Paula nasceu em uma pequena cidade do interior, onde o horizonte parecia limitado e as oportunidades eram raras. Cresceu em uma casa modesta, onde a luta diária pela sobrevivência era constante. Filha de uma costureira, aprendeu cedo o ofício com sua mãe, mas, mesmo com o talento para a costura, não via perspectiva de escapar da pobreza que a cercava. Sua família, composta pelos pais e três irmãos, vivia em condições difíceis. Paula carregava em si uma ambição silenciosa: sair dali e conquistar uma vida melhor.
Aos 18 anos, cheia de esperança, mudou-se para a capital em busca de oportunidades. Trabalhou como costureira em uma pequena oficina, onde seu talento logo se destacou. Porém, o progresso era lento e o salário insuficiente para alcançar a vida que sonhava. Foi então que Paula encontrou uma alternativa para complementar a renda: começou a trabalhar como garçonete em uma boate à noite. Foi nesse ambiente que sua trajetória mudaria para sempre.
Uma noite, Paula conheceu Richard, um homem carismático e ambicioso. Richard vinha de uma família que lutava para se estabilizar financeiramente, mas ele tinha grandes sonhos e acreditava que poderia crescer. Frequentador da boate com amigos influentes, ele logo se aproximou de Paula, atraído por sua beleza e simplicidade. A conexão entre os dois foi instantânea, e em pouco tempo se envolveram.
Poucos meses depois, Paula descobriu que estava grávida. O bebê, porém, não era de Richard, mas de um de seus amigos que frequentava a boate. Mesmo assim, ela decidiu manter essa verdade em segredo e apresentou a menina, Fernanda, como filha de Richard. Quando Paula contou sobre a gravidez, Richard ficou surpreso, mas decidiu assumir a criança. No entanto, ele já estava em um relacionamento com Lídia, uma jovem com quem se casara meses antes e que também estava grávida.
A relação entre Paula e Richard se manteve, mesmo enquanto ele lidava com seu casamento. Após a morte repentina de Lídia alguns anos depois, Richard, agora viúvo, fez a Paula uma proposta de casamento. Para ela, essa era a oportunidade de mudar sua vida definitivamente. Aceitar o pedido de Richard significava ascender a um mundo que antes parecia inalcançável.
Com o casamento, Paula se tornou madrasta de Maria Alice, a filha que Richard teve com Lídia. Embora sua nova vida fosse cercada de luxo e conforto, Paula encontrou desafios que não esperava. Precisava lidar com a presença constante de Maria Alice e do avô paterno, que tinham uma influência significativa sobre Richard. Cada encontro era uma lembrança incômoda de que Paula nunca seria a única família dele.
A adaptação à nova vida foi difícil. Paula não desistiu dos prazeres da boate e abandonou a costura, preferindo o ambiente noturno. Richard se esforçava para manter o casamento, mas Paula sentia-se insegura. Temia perder o status e a estabilidade que conquistara. Sua obsessão pela fortuna de Maria Alice começou a crescer.
"Essa menina é uma ameaça", Paula pensava frequentemente. Sabia que, por mais que Richard a sustentasse, a maior parte do patrimônio dele seria destinada à filha. E isso a corroía por dentro.
Fernanda, agora adolescente, era a cópia fiel da mãe. Juntas, mãe e filha compartilhavam uma visão distorcida da vida: tudo se resumia a garantir poder e riquezas. Paula queria mais do que ser apenas a esposa de Richard. Queria consolidar sua posição e, de alguma forma, ter acesso à herança de Maria Alice.
— Não é justo! — Paula desabafou com Fernanda certa vez, sentada na sala de estar decorada com objetos caros. — Tudo isso devia ser nosso... Se não fosse por aquela garota...
Fernanda, tão ambiciosa quanto a mãe, concordava.
— Ela nunca nos aceitou de verdade. Pai é cego. Deveria colocar a gente em primeiro lugar!
