Capítulo 4

Valerian tinha ido com Maddy ao mercado de uma cidade próxima, ambas compraram o necessário para a mansão, como já havia passado uma semana desde que chegaram ao campo, seguramente no reino já se sabe que ela se afastou de sua família e que o Marquês está negociando com o rei sobre a troca da noiva no compromisso do príncipe herdeiro, o que deve ser algo tedioso, mas o príncipe ficará feliz com a mudança, visto que, a essa altura da história, tanto ele quanto Marlene já devem ter convivido bastante e a atração entre eles já deveria ter começado.

Após colocar tudo na carruagem, Valerian pediu a Maddy para irem a um restaurante tomar café da manhã, assim elas poderiam ficar a par das fofocas sobre o reino, esses lugares são uma boa fonte de informação. Ambas se sentam pedindo o prato do dia.

"Dizem que não viram a Srta. Lacaster nas reuniões, será que ela está doente?"

"Não, ela foi embora da casa principal, minha sobrinha é criada na mansão Lacaster e dizem que a Srta. foi para o campo."

"Ela deve estar sob tanta pressão por causa de seu compromisso, talvez queira descansar."

"Não é isso, essa família a trata com indiferença, acho que foi por isso que ela fugiu."

"Como?, mas se ela será a princesa herdeira, por que sua família a trataria mal?"

"Você não sabe, o Marquês perdeu sua esposa quando a Srta. Lacaster nasceu, dizem que o Marquês culpa sua filha pela morte de sua esposa."

"Que terrível, mas de que ela é culpada?, se ele quer culpar alguém, deveria culpar a si mesmo por não manter as calças no lugar, essa menina não foi feita por mágica."

"Não seja vulgar. Embora eu lhe dê razão, se sua esposa estivesse doente, ele não deveria tê-la engravidado."

Maddy olha para Valerian com preocupação, pois é um assunto muito delicado o qual aquelas mulheres falam, mas Valerian apenas sorri com escárnio, pensando que pelo menos aquelas mulheres são razoáveis e têm mais consciência do que sua própria família. Valerian se levanta de seu assento e assim que as mulheres presentes naquele local a veem, ficam em silêncio, pois sabem perfeitamente quem ela é. Ela apenas sorri e segue seu caminho.

Mas ao que parece, ainda não se fala sobre o rompimento de seu noivado, ela presume que isso levará um pouco mais de tempo. Ao terminar de comer, elas voltam para a carruagem para retornar à mansão.

— A senhorita está bem?, aquelas mulheres falaram demais.—

— Estou bem Maddy, isso já não me afeta. O que aquela família pensa de mim não tem importância.— assegura.

— Para seu consolo, aquelas mulheres têm razão, a senhorita não é culpada de nada.— a consola.

— Eu sei, só tive o azar de nascer com uma família de homens estúpidos.— sorri.

Maddy ri do comentário, mas concorda. Quando a carruagem chega à mansão, elas veem que há uma carruagem acompanhada de escolta na entrada, o que incomoda Valerian, certamente seus irmãos trouxeram aquela inútil até aqui, mas, eles vão ouvi-la, ela não hesitará em expulsá-los, não importa se o Marquês ficar com raiva. Assim que sua carruagem para, ela desce rapidamente indo em direção aos guardas.

— O que estão fazendo aqui?, quem trouxeram?, se os gêmeos e a bastarda estiverem lá dentro, eu juro que queimo a mansão.— ameaça furiosa ao guarda.

Ela detesta a ideia de que os gêmeos e Marlene cheguem à mansão para perturbar sua tranquilidade.

— Que modos, Srta. Lacaster.— fala com certo tom de escárnio.

Valerian se vira para onde a voz vem, porque ela parece familiar na memória da verdadeira Valerian e sim, ela a conhecia, porque aquele jovem de cabelo preto e olhos dourados estava parado na entrada da casa, mostrando um sorriso zombeteiro. Aquele era sem dúvida o príncipe herdeiro, Callisto Valencia. E Valerian não consegue deixar de se perguntar, o que ele está fazendo ali?, será que veio acompanhado da bastarda?

