Capítulo 07

Valentina

Chego no hospital, vou direto trocar de roupas para começar o expediente, acabei me atrasando, por perder bastante tempo ligando para meu irmão. Quase não consegui dormir, esperando ele chegar e, adivinha? Ele não voltou para casa.

Quando conseguir dormir um pouquinho, acordei em cima da hora, o liguei várias vezes e não obtive resposta alguma.

— Está com uma cara péssima. — Lana, diz ao me ver parada olhando para dentro do armário.

— Não estou no meu melhor dia. — bato com força a porta do armário e ela se assusta.

— Ei, calma. Aconteceu alguma coisa?

Ela se aproxima de mim e parece preocupada. Eu não cultivei muitos amigos no pouco tempo que estou aqui, já conheço praticamente todos os funcionários e médicos do hospital, mas apenas os cumprimento por educação. Mas, Lana, é a pessoa que eu mais conseguir me indentificar, e até a considero uma amiga.

— Não é nada. Estamos atrasadas. — aviso, e seguimos caminhando pelo corredor.

— Está sabendo, que o dono do hospital, vai fazer uma grande festa de halloween?

— Ouvir falar.

— E vamos juntas, né? É uma ótima oportunidade para se distrair, você anda tão para baixo.

Lana diz e eu sorrio, admiro sua preocupação comigo em tão pouco tempo que nos conhecemos.

— Não sei, irei pensar.

Ao chegar nos nossos postos de trabalho, iniciamos o dia. Atendi a manhã inteira, tirei meu horário de almoço e a tarde, voltei ao trabalho. Quando acabamos os antendimentos, ainda faltava algumas horas para o horário de saída. Nossa supervisora, pediu para organizarmos os resultados dos exames em ordem alfabética.

Estava organizando tudo como ela pediu, até ver um nome, e lembrar de uma pessoa.

Lorenzo Bianchi.

Olho a data do exame e confirmo que seja ele, não teve outra pessoa com esse nome no dia. Ele é realmente um cara bonito e interessante. Me lembro de ontem, e da carona que ele me deu.

Eu não queria me relacionar com ninguém, na realidade, não queria nem chegar perto de homem nenhum, mas ele foi o único, que me fez se sentir desejada e vontade de ser tocada. Depois do que aconteceu...

É melhor eu parar de pensar nisso. Eu não tenho nada de interessante, sem contar que...eu sou virgem. Ele deve ficar com várias mulheres, não iria querer nada com uma, inexperiente.

Com certeza, ele iria rir da minha cara, ao descobrir que uma mulher de, vinte e dois anos, nunca transou. Antes, isso não era minha prioridade. Eu sempre preferi estudar, queria dar orgulho a minha mãe, que sempre se esforçou por nós. Ela guardou durante anos, a indenização que recebeu pela morte do meu pai e do Henrique. Quando chegou a hora, ela deu uma parte para que meu irmão começasse a faculdade, ele decidiu estudar aqui na Itália com um amigo dele, que morreu, com um ano que estavam aqui. Quando chegou o momento de eu fazer minha faculdade, ela custeou tudo, ainda pagou o curso de inglês, e como meu irmão tinha vindo para cá, também aprendi o italiano. Por isso, fico com a consciência pesada, em saber que meu irmão mentiu.

— Falta meia hora para sairmos. — Lana avisa, eu volto a realidade e termino rapidamente de organizar tudo.

Após terminar vamos trocar de roupas. Após me despedir, pego o metrô para voltar para casa.

Quando chego, logo entro e fecho a porta. As ruas aqui são desertas, as casas não são coladas umas nas outras, nos fundos das casas tem uma grande mata, o que deixa uma sensação enorme de insegurança.

Tomo banho e como um lanche. Vou para o quarto e fico mexendo no celular até o sono vir, penso em ligar novamente para meu irmão, estou preocupada de verdade. Mas decido fazer isso pela manhã.

***

Acordo assustada, com a sensação de ter ouvido passos. Não percebi em que momento eu dormir, a casa está toda escura e eu não lembro de ter apagado as luzes. Tateio a cama, procurando o celular, quando encontro, vejo que é mais de meia noite. Ligo a laterna do celular e me levanto para ligar a luz, mas ela não liga. Saio do quarto, iluminando o corredor e ouço passos novamente.

— Quem está aí? — sinto os passos se aproximando e meu corpo congela.

Merda. Merda. Merda.

Fico tão nervosa, que minhas mãos tremem e deixo o celular cair no chão, quando me abaixo para pegar, sou puxada bruscamente pelos cabelos. A pessoa tampa a minha boca com a mão que percebo estar com uma luva, fica atrás de mim e algo gelado encosta no meu pescoço. Meu corpo começar a tremer e minha respiração fica acelerada.

— Qualquer movimento brusco, e seu pescocinho, já era.

A voz grossa ecoa no meio do silêncio, minha respiração acelera ainda mais.

Meus Deus, me ajuda.

Tento falar algo, mas sinto uma ardência em meu pescoço.

— Aí... — o gemido de dor sai instantaneamente, pois o objeto que deduzo ser uma faca muito amolada, com certeza me cortou.

Ele tira o objeto do meu pescoço e num movimento rápido, meus braços são imobilizados para trás e meu corpo é encostado na parede, ele pressiona minha cabeça na parede gelada, e eu não consigo parar de tremer.

— Pode levar o que quiser, mas por favor não faça nada comigo. — digo, imaginando que seja um assalto o que está acontecendo aqui.

— Você acha que se fosse um assalto, eu deixaria você viva? — ele diz e meu coração dispara, não consigo responder nada e ele continua falando. — Vou fazer umas perguntas bem simples, o que acontecerá com você, dependerá das suas respostas.

Engulo em seco e continuo calada.

— Qual a sua relação com o grupo, Delta? — ele pergunta e meus olhos se arregalam, meu coração quase sai pela boca.

Esse é o nome do grupo, que meu irmão participa e eu...droga, isso não pode está acontecendo.

— E-eu...eu não sei... — digo com a voz trêmula, ele pressiona ainda mais minha cabeça na parede, me deixando com falta de ar.

— Não me subestime! Henrique Albuquerque, 30 anos, brasileiro e é seu irmão, um dos integrantes do Delta. Eu sei tudo sobre você, Valentina Albuquerque. É melhor colaborar me dizendo a verdade, como eu disse, tudo vai depender das suas respostas.

Fico surpresa com sua revelação e meus olhos enchem de lágrimas, não sei o que fazer nem o que responder.

— Fala!! — ele se altera após o meu silêncio.

O que eu faço?

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