Além Do Horizonte
Era uma bela tarde de outono de 1982, o clima estava agradável e aconchegante. Maria Alice, deitada em sua cama, folheava algumas revistas procurando fotos de noivas, enquanto sua amiga Berenice, sentada com as pernas cruzadas, folheava outra revista em busca do cenário perfeito.
— Achei! — disse Maria Alice, mostrando a imagem na revista.
Berenice, ao ver, concordou prontamente com a amiga, que então começou a cortar a foto da mulher vestida de noiva. Animadas com a brincadeira e sem muitas opções de diversão, passavam horas procurando imagens em revistas velhas e fazendo colagens em um caderno. Cada página contava o capítulo de uma longa história de amor que as duas estavam criando.
Filha de renomados fazendeiros, Maria Alice e seus pais moravam no interior da Paraíba. Seu pai, João Gomes Tavares, um homem de 38 anos, com muito esforço, havia construído um grande patrimônio com suas fazendas de gado e plantações que se estendiam por dezenas de hectares. Por esse motivo, ele contava com muitos funcionários que o ajudavam tanto nas plantações quanto no cuidado dos animais.
Sua mãe, Olivia Alencar Tavares, de 29 anos, dedicava-se a ser uma dona de casa exemplar, sempre prezando pelo bem-estar da família. Olivia não poupava esforços para mantê-los unidos e buscar um futuro cheio de oportunidades para a filha, colocando-a em uma boa escola na cidade. Um dos capatazes, Benício, a levava e buscava todos os dias; a viagem não demorava mais de uma hora, permitindo que ele voltasse para continuar seu trabalho.
Berenice, sua amiga, era filha de Roberto Santos de Melo, de 36 anos, e Julia Dantas de Melo, de 33 anos, também fazendeiros. Suas fazendas eram menores que as de João, mas não ficavam muito atrás. Os dois, que tinham plantações e criações diferentes, tornaram-se grandes amigos; João criava gado e plantava grãos como milho e feijão, enquanto Roberto tinha uma grande plantação de cana-de-açúcar e uma criação de ovelhas e aves.
Com as duas crianças não era diferente; foram criadas juntas, compartilhando aventuras e aprendendo sobre a vida. Maria Alice, com 10 anos, tinha uma mente sonhadora, sempre criando histórias. Seus longos cabelos loiros e olhos de safira ressaltavam seu rosto angelical; ela era quase uma cópia da mãe, com os olhos da mãe e o sorriso do pai, qualidades que lhe conferiam uma aparência encantadora, contrastando com sua personalidade forte e determinada. Apesar da cara de bravo, João, com seus cabelos castanhos e olhos esverdeados, tinha um certo charme.
Berenice, ao contrário, tinha cabelos negros e olhos tão escuros quanto uma noite estrelada. Ela dizia querer ter olhos azuis como os de Maria Alice, que sempre retrucava falando sobre o quanto sua amiga era bonita. Mas Berenice não acreditava; tendo dois anos a mais, ela já estava entrando na adolescência e suas personalidades começavam a se distinguir.
Por insistência, seus pais acabaram colocando-a na mesma escola de Maria Alice. Então, todos os dias, logo cedo, Benício desviava um pouco o caminho para buscar Berenice, e as duas iam para a escola juntas.
— Olha, esse cenário é perfeito — mostrou Berenice a página da revista.
Rapidamente, as duas cortaram a imagem e começaram a colagem na página do caderno. Elas já estavam procurando uma boa foto de um belo homem para ser o noivo quando Olivia chegou, avisando que o pai de Berenice havia chegado para levá-la para casa. As duas meninas se apressaram em guardar as revistas e o caderno. Ao passar pela mãe, Maria Alice gentilmente beijou sua barriga; com oito meses de gravidez, a barriga de Olivia já estava tão grande que mal conseguia andar sem colocar as mãos nas costas para aguentar o peso.
— Vê se vem logo, Angelo, você está muito pesado para a mamãe carregar — sussurrou Maria Alice na barriga da mãe e sentiu a movimentação do bebê. — Ele chutou, mamãe, ele chutou! — comemorou ela.
