meu trabalho, meu casamento, uma loucura

“Anderson”

Balancei a cabeça concordando, tentei, mas quando me dei conta, estava parado em frente ao hospital. Sei que ela tem meia hora de descanso, mas não sei que horas isso acontece. Preciso vê-la, sentir o seu cheiro, abraçar e sentir o seu calor irradiar e dar vida para meu corpo.

Tenho uma ideia, vou entrar na emergência e ver se ela está lá, só vou ver de longe. Desci do carro e entrei na emergência. A cena que vejo me enlouqueceu, ela e mais duas enfermeiras estão tentando conter um homem, ele está nervoso, gritando muito, dá um empurrão na minha gatinha e grita:

— Tira a sua mão de mim, sua vaca, eu não vou deixar ninguém pegar a minha veia, vocês querem me matar. Perco a paciência e dou um grito com o homem.

— Quem você pensa que é para empurrar minha esposa assim? Cale a sua boca e fique quieto, elas só estão tentando te ajudar. Gina vira, olha para mim com cara de poucos amigos e continua o seu trabalho.

— Senhor, vou pegar a sua veia para lhe aplicar a medicação que o Dr.receitou, ninguém aqui vai lhe fazer mal. O homem olha intimidado para meu defensor, que parece maior ali naquela posição autoritária e me permite pegar a veia dele e administrar a medicação. Estou brava, não sei se é com a atitude dele ou se é porque as minhas companheiras de trabalho estão olhando para Anderson como se ele fosse um herói. Falei para elas, porque estou quase perdendo a boa e arrancando olhos delas.

— Vocês podem voltar para seus afazeres, obrigado pela ajuda.

— Elas me olham e vão saindo.

— Me virei para Anderson e falei:

— O que você acha que está fazendo? Estou no meu ambiente de trabalho. 

— Gina, você devia ser mais grata, te salvei do bandido.

Mesmo sabendo que, se ele não tivesse chegado, eu teria que chamar outra pessoa para ajudar com o paciente, eu falo.

— Do que você está falando, Anderson, ele é só uma pessoa com medo de injeção, e eu tinha tudo sobre controle. As meninas continuam olhando curiosas, resolvi tirar Anderson da emergência, antes que eu tenha uma crise de ciúmes e complique mais ainda a situação. Falei para elas:

— Vou tirar a minha meia hora, logo volto. Vamos, Anderson? Ou você prefere ficar aí sendo o centro da atenção?

Anderson reclama:

— Pelo menos elas são educadas comigo e estão me valorizando, coisa que você não faz.

Rosnei e sai batendo os pés

Ele vem atrás de mim, quando saímos do hospital, ele me abraça e me beija.

— Pare com isso, Anderson, o que você está fazendo aqui? Esse é meu ambiente de trabalho, não posso ficar de agarração com qualquer um.

— Você não atende minhas ligações. Fiquei preocupado, estava morrendo de saudades de você, minha gata selvagem. Eu não sou qualquer um, sou seu marido.

— Não quero você aqui, preciso de foco no meu trabalho, e você me tira a concentração. Será que não entende que tenho a vida das pessoas em minhas mãos? Meu trabalho é sério e perigoso. Tenta me entender.

— Gina, vem para casa comigo e vou te mostrar o que é tirar a sua concentração.

— Anderson, não existe essa possibilidade, eu vou voltar lá para dentro e você vai fazer o que costumava fazer à noite. Não sei por que tento falar com você, você não me escuta.

— Tá bom, Gina, mas se lembra que foi você quem me mandou embora. Virou as costas e foi embora. Nossa! Ele desistiu muito fácil, deve ter alguma mulher esperando por ele, mas também ele não respeita meu trabalho, acho que foi melhor assim, ele nunca vai me entender.

Voltei para meu trabalho e não tive tempo de pensar em mais nada, meu plantão acabou, passei o cartão, fui saindo. Lá fora, encostado no carro, mais lindo que ontem à noite, estão ele e minhas duas companheiras de trabalho conversando, me aproximei.

Falei só para as meninas pararem de olhar para ele como se fossem dar para ele ali mesmo.

— Oi, amor, você veio me buscar?

— Sim, querida, e enquanto te esperava, encontrei suas amigas de trabalho, elas são ótimas de conversa. Elas resolveram perguntar:

— Gina, não sabíamos que você tinha namorado. Olhei para elas e disse entre dentes:

— Não é meu namorado, é meu marido, nos casamos em segredo, faz alguns dias.

— Como pode ser Gina? Nem sabia que você tinha namorado e agora você se casou? E ainda com ele?

— O que tem Anderson?

— Elas falam para mim.

— É o homem mais cobiçado da cidade, todas as mulheres sonham em sair com ele, e você casou com ele, não é possível que você não conheça a fama que ele tem.

— Que fama, meninas?

— Que ele é um Deus do amor, que igual a ele na cama não existe outro. Fala para a gente, Gina, é verdade? Ele é bom mesmo?

“Anderson”

Comecei a ficar desconfortável com a conversa, não quero que Gina saiba das coisas que eu fazia e da minha fama de garanhão. Falei para cortar o assunto. 

— Vamos, querida, estou faminto. Quando Gina me olhou, por um momento vejo um lampejo de faísca, mas ela fala comigo com muito carinho e esqueci até meu nome.

— Vamos, sim, querido, eu também estou com muita fome, amor. Respondendo para vocês, estou muito satisfeita com meu marido, mas não testei tudo ainda, só vou dizer que ele é um Deus do Amor após testar tudo o que tenho direito.

Gina me abraça e dá um apertão na minha bunda. Não sei o que aconteceu, mas adorei a mudança. Saímos de lá abraçados, eu abri a porta do carro para ela. Na hora em que entramos no carro, a minha gata selvagem voltou.

— Anderson, se você vier no meu serviço de novo para atrapalhar meu trabalho, eu vou chamar a polícia e mandar te prender, entendeu?

— O que aconteceu com a mulher que estava me tratando muito bem? Que me deu um apertão na bunda, eu quero esta Gina de volta.

— Só fiz aquilo para aquelas taradas pararem de olhar para você daquele jeito. Achei engraçado o jeito dela e resolvi atiçar o ciúme dela.

— De que jeito, Gina? Eu não percebi nada.

— Como se você fosse um pedaço de carne assada apetitosa e disponível.

— Gina, você está com ciúmes, mas não precisa, só tenho olhos para você e a história do Deus do Amor. Quando quiser testar, fique à vontade, estou todo à sua disposição.

— Por favor, Anderson me leva para casa, preciso descansar.

— Pode deixar, vou levar você para casa e vou cuidar de você.

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