sair de casa, perderia o apoio financeiro, inclusive para a faculdade. Determinada, Leona não se intimidou, juntou suas coisas e saiu.
Ao chegar na casa de Luigi, Leona foi recebida por uma vizinhança humilde e curiosa, com olhares que a fizeram se sentir deslocada. A casa era pequena e aconchegante, um contraste gritante com o conforto ao qual estava acostumada. No entanto, a recepção calorosa da avó de Luigi, a senhora Helena, a surpreendeu.
— Você é bem-vinda aqui, minha querida — disse a senhora, com um sorriso no rosto. — Parece que precisa de um pouco de apoio.
Do lado de fora, a chuva caía pesada, dando à pequena casa um ar de refúgio acolhedor. Helena preparou uma sopa quente e, juntos, eles se sentaram para o jantar. Leona começou a relaxar, aproveitando o simples prazer de estar em um ambiente familiar e acolhedor, algo que raramente experimentava em sua própria casa.
Após o jantar, Luigi comentou com a avó que Leona dormiria em seu quarto.
— Isso não é apropriado, Luigi — respondeu Helena, franzindo o cenho.
Mas Luigi conseguiu convencê-la de que era apenas por essa noite, e a avó acabou cedendo, com um olhar que mesclava preocupação e compreensão.
Leona entrou no quarto de Luigi e se deparou com a cama de solteiro. A simplicidade do espaço, com pôsteres nas paredes e móveis antigos, era muito diferente do que estava acostumada. Ela sentou-se na cama, observando a chuva cair pela janela.
— Estranho, mas... me sinto melhor aqui do que na minha própria casa — confessou.
Luigi aproximou-se, acariciou o rosto dela e, sem mais palavras, os dois começaram a se beijar, enquanto ela se deitava na cama, permitindo que o som da chuva lá fora embalasse o momento.
Na manhã seguinte, na faculdade, os corredores fervilhavam de agitação. Margarita causou uma verdadeira comoção ao aparecer completamente transformada. Usando um vestido verde justo que destacava sua figura, maquiagem impecável e sapatos que chamavam a atenção, ela parecia uma versão totalmente renovada de si mesma.
Leona e Luigi, ao vê-la passar, trocaram olhares divertidos.
— Ela vai para alguma festa e não nos contou? — brincou Leona, rindo com Luigi.
Maicon, que estava conversando com alguns colegas, ficou boquiaberto. Ele observava Margarita com surpresa e uma pontada de admiração. Não foi o único; Frederico também notou a transformação e interrompeu sua conversa para admirar a ruiva.
O olhar de Margarita vagava entre os rostos ao redor, sentindo a atenção que recebia. Por um momento, ela se sentiu poderosa e confiante, mas também ligeiramente desconfortável com os olhares fixos. Porém, ao perceber a expressão de Maicon, um misto de surpresa e fascínio, ela sentiu um frio na barriga. Talvez, apenas talvez, aquela mudança fosse o que ela precisava para virar a página.
Capítulo Doze: Revelações e Tensões
Ao entrar na sala de aula, Margarita sentiu o peso dos olhares sobre ela. O professor Antônio, interrompendo brevemente sua explicação no quadro, não pôde deixar de demonstrar surpresa com a transformação da ruiva.
— Margarita... você está... diferente hoje — comentou, voltando rapidamente ao assunto da aula para não prolongar o momento.
Maicon, sentado ao lado dela, aproveitou a oportunidade para elogiá-la.
— Você está incrível, Margarita. Esse vestido... ficou perfeito em você — disse ele, sorrindo.
Margarita sentiu o rosto esquentar, mas tentou disfarçar o nervosismo. Ao abrir o notebook para acompanhar a aula, percebeu que não conseguia enxergar direito sem os óculos. A tela parecia embaçada e as palavras, borradas. Ela começou a ficar inquieta, lembrando-se das palavras de Vitória sobre como os óculos a envelheciam. Não queria que sua mudança fosse em vão, então resistiu à vontade de tirá-los da bolsa e continuou tentando forçar a visão.
Kira, vendo a nova aparência da amiga, se aproximou com um sorriso genuíno.
— Você está linda, Margarita — elogiou ela, esperando uma oportunidade de reatar a amizade.
Mas Margarita apenas lançou um olhar frio e virou o rosto, ignorando o cumprimento. A rejeição foi clara, e Kira voltou para sua cadeira com uma expressão desapontada.
Enquanto isso, do outro lado da sala, Frederico e Tales comentavam a mudança.
— Margarita sempre foi bonita, mas hoje está ainda mais atraente — observou Tales.
— Você já tem a Kira, Tales. É melhor se contentar — brincou Frederico, rindo ao ver o amigo balançar a cabeça e sorrir.
Após a aula, o grupo se reuniu nos jardins da faculdade. Todos ainda estavam tensos e desconfiados após os últimos eventos, especialmente com o perigo constante representado por Veigan.
— Eu consegui descobrir uma coisa — disse Luigi, quebrando o silêncio. — Doutor Veigan está planejando colocar aqueles chips rastreadores em nós de novo. Ele quer garantir que, se tentarmos fugir novamente, ele vai saber exatamente onde estamos.
O clima mudou imediatamente. A descontração que existia entre eles desapareceu, substituída por olhares sérios e preocupados.
— Não podemos deixar isso acontecer — afirmou Tales, com firmeza. — Precisamos encontrar um jeito de nos proteger ou, melhor ainda, acabar com o que ele está fazendo de uma vez por todas.
— Se a gente se unir, podemos vencer Veigan — acrescentou Luigi. — Mas vai ser perigoso, e não podemos nos dar ao luxo de cometer erros.
Margarita, ainda tentando se acostumar com os olhares de Maicon e dos outros, respirou fundo e tentou se concentrar no que realmente importava. Sabia que a nova aparência não mudaria nada se não conseguissem lidar com a ameaça que pairava sobre todos eles.
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Atualizado até capítulo 32
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