Capítulo 12

Já que haviam descansado, finalmente Valerian se dirigiu à boutique mais renomada do reino, pois era lá que ela poderia oferecer seus tecidos. Ao falar com a designer, esta examinou os tecidos que Valerian havia levado, efetivamente eram de boa qualidade e comentou que aquele tecido parecia com os que comprou em Celes quando viajou há um mês. Os havia comprado de um comerciante que disse ser de um vilarejo próximo.

— Seu nome era Walter e ele representava a família que produzia o tecido — comentou a mulher.

— Poderia ser da casa Lacaster?

— Sim, essa mesma. — Ela mostrou um broche em um botão que Walter havia lhe dado, no qual se via um L desenhado sobre um escudo.

— Justamente venho dessa casa, embora, de agora em diante, a marca se chamará La Rose.

Valerian entregou a ela um botão com a insígnia da que agora seria sua marca, porque de forma alguma daria o sucesso ao sobrenome Lacaster. Valerian explicou que ela estava separada de sua família por assuntos pessoais, mas que a fábrica onde a seda era produzida agora pertencia a ela porque seu avô a havia deixado como herança e o mordomo Walter era quem havia cuidado de tudo até agora, mas que ela já havia assumido o controle da herança e conseguido a permissão do príncipe para comercializar a seda em outros reinos.

— Parece uma senhorita muito esperta, devo dizer que os vestidos feitos com sua seda venderam rápido. — Ela deslizou as mãos sobre os tecidos que Valerian colocou na mesa.

— Devo supor que tem interesse em negociar? — Sorriu.

— Façamos um acordo, faça de mim sua única cliente neste reino e teremos um trato. — Pediu a mulher.

— Gosto da ideia, então vamos falar de preços, quero que seja benéfico para ambas as partes. — Garantiu Valerian.

Ambas começaram a conversar sobre os preços e sobre o contrato, o qual duraria dois anos. Para esse período, se decidisse não renovar, sua decisão seria respeitada, além de que Valerian prometia não vender a seda para nenhuma outra costureira do reino, embora, claro, se Valerian quisesse, poderia comercializar em outro reino.

— Senhorita, tenho uma proposta melhor, sejamos sócias, levarei os vestidos feitos com sua seda para outros reinos e ambas ganharemos muito, porque ninguém mais terá um tecido de tão boa qualidade quanto o seu. — Propôs a modista.

— Gosto, é uma proposta melhor do que a minha e evitaria viagens tão longas. Apresente-me uma proposta completa amanhã e veremos se o acordo nos convém. — Pediu Valerian.

A modista, Rebecca, aceitou, então a esperaria amanhã para poderem conversar sobre a proposta. Após terminarem a conversa, ambas se despediram.

Ao sair da boutique, os guardas de Callisto a esperavam, pois estavam encarregados de escoltá-la e avisaram que Callisto havia ido ao palácio do rei de Kazay para cumprimentá-lo. Mark se aproximou de Valerian.

— Ouvi dizer que o rei deseja casar o príncipe com uma de suas filhas, embora saiba do compromisso dele, é insistente. — Murmurou.

— Ele teria um bom apoio se casasse com essa princesa, deveria aceitar. — Respondeu Valerian.

— Mas ficaria sem um prometido e parece que Sua Alteza gosta de você. — Comentou Mark.

Valerian não respondeu e apenas desviou o olhar. Se bem que ele parecia gostar dela, por quanto tempo? Ela ainda não tinha certeza, primeiro precisava ter certeza de que podia confiar nele.

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Callisto estava diante do rei, que estava acompanhado de sua rainha, seus dois filhos homens e uma jovem princesa. Esta observava Callisto com um sorriso. Após apresentar suas saudações e agradecimentos por permitirem sua entrada no reino, o rei perguntou se ele ainda estava comprometido com a jovem de seu reino, ao que Callisto respondeu que sim e que ela havia vindo com ele ao reino para realizar alguns negócios.

— Ela não é apenas uma dama respeitada na sociedade, mas também entende bem os negócios de sua família. Tenho uma prometida admirável. — Sorriu.

O rei apenas franziu um pouco os lábios, porque ao que parecia, embora insistisse, o príncipe não demonstrava interesse em assumir um compromisso com sua filha.

— Vejo que sim, parece fascinado por ela. — Riu.

— Exatamente, por isso vim com ela, devo cuidar dela com minha vida. — Levou a mão ao peito enquanto sorria com gentileza.

Com isso, pediu licença para se retirar após agradecer novamente pela hospitalidade. Ele caminhava pelo corredor em direção à saída até que ouviu alguém chamando-o. Ao parar e se virar, viu que era a princesa, uma linda jovem de cabelos castanhos e olhos cinzentos. Ela o olhava com um sorriso sedutor.

— Alteza, por que me rejeita? Ao contrário de sua prometida, eu tenho um status muito mais conveniente para você e seu futuro como rei. — Perguntou a jovem.

— Talvez você tenha um status maior do que minha prometida, mas você não tem meu coração, minha prometida tem. — Respondeu com um sorriso maroto.

A princesa ficou em silêncio ao ouvir suas palavras, especialmente ao notar o olhar penetrante que ele lhe dirigia. A princesa deu de ombros e apenas observou o príncipe se afastar.

— Pobre de você, irmãzinha, é claro que o príncipe nunca irá te querer. — Zombou seu irmão.

— Me ajude... seduza sua prometida, faça com que ele veja que ela não é perfeita. — Pediu.

— Jamais, não penso em causar problemas entre reinos por um capricho seu. — Recusou-se.

Dito isso, ele se afastou de sua irmã, enquanto a princesa gritava com ele por não ajudá-la. Mas talvez ele estivesse certo, o melhor era ignorar seu pai e não causar problemas.

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Ao chegar à pousada, Callisto viu que Valerian estava revisando uma pasta, então não hesitou em perguntar como havia sido com a proposta. Valerian então contou a ele o que a modista Rebecca havia lhe pedido, então eles ficariam no reino por mais alguns dias. Claro que Callisto não gostou muito da ideia, porque não queria que o rei convidasse Valerian para o palácio e fizesse comentários desagradáveis.

— Estamos sem chamar atenção, não quero que o rei nos convide para ficar no palácio. — Comentou.

— Se ele fizer isso, estou preparada, especialmente se ele tentar me fazer sentir inferior à sua filha.

Para Valerian, o fato de o rei querer que Callisto se casasse com sua filha não tinha importância, mas se isso a ofendesse, ela não hesitaria em responder.

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