Conversa com nossos pais

Entrei no quarto, em cima da cama está o vestido mais lindo que já vi, nunca na vida me imaginei usando um vestido de princesa, mas por ele vou por. Tomei o meu banho e me vesti, me sinto ridícula no vestido. Acabei de me arrumar, saí do quarto e ele me encara de um jeito que me desconcerta, perguntei:

— Você gostou?

— Gina, imaginei você dentro deste vestido o dia todo, mas nada poderia me preparar para o tanto que você ficou linda.

— Não sou acostumada a usar este tipo de roupa, me sinto estranha, como se não fosse eu.

— Vamos jantar, minha esposa. Jantamos, fui relaxando e no fim estava rindo das piadas sem graça dele como todo dia, acabamos de comer e ele começa a falar.

— Nesses meus 34 anos, achei que tinha vivido muita coisa, mas estava sempre me faltando algo, só que antes de conhecer você não sabia o que era. Quando te conheci e você se aninhou nos meus braços, eu me senti completo. Se ajoelhou na minha frente e falou:

— Regina, minha gata selvagem, você quer se casar comigo e passar o resto dos seus dias sendo amada por este homem que aprendeu a amar com você?

— Você tem certeza de que quer encarar o meu gênio ruim todos os dias da sua vida?

— Só responde, sim, Gina, e vamos colocar este anel no seu dedo.

— Sim, Anderson, eu aceito passar o resto dos meus dias com você, meu amor. Vamos ter que contar para a família que vamos continuar juntos.

— Ponto muito importante, Gina, você vai me liberar para te ensinar algumas coisinhas na cama?

— Vou pensar no seu caso.

— Vamos marcar uma reunião com os nossos pais para avisar ambos que vamos ficar juntos.

— Sim, vamos, Anderson, eles vão ficar felizes de ver que conseguiram nos unir.

— Devo isso para meu pai, ele me deu o amor da minha vida.

# A conversa com os pais.

“Gina”

Como era minha folga, marcamos um almoço para contar aos dois a nossa decisão. Chegamos juntos de mãos dadas e eles nos olharam e começaram a discutir.

Não me liguei à discussão dos dois, dei a volta na mesa e abracei a minha mãe, que fazia dias que não conseguia visitá-la, até parece que o meu pai estava me impedindo de vê-la.

— Você perdeu George, olha os dois juntos, o meu filho não falhou, com certeza ele conseguiu consumar o casamento.

— Confio na minha filha, sei que ela não me decepcionou, ela é dura na queda.

Sai do lado da minha mãe e fui para o lado de Anderson, não estava entendendo direito qual o significado daquela conversa horrível.

— Vamos, meu filho, diz para seu sogro que você consumou este casamento.

Anderson se estressa e fala:

— Não entendo essa insistência, isto é um assunto nosso e vocês não têm nada com isso.

— Te falei George, minha filha é dura na queda e não me decepcionou. Seu filho é bom, mas minha filha é melhor.

“Gina”

Olhei para minha mãe, que está com a cabeça abaixada para não ver meus olhos, então há mais coisas no acordo e minha mãe sabia, por isso meu pai não me deixou vê-la.

“Anderson”

Olhei para Gina e não entendo por que ela continua calada. Eles falam um monte de asneiras, querem se meter na nossa intimidade e ela não se defende.

— Vamos, filha, fala para o Lucas que você não deixou o garanhão dele te tocar.

— Filho, eu não esperava que Gina conseguisse te enganar assim.

— Me enganar, do que o senhor está falando? 

— Tem uma cláusula no vosso contrato de casamento, que se o casamento não fosse consumado em três meses, pagaríamos o dobro do dinheiro que foi acordado, como uma indenização por qualquer prejuízo moral que a noiva tenha sofrido.

Fiquei louco, me afastei dela e comecei a pensar que realmente foi tudo de caso pensado. Gina me enganou, é tão nojenta quanto o pai dela.

Estou paralisada, não consigo acreditar no que está acontecendo. Eu sabia que estava tudo dando certo demais, na minha vida nunca foi assim, perdi meus pais, o casal que me adotou só soube me usar, e mais uma vez me usou. A que a minha mãe era diferente, mas parece que não, senão havia me ligado e contado essa nojeira toda. Não consigo pensar direito, acabou, Anderson nunca vai acreditar em mim de novo, tentei tocar no braço dele e ele se afastou como se eu fosse um monstro. Virou para mim e começou a falar:

— Parabéns, você conseguiu me enganar, fingindo uma inocência que você não tem. Fiquei cego por um tempo, mas agora vejo como você é falsa. Mas fique tranquila, vou cumprir com tudo o que estiver no contrato, já que você fez a sua parte, vou fazer a minha.

“Gina”

Tentei falar com ele, mas não me escuta, está tão acostumado com todos traindo a confiança dele que foi fácil acreditar que fiz o mesmo.

— Anderson, me escuta, eu não sabia de nada disso, não te enganei.

— Pode parar de fingir agora, você já conseguiu o que queria, o meu dinheiro é todo seu, mas é só o que você vai ter de mim.

Lucas intervém:

— Filho não é bem assim, tem mais um detalhe, se não vier um herdeiro em um ano, ela vai se tornar acionista majoritária da nossa empresa.

— O senhor ficou louco, como me deixou assinar um contrato desse sem ler?

— Nunca imaginei que você não fosse cumprir com a sua obrigação de marido.

— Não vou perder a minha empresa para ninguém, vou resolver isso. Anderson olhou para mim com ódio, eu não consegui me defender, vou deixando as coisas ficarem piores, agora vou ter que dar um filho para Anderson, como vai ser isso? Olhei para minha mãe que não consegue nem me encarar, como ela pode me trair desse jeito? Pensei rápido e falei:

— Abro mão, não quero dinheiro e nem continuar casada com você. Pode ficar tranquilo que não vou ficar com a sua empresa e nem com o seu precioso dinheiro.

— Vai continuar se fazendo inocente, Gina? 

— Eu sabia tanto quanto você Anderson, mas claro é mais fácil acreditar que te trai, não é mesmo? Em momento algum, passou pela sua cabeça que posso ser tão inocente quanto você?  Pergunta para eles se eu sabia se não te disserem, pergunta para aquela que se diz minha mãe, ela pelo menos deve te dizer a verdade, e não se esquece do que você me falou porque eu não vou esquecer nenhuma de suas palavras, nosso relacionamento acabou aqui.

“Anderson”

Vi Gina virar para o pai dela e descarregar toda a frustração. Acho que mais uma vez cometi um erro.

— Você não é um pai, é um monstro e acaba de destruir minha vida de novo. Tenho nojo de você e essa sede de poder que você tem.

Esta foi a última vez que você me usou, só não vou cortar relações com você devido ao problema de saúde da minha mãe, que deveria ter te enfrentado e me contado essa sujeira toda. Pelo menos eu não teria passado por essa humilhação.

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