Capítulo 19: Inauguração

Tudo estava devidamente organizado. Maria Alice e Chloe recebiam os convidados com simpatia, enquanto Vinícius circulava discretamente pelo salão, garantindo que tudo seguisse conforme o planejado.

Maria Alice era o centro das atenções, com seu deslumbrante vestido vermelho que realçava ainda mais sua elegância natural.

O salão estava repleto de vida: a música alta animava o ambiente, garçons percorriam o espaço com bandejas carregadas de bebidas e petiscos, e os flashes das câmeras capturavam cada detalhe.

Jornalistas e fotógrafos não perdiam a oportunidade de registrar os momentos mais marcantes da noite.

Enquanto isso, Gustavo e Eduardo preferiam a tranquilidade de um canto mais reservado, onde conversavam descontraidamente com Bernardo e Michael, entre goles de bebida e risadas ocasionais.

Maria Alice, tentando recuperar o fôlego em meio à correria, ouviu uma confusão perto da entrada. Chloe, sempre atenta, percebeu o mesmo e a acompanhou.

Ao se aproximarem, avistaram Angelo, impecavelmente vestido em um terno que destacava seu porte elegante. Ele estava especialmente bonito, mas sua expressão descontraída contrastava com a firmeza dos seguranças que o impediam de entrar, já que ele não tinha convite.

— Maninha! — exclamou Angelo, acenando de forma efusiva para Maria Alice. — Diz para esses brutamontes me deixarem passar. — Pediu com um sorriso cheio de charme.

— Posso saber o que você quer aqui? — perguntou Maria Alice com um olhar firme, mas, sem criar alarde, fez um gesto para que o deixassem entrar.

— Como assim, o que eu quero? — respondeu Angelo, surpreso. — Só vim prestigiar minha irmã... — disse ele, aproximando-se e a envolvendo em um abraço caloroso.

— Pare com essa baboseira. Não me lembro de ter te convidado. — Maria Alice retrucou com frieza, afastando-se do abraço, desfazendo o sorriso que ele ostentava.

— Melhor deixá-lo entrar, ou a imprensa pode interpretar isso de forma negativa. — sussurrou Chloe ao ouvido de Maria Alice, avaliando a situação com cuidado.

— De qualquer forma, aproveite a festa... — disse Maria Alice, esforçando-se para esboçar um sorriso enquanto o abraçava novamente. — Mas não pense que isso muda algo. Para mim, você não existe. Eu te odeio. — sussurrou com firmeza antes de se afastar mais uma vez, agora com o sorriso no rosto.

Embora mantivesse a postura, o desconforto era evidente para quem a conhecesse bem. A presença de Angelo a fazia reviver memórias difíceis, especialmente o dia em que foi obrigada pelo pai a ir para o exterior. Suas últimas palavras ainda ecoavam em sua mente, como uma ferida que não cicatrizava.

— Tudo bem... — Angelo murmurou, visivelmente desconcertado. Olhou ao redor, observando os convidados e os flashes dos fotógrafos. — Só queria vê-la um pouco, mas já estou indo... Até mais. — disse, recompondo-se antes de se retirar.

Assim que ele se foi, Maria Alice soltou um suspiro de alívio. Com um sorriso radiante, seguiu Chloe até onde Gustavo e Vinícius estavam e começou a conversar descontraidamente com eles.

— Era seu irmão? O que ele queria? — perguntou Gustavo, aproximando-se para beijar suavemente os lábios de Maria Alice.

— Não sei, nem quero saber e se ele nunca mais aparecer, já estará me fazendo um grande favor. — respondeu Maria Alice com a voz carregada de desprezo, mas mantendo o tom firme.

— Então relaxe e esqueça-o. Hoje é a sua noite de brilhar. — disse Gustavo, acariciando o rosto dela ao perceber sua tensão, tentando confortá-la.

