Lágrimas escorriam pelo rosto de Maria Alice, que se sentia traída, decepcionada e tomada por uma raiva avassaladora.
"Como sou estúpida", pensou, "como pude ser tão ridícula?"
Derek havia lhe enviado uma mensagem carinhosa naquela manhã, dizendo que mal podia esperar para vê-la vestida de noiva. Ingênua, ela acreditou. Desceu as escadas apressada, cheia de expectativas, e o esperou em frente ao espelho da loja. Só agora, depois de vê-los juntos, tudo fazia sentido. Não era Derek quem havia mandado aquela mensagem; foi Fernanda. Claro, foi ela quem insistiu que Maria Alice descesse, aproveitando-se da confiança inocente que Maria Alice depositou nela.
"Será que não basta ocupar todo o tempo do meu pai?" pensou, sentindo o estômago revirar. "Agora também precisa roubar meu noivo?"
A traição de Derek abriu uma ferida profunda em seu coração. Ainda assim, quando se obrigou a analisar os sinais que antes ignorava, percebeu que tudo estava ali, nas entrelinhas. O comportamento distante dele nas últimas semanas, as desculpas esfarrapadas e, principalmente, a proximidade cada vez maior entre Derek e Fernanda, que ela preferiu enxergar como fruto de uma amizade inocente.
Sem conseguir processar tudo, Maria Alice recuou para evitar uma explosão emocional ali mesmo. "Se eu não sair daqui agora, vou fazer uma loucura," pensou, e saiu antes que Derek percebesse sua presença.
Minutos depois, o telefone tocou. Era ele, como se nada tivesse acontecido.
— Minha querida, acabei de estacionar o carro e estou subindo para te ver. Não comece sem mim! — disse ele, a voz carregada de um cinismo que fazia o sangue dela ferver.
Por um momento, Maria Alice ficou em silêncio, engolindo o choro e a raiva que queimava em seu peito. Quando finalmente respondeu, sua voz saiu firme e amarga:
— NOIVA ERRADA, QUERIDO. CHAME A FERNANDA PARA EXPERIMENTAR O VESTIDO.
Do outro lado da linha, Derek emudeceu. Por um instante, ele percebeu que havia sido pego. Será que ela nos viu? A dúvida o paralisou.
Maria Alice desligou antes que ele pudesse responder. Ainda vestida de noiva, ela saiu da loja, sem rumo. Caminhou pelas ruas de Madrid enquanto lágrimas desciam de seus olhos inchados e vermelhos. Não se importava com os olhares curiosos dos transeuntes — alguns preocupados, outros achando graça. Ela caminhava como se carregasse o peso de todas as dores do mundo.
Ao passar por um bar, entrou sem hesitar e pediu uma dose de whisky. Uma dose virou duas, depois três, até que ela simplesmente pediu que deixassem a garrafa.
Narração da Autora
Maria Alice nasceu e cresceu em Madrid, uma cidade vibrante e aconchegante.
Sua mãe, Lídia G. Crippa, era a fonte de sua herança. Lídia havia sido Diretora-Executiva da rede de hotéis Saint Germain, onde o pai de Maria Alice, Richard Crippa, trabalhava como funcionário. Quando se apaixonaram, o pai de Lídia deixou claro: toda a fortuna seria destinada à neta que ele ainda não conhecia. Richard, apesar de apaixonado por Lídia, aceitou essa condição e foi promovido a gerente do hotel em Madrid.
Casaram-se e tiveram Maria Alice. Mas a felicidade durou pouco. Logo após o nascimento da filha, Lídia descobre um tumor. Lutou contra a doença por dez anos, mas sem sucesso. Ela faleceu quando Maria Alice tinha apenas 12 anos, deixando um vazio irreparável na vida da menina.
Richard ficou devastado. Contudo, menos de um ano depois, ele conheceu Paula, uma mulher encantadora que tinha uma filha chamada Fernanda. Paula e Fernanda rapidamente se aproximaram dele, e em seis meses, eles estavam casados.
Apesar das promessas de cuidar de Maria Alice, Paula mostrou-se manipuladora desde o início. Ela sabia que o verdadeiro poder e conforto vinham da herança que Maria Alice um dia receberia. Com o tempo, Paula tentou várias manobras para colocar as mãos nos bens da enteada, mas o avô de Maria Alice nunca permitiu que Richard ou Paula administrassem a fortuna da neta.
Maria Alice cresceu sob a constante pressão de Paula e Fernanda. Quando o pai estava por perto, elas fingiam ser amáveis. Mas, quando ele se ausentava, a tortura psicológica era insuportável.
Aos 18 anos, Maria Alice decidiu deixar a casa do pai para escapar da toxicidade. Mudou-se para Barcelona, onde começou a trabalhar e estudar administração e hotelaria. Seu avô apoiava todas as suas decisões, preparando-a para um dia assumir a liderança da rede de hotéis da família. Enquanto isso, Paula e Fernanda continuavam na casa que, ironicamente, pertencia a Maria Alice — um privilégio que usavam, mas que as enchia de ressentimento.
Agora, com 22 anos, Maria Alice estava pronta para assumir seu lugar no império da família, para o desespero de Paula e Fernanda. No entanto, o golpe mais cruel que recebeu não foi apenas financeiro — foi emocional. Ao descobrir a traição do noivo com sua meia-irmã, Maria Alice viu seu mundo desmoronar mais uma vez.
Depois de várias doses de whisky, Maria Alice sentiu a cabeça girar, mas a dor no peito não diminuía. Ela encarou o reflexo no espelho do bar, vendo uma mulher em frangalhos. "Isso não é o fim," pensou, com uma determinação recém-descoberta. "Ainda vou mostrar a eles do que sou capaz."
Aquela noite marcaria o fim de sua ingenuidade e o início de uma nova fase. A fase em que Maria Alice Crippa deixaria de ser vítima e se tornaria dona do próprio destino.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Ninha Braga
essa coisaaa de colocar dois nome é um saco nariz Alice, Maria Alice affff coloca ao Alice eu estou parando de ler sk pelo dois nome
2025-02-27
3
Vilma Leao Pedras de Oliveira
Maria Alice é ruim imagina se fosse minha Braga quê bosta kkkkkkkk
2025-03-02
0
Lili c p
meia irmã se Fernanda fosse filha do pai dela, mas não é o caso!
2025-02-22
0