Capítulo 19

Nas noites seguintes, o Marquês não conseguiu dormir bem por causa dos pesadelos que começaram a atormentá-lo. Todas as noites, ele via sua esposa, que o repreendia pelo abandono em que deixou Valerian e por fazer com que os gêmeos odiassem sua irmãzinha em vez de amá-la. O Marquês estava em seu escritório, suas olheiras eram sinal de sua falta de sono.

— Pai, você não parece bem, deveria tentar descansar. — Einar lhe aconselha.

— Isso é culpa daquele monstro que está nos causando problemas. — Reclama Kenai. — Irei atrás dela e a farei se ajoelhar suplicando perdão pelos problem...

Einar e Kenai se assustam com o repentino golpe que o Marquês deu na mesa, os gêmeos dirigem seu olhar ao pai, que os observa zangado.

— Calem-se! Já tive o suficiente... deixem Valerian em paz e Einar, assegure-se de que Marlene tenha os modos básicos ou ela não irá à festa conosco. — Grita o Marquês.

— O quê?, mas pai... Mar não prec...—

— Será feito o que eu disse, não suportarei mais uma humilhação ou Marlene irá para um convento. — Avisa furioso.

— P-pai... — Kenai aperta os lábios.

Einar acena com a cabeça ante o pedido, sabendo que é melhor não continuar discutindo, algo deve ter acontecido e por isso seu pai está irritado. Além disso, com certeza sua falta de sono deve ser devido a pesadelos, já que na outra noite o ouviu lamentando-se em seu quarto e pedindo perdão.

Os gêmeos saem do escritório e Einar pede a Kenai para não intervir quando Marlene estiver em aulas, o melhor é deixar que ela aprenda, pois aquele baile é organizado pela rainha e se Marlene falar de maneira inadequada, a rainha usará isso para incomodar mais sua família.

— Maldita, tudo isso é por causa de Valerian, certo? Ela está aproveitando que a rainha está do lado dela. — Reclama Kenai.

— Não sabemos isso, mas não vamos dar mais motivos para que nos incomodem. — Pede Einar.

Assim, Einar foi buscar Marlene para fazer entender que ela deve tomar as aulas de etiqueta e melhorar seus modos antes do baile, porque é importante que demonstre perante a rainha que ela é toda uma dama. Além disso, isso ajudará a que sua reputação melhore.

— Mas eu não entendo, por que a rainha me odeia? O que eu fiz para que ela e Valerian me odiassem? — Pergunta preocupada.

— Você não fez nada, são elas que provavelmente estão com inveja, porque você é feliz sem necessidade de estar no mais alto no status. — Fala Kenai.

Einar apenas fica em silêncio, enquanto Kenai anima Marlene, pois ele é quem mais protege Marlene e mais ódio mostra em relação a Valerian.

— Obrigado, irmão. — Segura a mão de Kenai. — Eu prometo que melhorarei, mostrarei que sou melhor que elas. — Assegura.

— Você é, mas vamos dar-lhes uma lição, a rainha nunca mais te humilhará. — Anima Kenai.

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Nos dias seguintes, a rainha começou a preparação para a festa, inclusive entregou um belo vestido a Valerian para que usasse naquele dia. Callisto entrou no quarto e ao observar o vestido estava seguro de que Valerian ficaria linda naquela noite.

— Só dançaremos juntos na sua apresentação, então talvez devêssemos praticar. — Oferece-lhe a mão.

— Não se preocupe, não pisarei nos seus pés. — Responde Valerian.

Callisto se aproxima e a segura pela cintura segurando sua mão para começar a dançar, seus movimentos eram suaves, guiando a loira, que inicialmente resiste, mas vai se deixando levar, inclusive coloca a mão livre sobre o braço de Callisto, mesmo sem música, Callisto segue os passos para uma valsa lenta, assim, Valerian aprenderá o ritmo.

— Você é boa aprendendo, bela rosa. — Sorri.

— Sei dançar e por sorte você também sabe. — Brinca.

— Sei muito mais do que você imagina, mas terá muitos anos para descobrir tudo sobre mim. — Segura-a pela cintura com ambas as mãos e gira para depois deixá-la cair sobre a cama.

Valerian se sobressalta com isso, mas Callisto já estava sobre ela olhando-a fixamente nos olhos.

— A festa, o anúncio oficial do nosso noivado, bela rosa. — Faz saber.

— O quê?, eu não aceitei assim... Por que fizeram isso sem me consultar? — Pergunta com certa irritação.

Valerian empurra Callisto para poder se sentar, ao menos pensou que a rainha consultaria com ela esse detalhe, mas escuta uma pequena risada de Callisto e este lhe aperta as bochechas.

— É brincadeira, a festa é de aniversário de casamento dos meus pais. — Revela com um sorriso zombeteiro.

— Sua brincadeira quase fez com que eu fosse embora agora mesmo. — Afasta-lhe as mãos.

— Não deixaria que você fosse, não agora que sei que tenho uma chance. —

Callisto aproveita que ainda estavam perto e a empurra de novo sobre a cama, mas desta vez aproveita para unir seus lábios em um beijo efusivo, um que tem desejado desde há dias. Valerian corresponde o beijo abraçando o príncipe pelo pescoço, enquanto seus lábios se encaixam entre si, brincando entre eles até que suas línguas também pressionam uma contra a outra dançando entre suas bocas enquanto abafam alguns suspiros entre beijos.

Callisto aproveita para mover sua mão pela cintura da loira subindo até poder apertar um de seus seios, o que faz Valerian segurar sua mão e interromper o beijo.

— Hoje não... — Pede.

— Você tem sorte de que ainda tenho algo para fazer. — Sorri maliciosamente.

Callisto se afasta e dá a mão a Valerian para que ela também se levante. O rapaz se despede, pois ainda tem algo para fazer naquela noite ou melhor, tem uma alma para atormentar.

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Naquela noite, o Marquês começou a ter esses sonhos onde Dalia o culpava por arruinar sua família, por ferir o coração de sua filha, por isso gritava que pagaria por tudo, que sua família se afundaria na miséria e mesmo que se ajoelhassem diante de sua filha, esta jamais os perdoaria.

No sonho, ele se via ele e seus filhos pedindo perdão, mas Valerian apenas se virava e desaparecia, enquanto ele e os gêmeos ficavam sozinhos em uma mansão escura, sentindo o arrependimento pela dor que causaram em Valerian.

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