O jantar

“Anderson”

Tenho a minha resposta: ela nem precisou me responder, estava tão encabulada e vermelha que eu já sei a resposta, ela é virgem.

Fica tranquila, minha enfermeira, eu vou te proporcionar o melhor momento da sua vida e vou esperar você estar pronta para isso. A campainha tocou e Anderson falou comigo:

— Gina, eu pedi para a loja do hotel trazer algumas roupas para você e para mim.

— Muito obrigado, Anderson, estou precisando mesmo. Mas, espera um pouco, o que vai querer em troca? Ele atendeu a porta, pegou as sacolas e dispensou a moça. Me entregou as sacolas e falou:

— Prove lá e vê qual você gosta, depois a gente chama ela para buscar o que você não gostou. Fiz porque achei que você ia gostar, mas se quiser continuar andando de baby dool vou adorar.

Vi que fui grosseira, mas o que ele queria? Que eu abrisse um sorriso e achasse o gesto dele maravilhoso? E que não tivesse segundas intenções.

— Desculpa Anderson, eu não estou acostumada a ter alguém pensando em mim sem querer nada em troca.

— Não tem nada, agora sou seu marido e sempre vou pensar em você.

— Pelo menos durante os três meses em que formos casados.

Fiquei olhando minha mulher experimentando as roupas como se fosse uma criança que ganhou um doce. Ela não teve amor quando criança? Vou ter que descobrir de onde vem essa fragilidade que senti, fiz um gesto que faria por qualquer uma que estivesse comigo, mas o resultado me aqueceu o coração.

Anoiteceu e estou ainda experimentando. Sai do quarto com uma blusa azul-turquesa e uma saia branca. Anderson falou:

— Fica com essa roupa, vamos descer, jantar no restaurante do hotel.

— Você gostou? Então, fico, vou colocar uma sandália.

— Gina, você fica linda até com um saco de lixo. Vejo ela ficando vermelha com o elogio, como que uma mulher dessa nunca foi elogiada? Que tipo de pais foi esses que criaram ela sem carinho?

# O jantar.

Descemos para o restaurante e nos sentamos em uma mesa decorada para recém-casados.

— Você que pediu isto, Anderson?

— Sim, Gina, os nossos pais querem fotos nossas, lembra? Vamos fazer bonito para os dois. Anderson fala:

— Garçom, por favor bata uma foto nossa.

— Gina, vou te abraçar para que eles fiquem felizes.

— Certo Anderson. Abracei a minha esposa e senti ela se encolher. Não sei exatamente como reagir à rejeição dela, mas é só o primeiro dia, ela vai se acostumar comigo, vou dar tanto carinho que ela não vai resistir.

O garçom bateu a foto, e Anderson não deixou eu me afastar. Continuou com a mão no meu ombro.

— Gina, fica perto de mim, vai que os nossos pais deixaram alguém para nos vigiar.

— Verdade Anderson, eles são bem capazes disto.

— O que você quer comer?

— Anderson, você conhece este lugar bem melhor que eu, pode escolher.

Ele chama o garçom e faz o pedido, de repente, ouvimos um grito e vem uma mulher toda maquiada na mesa, abraça o meu marido.

E fala:

— o meu bebê, o que faz aqui? Por que não avisou que vinha, que eu teria preparado uma mesa especial para você? Anderson tentou se livrar do abraço, e falou:

— Melissa, não estou sozinho. Melissa me olha de cima a baixo e diz:

— Sim, muito prazer. Você está contratando uma empregada? E precisava trazê-la para jantar aqui?

— Me casei, Melissa, esta é minha esposa.

— Você está de gozação, Anderson, esta criatura insossa nunca poderia ser sua esposa. Me manifestei:

— Poise, mas sou a esposa, e a senhora acaba de me ofender. Anderson tenta apaziguar:

— Calma, querida Gina, Melissa já está de saída, não está? Melissa me encara e fala:

— Senhora? Você está dizendo que sou velha?

— Falei, senhora, por respeito, mesmo a senhora não merecendo, por favor, tire a mão de meu marido.

“Anderson”

Gina mandou a Melissa tirar a mão do marido dela, que sou eu? Ela me considera marido dela, agora meu ego ficou grande de novo, minha mulher está com ciúmes de mim.

“Gina” O que estou fazendo, batendo boca com esta criatura por causa dele? Me virei para sair, Anderson me pegou pela cintura e me segurou.

E falou no meu ouvido.

— Calma, minha gata selvagem, ela faz parte do meu passado, você é meu presente e futuro. Virou para Melissa e disse:

— Melissa, foi ótimo te ver, mas agora quero jantar com a minha esposa, estamos em lua de mel. Melissa me dá um olhar assassino e vai embora.

Anderson tentou se explicar:

— Você merece uma explicação, Melissa e eu. Cortei a conversa e falei:

— Pode parar, Anderson, não quero explicação alguma, você já me disse o que era até ontem, só não esperava ter que lidar com isto tão cedo. Vamos subir para o quarto, acho que já deu por hoje.

— De jeito nenhum, Gina, preparei uma noite especial e é o que vamos ter.

— Você sabe que não vai funcionar, Anderson, daqui a pouco vai aparecer outra Melissa e vai acabar com tudo, não tenho estômago para lidar com esse tipo de situação, talvez até o homem que te deu o tiro. Anderson chamou o garçom:

— Por favor, feche o restaurante, quero ficar sozinho com a minha esposa.

— Sim, senhor Anderson, fecharemos agora mesmo. Em poucos minutos, o restaurante estava fechado e só nós dois estávamos sendo servidos pelo garçom. Jantamos tranquilamente, mas a cena não me sai da cabeça, para ficar com ele sem problemas, só ficando sozinhos? Sempre vai ter uma louca, maquiada, tentando chegar perto dele?  Não sei se quero isso para mim, não sei se consigo lidar com isso. Anderson percebeu que meu humor não está bom, tentou puxar assunto e eu só respondo com monossílabo.

Aí começa a falar coisas absurdas.

— Vou pintar o meu cabelo de vermelho e vou deixar a barba crescer, ah! e vou parar de ir à academia, assim ficarei magricela com cabelo vermelho e barba, aí elas não vão me reconhecer, o que você acha? Você vai continuar me querendo como o seu marido? Fiquei olhando ele falando, tentei controlar o riso, mas a cena que me aparece na cabeça é muito engraçada, e sem pensar falei:

— Como que um homem tão bonito vai conseguir passar despercebido? Olho de cima a baixo, 1,90, músculos definidos, olhos verdes e o cabelo loiro. Quando vejo, já falei. Anderson abre um sorriso de orelha a orelha e fala.

— Ok, tivemos uma evolução, você me acha bonito, aliás muito bonito e ficou com ciúmes de mim com Melissa.

— Não fica muito convencido, foi só uma expressão, e não fiquei com ciúmes, só não gosto de ser humilhada.

— Pois eu te acho maravilhosa, principalmente quando você está com aquele seu jaleco de enfermeira.

— Você não me acha insossa?

— Claro que não, e ainda consigo conversar com você, que vou te garantir, é uma coisa rara.

Ele ergue a mão, estalou os dedos e a valsa começou a soar.  Falou: 

— Vamos dançar a nossa valsa, não aceito não como resposta.

— Não sei dançar valsa Anderson.

— Eu te ensino, vê se não pisa muito no meu pé.

— Juro que vou tentar.

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