Paula via na fortuna de Maria Alice a segurança que buscava durante toda a vida. Tinha medo de que, com o tempo, Maria Alice afastasse Richard e garantisse tudo para si. Para Paula, perder o que havia conquistado significaria voltar à vida de onde fugira — algo que ela jamais permitiria.
— Eu não vou deixar essa menina arruinar tudo, Fernanda. — Paula disse, com os olhos fixos em um ponto distante, como se já planejasse seus próximos passos. — Custe o que custar, aquela herança vai ser nossa.
O ressentimento entre Paula e Maria Alice se agravou com o tempo. Maria Alice sempre manteve uma distância emocional da madrasta, consciente de suas intenções. Richard tentava equilibrar as relações, mas seu esforço era em vão. As tensões eram evidentes, e Maria Alice sabia que Paula nunca se importou realmente com ela.
Além disso, Paula tinha receio de que sua posição ao lado de Richard não fosse permanente. Para ela, controlar a herança de Maria Alice era uma forma de garantir que sempre teria poder dentro da família. A relação com a enteada era marcada por pequenos conflitos e uma constante competição velada.
"Se ela não nos aceitar, vamos tomar o que é nosso," pensava Paula.
Sua obsessão foi se intensificando. Cada vez mais, via em Maria Alice um obstáculo que precisava ser eliminado. Paula também se sentia pressionada por Fernanda, que a incentivava a encontrar uma forma de garantir seu futuro.
Em várias ocasiões, Paula buscava maneiras de influenciar Richard a tomar decisões que favorecessem Fernanda, e ele sempre fazia. Apesar de todas as falhas e traições de Paula, Richard era um homem interesseiro , cruel e arrogante em relação à filha.
A ambição de Paula foi alimentada por sua própria insegurança e pela percepção de que, apesar do luxo e da estabilidade, ela nunca teria controle completo sobre a fortuna que tanto desejava. A incerteza do futuro e o medo de ser deixada para trás a motivavam a agir cada vez de forma mais calculista e fria.
Paula também se cercava de pessoas que reforçavam suas ambições. Conselheiros e amigas que compartilhavam de seus ideais materialistas a incentivavam a lutar por mais. Ela se agarrava a essa rede de influência externa como uma forma de justificar seus atos e aliviar a culpa que, em alguns momentos, insistia em aparecer.
Ao longo dos anos, a obsessão de Paula pela herança de Maria Alice se tornou o centro de sua vida. Nada mais importava além de garantir que ela e Fernanda estivessem no controle. Essa busca incessante por poder e validação era um reflexo das inseguranças que sempre carregou: o medo de voltar à pobreza e a necessidade de se sentir importante em um mundo que, na maior parte de sua vida, a havia ignorado.
Enquanto Paula continuava sua jornada de manipulações e ambições, a tensão dentro da família aumentava. Maria Alice, determinada a proteger o que era seu por direito, preparava-se para enfrentar a madrasta, sabendo que uma batalha se aproximava.
A história de Paula é um testemunho das complexas dinâmicas que surgem quando se cruza a linha entre a pobreza e a riqueza. Sua busca por status e segurança financeira se mistura com ressentimentos e ambições descontroladas, afetando não apenas sua relação com Maria Alice, mas também a estabilidade da própria família.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Elis Alves
Ou seja nunca foi sobre pobreza ou falta de oportunidade, sempre foi ganância, inveja pelo que nunca podia ser seu, má índole. Teve boas oportunidades, teve sorte, mas preferiu a ruindade, o mal se destrói a si mesmo
2025-03-06
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Aurinete Martins
Garçonete? em um momento fala de quando o Pai da Maria Alice quis encontrar com Paula "Mas ela.já estava com um cliente " ......😱
Ela era Garota de programa e a Autora mudou? Ou ficou só subentendido, desculpa a pergunta mas leio me atentando aos detalhes .
2025-03-27
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Elis Alves
Comecei imaginando a Christiane Torloni e Terminei na Renata Sorrah como Nazaré Tedesco e dela não sai da minha cabeça. Paola Oliveira é muito jovem pra ter 40 e poucos
2025-03-06
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