— Claro, é porque ele já gosta muito da irmã — disse Olivia, fazendo carinho na cabeça de Maria Alice.
As três desceram e foram para fora de casa, onde Roberto conversava animadamente com João sobre assuntos de trabalho. Berenice, correndo para os braços do pai, foi instruída a esperar em seu carro, pois ele já estava terminando a conversa. A menina, sem demora, obedeceu ao pai.
Outra família também chegava na fazenda, mas estes vinham de carroça, puxada por um burro que parecia um pouco cansado da viagem. A família de quatro pessoas desceu da carroça e se dirigiu ao encontro de João para cumprimentá-lo.
— Quem são eles? — perguntou Maria Alice à sua mãe.
— São os novos trabalhadores da fazenda. Vamos conhecê-los — sugeriu Olivia.
— Então já vou indo, preciso me apressar, senão já sabe, a mulher não vai me deixar em paz — brincou Roberto. — Até mais, dona Olivia, pequena Maria Alice — completou ele ao ver as duas se aproximando.
— Até mais, senhor Roberto, que Deus proteja seu caminho — respondeu Olivia ao cumprimento.
— Até mais, senhor Roberto — disse Maria Alice gentilmente. — Tchau, Berenice — gritou ela para Berenice, que já estava no carro. Esta respondeu alegremente com um aceno rápido. Seus olhos foram levados para a família que se aproximava, mas o pai rapidamente saiu e ela só pôde observar de longe enquanto o carro se afastava.
— Boa tarde, senhor. A viagem foi longa, mas graças a meu bom Deus, chegamos em segurança — disse o homem que chegava com a família.
— Que bom que chegaram. Acabei de comprar mais alguns hectares e preciso de mais mão de obra. Tenho certeza de que vocês serão de grande ajuda — disse João.
João tratou de apresentar toda a família. Eles tinham sido indicação de um amigo e vinham de outra cidade, pois estavam precisando de trabalho. Jorge Souza da Silva era o nome do homem, que tinha 36 anos. Apesar da aparência humilde e dos cabelos desgrenhados, seus olhos castanhos eram cheios de vida e felicidade.
Sua esposa, Helena Martins da Silva, de 32 anos, com longos cabelos cacheados, era tratada como uma flor delicada pelo marido. Caminhando de mãos dadas, ele sempre a observava como um homem apaixonado. Na frente deles, Gustavo, de 12 anos, era muito parecido com o pai e carregava consigo a mesma gentileza da mãe. Já Eduardo, de oito anos, não poderia ser mais parecido com a mãe, mas sua timidez era notável.
— Olá, meu nome é Maria Alice — cumprimentou-os com um sorriso radiante.
Ao ver Gustavo de longe, ela já tinha se admirado com sua beleza, mas chegando perto, ela o achou realmente fascinante.
— É um prazer imenso conhecer tão bela moça — disse Gustavo com um sorriso galanteador, o que deixou Maria Alice um pouco corada e Olivia encantada com a educação do menino.
— Bom, vamos cuidar que já está quase na hora do jantar — disse João, interrompendo a conversa dos dois. — Benício, mostre para eles a casa onde vão ficar.
Rapidamente, Benício se aproximou e ajudou a família a ir para sua pequena casa. Todas as famílias moravam em pequenas casas construídas em um terreno próximo à fazenda. Eram casas simples, mas suficientes para uma pequena família. Quando se afastavam, Maria Alice e Gustavo trocaram tímidos e inocentes olhares, o que fez João arquear a sobrancelha, tentando entender a situação. Mas ele rapidamente foi dar atenção a Olivia, que já ficava cansada pela gravidez.
Maria Alice e Gustavo (10 anos e 12 anos respectivamente)
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Atualizado até capítulo 24
Comments
Thalya Araújo
aaaaaaaa que lindos ❤️
2024-11-06
1
Fatima Gonçalves
gostei também 😍
2024-10-26
1
Graça Oliveira
Comecei lê agora mas já estou interessada.
2024-10-17
1