— E daí?, vai me mandar executar por ser indelicada com sua amada e futura esposa?— pergunta com certo tom de escárnio.

Valerian não se conteve ao expressar seu desconforto.

— Sendo assim, a senhorita estaria insultando a si mesma, não?— responde dando de ombros.

— Não estou falando de mim, é mais do que óbvio que você não vai se casar comigo.— responde rapidamente.

— Por que não?, você é minha noiva.— ele dá alguns passos para ficar na frente da loira que o olha com frieza.

— Acha que sou ingênua?, acha que não vi os flertes entre você e a protegida do meu pai?—

Callisto levanta uma sobrancelha devido à dúvida que tem ao ouvir suas perguntas, pois até onde sabe, ele nunca flertou com a irmã mais nova dos Lacaster.

— Que bela maneira de se referir à sua irmã mais nova, será que está com ciúmes?—

— Por que eu estaria?, além disso, ela não é minha irmã, a menos que ela seja realmente uma bastarda do meu pai, o que seria provável.— embora ela saiba que ela não é filha do Marquês.

— Pode ser, mas, estou surpreso que você se refira a ela dessa forma, os gêmeos e o Marquês realmente a adoram, isso a incomoda?, certamente pensa que ela está roubando o afeto de seu pai e irmãos.—

Valerian solta uma risada com as palavras de Callisto e ele só fica mais curioso.

— Ela não pode tirar o afeto que eu nunca tive. E com sua licença, se eles estiverem lá dentro, tenho lixo para jogar fora.—

Valerian afasta o príncipe e segue seu caminho em direção à mansão, perguntando por convidados indesejáveis, mas o mordomo garante que o único visitante é o príncipe herdeiro, ninguém mais chegou à mansão.

— Ele está dizendo a verdade, eles não vieram, não sabem que vim, então teremos a casa só para nós dois.— pisca.

— De jeito nenhum você vai ficar, Sr. Walter, mande as coisas do príncipe de volta para sua carruagem.— ordena Valerian.

— Nada de Walter, eu fico, subam minhas malas para o quarto da senhorita.— ele sorri sedutoramente para Valerian.

O rosto de todos os criados ficam vermelhos de surpresa, afinal, nem mesmo um casal casado costuma compartilhar o quarto, a menos que seja a noite programada para sua intimidade de casal.

— Perfeito, será mais fácil sufocá-lo com o travesseiro.— responde Valerian.

— Assassinar um príncipe pode ser considerado traição.— informa Callisto.

— Vou arriscar, alteza, garanto que valerá a pena.—

Callisto se aproxima de Valerian ficando na frente dela e se inclina um pouco para ficar na altura dela.

— Por que você parece me odiar?, eu a ofendi de alguma forma?, você não era assim antes.— pergunta com curiosidade.

— Não odeio você, mas não pretendo perder meu tempo com um compromisso sem futuro. Você sabe muito bem o que há entre você e Marlene.—

— Sem futuro?, você não pode ter certeza disso, e de acordo com você, o que há entre sua irmã e eu?—

— Um caso, e não se preocupe, meu pai se encarregará de que você possa se casar com ela.— Valerian se vira, mas para ao sentir o aperto em seu pulso.

— O que te faz acreditar nessas coisas?, eu não sou esse tipo de homem.— responde um tanto irritado.

Valerian afasta a mão e segue seu caminho, não precisa ouvir as desculpas daquele garoto, porque mesmo que ele negue, ela sabe perfeitamente que tanto ele quanto Marlene vão acabar juntos. Maddy estava prestes a seguir Valerian, mas Callisto a interrompe.

— Por que sua senhorita acha que eu tenho algo com a irmã dela?— ele precisa saber o que fez ela acreditar naquilo.

— Porque ela já o viu conversando sozinho com a senhorita mais nova. Alteza, não faça mais minha senhorita sofrer, ela já está farta do desprezo de sua família.—

Maddy faz uma reverência e sobe as escadas para ir até Valerian. Enquanto Callisto fica ainda mais em dúvida, pois se é verdade que ele conversou com Marlene, ele só o fez para não ser rude.

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