Capítulo 19

Lorenzo

Covarde.

Uma palavra com sete letras e um significado

Mentiroso.

Uma palavra com nove letras e um significado.

Traidor.

Uma palavra com sete letras e um significado.

— Quantas pessoas pretendia alimentar, trazendo esse tanto de coisa? — ela pergunta e eu saio do transe, observo a silhueta do seu corpo de costas para mim. Ela está com uma legging e uma regata, como se estivesse pronta para treinar. Seu corpo inteiro me atraí, mas perto de mim ela é tão pequena que parece até uma, fada.

— Não sabia o que gostava, então trouxe o que imaginei que gostaria. — falo, me aproximando dela que está de frente para a mesa, colocando as coisas que eu trouxe dentro de sua bolsa.

Eu comprei alguns doces, bolo de chocolate, torta doce e torta salgada.

— Ainda bem que você não me ouviu, e trouxe essas coisas. Com o que eu fiz iríamos passar fome. — ela fala se virando e dando de cara comigo atrás dela.

Coloco minhas mãos na mesa, prendendo ela entre meus braços. Ela me olha nos olhos e percebi que gosto disso nela.

Se eu a encaro, ela me encara também.

Valente!

— Sabia que o significado do seu nome, é forte e valente? — pergunto e ela sorri, como se estivesse me convidando para olhar para a sua boca.

— Que assunto aleatório! Sei sim, minha mãe conta, que teve uma gravidez de risco, passou a gestação mais no hospital do que em casa, tomando remédios para me segurar na barriga. Por sorte, conseguiu chegar aos nove meses e eu nasci saudável, então ela diz que foi eu que lutei para viver. Por isso o nome.

Que ironia saber dessa história, sabendo que ela não tem medo da morte.

— Sua mãe fez uma ótima escolha, combina com você e sua personalidade.

— É...Temos que ir agora. — ela me dá um leve empurrão no peito e eu me afasto. Pego sua bolsa e a mochila de acampar e vou andando.

— Pode deixar que eu levo a bolsa, não precisa levar tudo.

— Eu levo, fadinha.

— Fadinha? De onde tirou isso? — me viro e pego ela sorrindo.

— Um apelido, combina com você. Vamos?

Estendo minha mão para ela. E ela segura sem nem mesmo questionar.

Talvez ela esteja se entregando a isso que está acontecendo, assim como eu.

Como tudo isso irá terminar? Eu não sei.

A única coisa que sei, é que me sinto estranho para c4ralho por não querer que acabe.

Sei também que sou um covarde, porque nunca vou conseguir contar a verdade para ela.

Ela tranca a casa e saímos andando.

— Com o que você trabalha? — ela pergunta enquanto caminhamos.

— Trabalho no TI, para a empresa do meu pai e meu tio.

— Eu imaginei...pesquisei um pouco sobre você e vi sobre suas formações... — ela me olha e parece sem jeito por revelar que pesquisou sobre mim.

Eu não me importo com isso, na internet ela nunca irá achar nada sobre eu e minha família inteira sermos mafiosos.

— Hum... E o que mais descobriu? — indago.

— Não foquei nas coisas sobre seus familiares, mas descobrir que vocês são a realeza. — ela fala e eu dou risadas.

— De onde tirou isso? Não lembro do meu pai ser um rei. — paro de andar, apenas para ver a sua reação.

— Não fui eu, a internet que diz. Vi uma matéria que dizia: "Os Bianchi's com patrimônios multi milionários passados de geração em geração, são considerados a realeza do país"

— São matérias sensacionalistas, eles exageram.

— Isso não tira o fato de você ser muito rico.

— Isso eu não posso negar. — falo e voltamos a andar.

— Então, por que parece que não se importa de estar saindo com uma pessoa muito diferente da sua classe social? — pergunta e eu a olho, ela parece realmente curiosa para saber a resposta.

— E por que eu me importaria com isso?

— Sei lá, o certo seria pessoas que tem dinheiro, procurar quem tenha também.

Sorrio. Curiosa e interessante.

— Se eu me preocupasse com essas coisas, eu não teria nem chegado perto de você. O que importa para mim é apenas a pessoa e não o dinheiro dela. Dinheiro eu já tenho, não sairia com ninguém apenas por status.

— Uau! — exclama. — Me surpreendeu agora. Então, quer dizer que já ficou com outras mulheres que não são da sua mesma classe social.

— Você é bem curiosa, não é? Quer mesmo que eu fale sobre outras mulheres? — indago e vejo ela dá de ombros.

— Pode falar, tira essa dúvida minha.

— Não. Geralmente os lugares que frequento, as mulheres tem algum tipo de status.

Vejo de soslaio ela me olhando, mas ela não diz mais nada e olha para frente. Continuamos caminhando.

— Obrigada por me acompanhar. — ela diz do nada.

— O nome Valente realmente combina com você. Não acredito que teria coragem de entrar em uma mata perigosa sozinha. Não ficou com medo, pela possibilidade de aparecer alguém?

— Ultimamente, não estou com medo de muita coisa. Apenas quero fazer as coisas que tenho vontade.

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