— Você tem razão. Nada vai dar errado hoje. — disse Maria Alice, com um brilho de determinação nos olhos, antes de sorrir.

A festa continuava em ritmo vibrante. Celebridades cruzavam o salão, enquanto conversas sobre novos projetos e negócios fervilhavam. Vinícius, sempre atento, não perdia nenhuma oportunidade de atrair potenciais clientes.

Entre os convidados ilustres estava Flávio. Por ser um renomado diretor, Chloe havia insistido em convidá-lo, e, apesar de hesitar, ele acabara aceitando.

Flávio estava em um pequeno grupo, conversando com antigos colegas do meio artístico. Embora mantivesse a compostura e participasse das conversas com aparente tranquilidade, carregava um turbilhão de emoções por dentro. Ele conhecia bem o lado sombrio da indústria, onde alianças eram frágeis e traições, comuns.

No entanto, o que realmente o consumia era o peso da decepção causada por Berenice. Seu coração estava em conflito, dividido entre a mágoa pela traição e o resquício de sentimentos que insistiam em permanecer. Ele sabia que esquecê-la não seria fácil, e cada pensamento sobre ela o colocava em uma luta silenciosa consigo mesmo.

— O que está achando da festa? — perguntou Chloe, aproximando-se com um sorriso simpático.

— Está incrível, mas a música está um pouco alta — respondeu ele, elevando o tom de voz para ser ouvido.

— Acha mesmo? Se quiser, peço para diminuírem. — ofereceu Chloe prontamente.

— Não, está tudo bem. Acho que só tenho alma de velho. — brincou ele. — Mas, a propósito, sua amiga Maria Alice... Vi ela na casa da minha ex. Elas são próximas? — questionou com um tom de curiosidade.

— Sua ex? Ah, aquela atriz... Berenice, certo? — Chloe confirmou ao vê-lo assentir. — Não, elas não são amigas. Eu ia entregar o convite, mas algo surgiu, e Maria Alice foi no meu lugar. Por quê?

— Nada importante... Prefiro não falar sobre minha vida pessoal. Vamos só aproveitar a festa. — disse Flávio, levantando o copo e brindando com Chloe.

— Claro. Relaxe e aproveite a noite. — respondeu Chloe, mantendo o sorriso acolhedor.

Após alguns minutos de conversa, Chloe voltou a interagir com outros convidados. Já era tarde, e Gustavo se ofereceu para levar Bernardo e Michael para casa.

Apesar do ambiente animado, Maria Alice não conseguia evitar uma tensão crescente. Ela sabia que algo estava para acontecer, algo que, mesmo planejado, a deixava inquieta.

Quando Berenice entrou na festa, todos os olhos se voltaram para ela. O vestido extravagante, decorado com penas de pavão, destoava completamente do requinte do evento. Os flashes das câmeras foram impiedosos, e ela, percebendo o constrangimento, queria desaparecer.

Maria Alice, observando de longe, precisou conter o riso. A humilhação de Berenice era evidente.

Determinada a confrontá-la, Berenice seguiu Maria Alice até o banheiro. Ao entrar, encontrou-a retocando a maquiagem com uma serenidade irritante.

— Posso saber o que está acontecendo? — questionou Berenice, com a voz repleta de indignação.

— Não sei, me diga você. Que roupas são essas? — respondeu Maria Alice, contendo o riso ao tapar os lábios.

— Isso não tem graça, Maria Alice! Por que fez isso comigo? O que eu te fiz para merecer essa humilhação? — questionou Berenice, quase chorando de raiva.

— Eu? Não fiz nada. Acho que você entendeu errado. Eu disse festa de gala, e você veio de galinha... Ops, pavão. — brincou Maria Alice, guardando o batom na bolsa enquanto caminhava em direção à porta.

— Você não vai sair daqui sem se explicar e me pedir desculpas! — retrucou Berenice, trancando a porta e bloqueando sua saída.

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