O banho

“Anderson”

Ela acha que vai ficar longe de mim assim? Não vai não, falei com a maior cara de inocente:

— Pode me ajudar, por favor, tenho medo de cair.

— Claro, Senhor Anderson.

Estou nu, embaixo do lençol, cheguei do centro cirúrgico e não deixei a outra enfermeira me tocar. Quando ela me descobre, fica pálida. Dou um sorriso interno, mas não demonstro nada. Gina fala:

— a minha nossa, por que você continua assim? Desculpe, o senhor continua nu. Falei:

— Porque só tem uma enfermeira que pode colocar a mão em mim, se chama Gina, é tão linda, parece um anjo. Gina fingiu não me ouvir e falou:

— Se enrola no lençol e vamos para o banheiro. Que linda, ela está toda vermelha e encabulada.

Anderson 1 Gina 0

Levantei, fingi muita dor. Gina tem que me ajudar a ir até o banheiro e ainda me ajudar a desenrolar o lençol. Se ela ficar mais um pouco vermelha, eu não respondo por mim. Não sei como Gina consegue, mas se mantém profissional e fala:

— Senta naquela cadeira e toma banho sentado, eu já volto, não tenta levantar, se o senhor cair pode abrir os pontos. Falei:

— Fique tranquila, minha gata selvagem, não vou levantar. Me dá uma olhada feia e sai.

“Gina”

Arrumei a cama, me acalmei e voltei com a toalha para Anderson se enxugar. Tentei falar o mais sério que consegui, mas com ele nu na minha frente fica quase impossível. 

Tenho que me concentrar para não errar as palavras.

— a sua cama já está arrumada com um pijama em cima para o senhor vestir. Se o senhor já se enxugou, te ajudo a chegar lá.

— Claro, minha enfermeira, já estou pronto. Passei a mão na cintura dele e ajudei Anderson chegar na cama. Sei que vou ter que ajudar, vestir e estou quase sem fôlego só de pensar.  Peguei a cueca e fiquei ajoelhada, nem me atrevi a olhar para cima, ajudei ele a vestir, a minha mão tocou aquela pele de novo. E assim também vai o short do pijama e a camisa, ajudo-o a colocar os braços, estou tão perto que o cheiro dele está me enlouquecendo, tirei a mão e falei:

— Pode abotoar sozinho agora, jajá venho fazer o curativo.

“Anderson”

Acho que valeu a pena ficar sem apêndice, se continuar assim logo Gina vai me perdoar. Quando Gina ajoelhou para me ajudar a vestir a cueca, quase não resisti em tocar nos cabelos dela, e a camisa então estava tão perto que, se eu aproximasse mais um pouco, poderia tê-la beijado. Me controlei, é só o primeiro dia.

“Gina”

Não vai dar, vou pedir demissão, quantos dias será que Anderson vai ficar aqui? Eu não vou aguentar? Já comecei a pensar nele como meu marido, isto está muito errado, droga eu estava conseguindo. Respirei e tenho que voltar e fazer o curativo,

“vamos, Gina, você consegue”. 

— Peguei a bandeja e voltei ao quarto, falei: 

— Vou fazer seu curativo, Senhor Anderson.

— Claro, estou à sua disposição.

— Cala a boca, Anderson. 

— Por que Gina? Eu te acho linda, maravilhosa, só de saber que você é minha esposa, fico com vontade de ficar doente, para sempre, só para poder estar aqui com você.

— Não sou sua esposa, nos separamos, lembra? Sou uma caça fortunas, mentirosa, traidora, só quero o seu rico dinheiro.

— Não fale assim, eu estava nervoso, não sabia o que pensar, e consegui perder você por uma bobagem. Vou falar todo o dia para você até me ouvir, volta para mim, eu te amo.

— Isso é só uma ilusão, somos totalmente diferentes, nunca teria dado certo.

— o meu corpo fala diferente, ele diz que você se encaixa super bem nele, que você é a parte que faltava e que ele dorme super bem grudadinho em você.

— o seu curativo está feito, daqui a pouco vem seu almoço.

— Já ..., quer dizer que você vai embora e vai me deixar aqui abandonado?

— Claro que não, haverá outro profissional para te aturar, e ve se se comporta, não seja mal-educado com meus amigos.

— Vou prometer ser bonzinho quando você prometer voltar para mim.

— Só nos seus sonhos.

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