O Jantar

Maria Alice se arrumou para o jantar com capricho. Escolheu um vestido rosa elegante que valorizava sua pele, fez uma maquiagem leve e penteou o cabelo para o lado, deixando algumas ondas suaves soltas. Satisfeita com o resultado, ela se olhou no espelho e respirou fundo. Precisava parecer confiante, mesmo que, por dentro, estivesse cheia de incertezas.

Antes de sair, pegou sua bolsa e desceu até a garagem. Entrou no carro e digitou o endereço que Armando havia enviado. O GPS a levou até a mansão dele, e ao chegar na entrada, ficou impressionada com o tamanho e a sofisticação da propriedade. “Ele não mencionou que era tão rico assim,” pensou, sentindo um leve frio na barriga. No entanto, sabia que antes do jantar precisaria conversar com Armando sobre alguns assuntos delicados envolvendo sua família.

Maria Alice enviou uma mensagem avisando que havia chegado. Poucos segundos depois, o portão eletrônico foi aberto, e ela estacionou perto da entrada principal. Assim que se aproximou da porta para bater, esta se abriu, revelando Armando.

Ele estava impecável: camisa branca de linho que realçava seus ombros largos e perfume marcante que preencheu o ar entre eles. O sorriso dele era estonteante, e por um instante, Maria Alice perdeu a fala. “Como alguém pode ser tão absurdamente charmoso?”, pensou, sentindo-se um pouco tonta com a combinação do perfume e do olhar caloroso dele.

— Desculpe pela demora — ele disse, afastando-se para que ela entrasse. — Estava ajeitando o cabelo.

Ela sorriu, tentando disfarçar o nervosismo.

— Está perfeito, não se preocupe.

Depois de alguns minutos, saíram rumo à casa dos pais de Armando. Durante o caminho, o silêncio os envolveu, mas não de forma desconfortável. Armando, ocasionalmente, desviava o olhar da estrada para observá-la. Maria Alice estava linda, e ele se pegava pensando em como a situação, que parecia inicialmente um plano improvisado, poderia ser mais interessante do que imaginava.

Assim que chegaram à mansão dos Walton, Armando desceu primeiro, abriu a porta para Maria Alice e estendeu a mão para ajudá-la a sair. O toque dele era firme e reconfortante. De mãos dadas, seguiram até a entrada principal, onde a mãe de Armando, Alicia Walton, os esperava com um sorriso acolhedor.

— Ah, meu filho! Esta é a Maria Alice? — Alicia exclamou, com um brilho nos olhos.

— Sim, mãe. Esta é Maria Alice — confirmou Armando, olhando de lado para ela com um sorriso de cumplicidade.

— Prazer, minha querida. Como você é linda! — Alicia elogiou, apertando de leve a mão de Maria Alice.

— Obrigada, senhora. A senhora também é muito elegante — respondeu Maria Alice, mantendo a cordialidade.

— Vamos, entrem. Todos estão na sala.

Na sala de estar, o ambiente já estava preparado para o jantar. Rodolfo Walton, pai de Armando, estava sentado com expressão séria. Ao lado dele, encontravam-se Henrique Paz e sua filha, Pérola Paz. Henrique era um homem de expressão fria e arrogante, enquanto Pérola exibia um sorriso vitorioso, como se já se considerasse a dona da situação.

— Boa noite — disseram em uníssono Rodolfo e Henrique.

— Boa noite — responderam Armando e Maria Alice, educadamente.

Após os cumprimentos iniciais, todos se acomodaram. Rodolfo, com um ar formal, começou:

— Armando, como você sabe, eu e Henrique temos planos importantes para nossas empresas. E como te disse antes, filho, é hora de você assumir mais responsabilidades para que eu possa me aposentar e viajar com sua mãe.

Armando assentiu, mas manteve o rosto impassível.

— E para isso, como discutimos, é necessário que você se case com alguém adequado. Hoje, iremos oficializar o seu noivado com Pérola — anunciou Rodolfo, deixando claro que não esperava objeções.

Armando inspirou profundamente, mas antes que seu pai continuasse, ele interveio:

— Pai, com todo respeito, eu avisei que tenho namorada. E ela está aqui comigo. — Ele apertou a mão de Maria Alice e continuou: — Esta é Maria Alice Crippa.

O silêncio na sala foi imediato. Rodolfo olhou para Armando, completamente incrédulo.

— Sua... sua namorada? — ele repetiu, tentando processar o que acabava de ouvir.

Antes que Rodolfo pudesse reagir, Pérola explodiu:

— Isso é mentira! Maria Alice é noiva do Derek Bittencourt! Eles vão se casar em vinte dias! — ela disparou, com a voz cheia de veneno.

Henrique, aproveitando a oportunidade, acrescentou:

— Isso mesmo. Eu e Richard Crippa recebemos o convite. Ela está noiva, Armando. Não pode ser sua namorada!

Maria Alice, mantendo a compostura, respondeu com um leve sorriso:

— Sr. Henrique, sinto informar, mas meu noivado com Derek foi cancelado. E, por sinal, fico feliz em vê-lo aqui. Meu pai mencionou que o senhor procurou por ele recentemente pedindo um empréstimo. Conseguiu o que precisava?

Henrique ficou pálido e engoliu em seco, claramente desconfortável com a revelação.

— Eu... ah... decidi deixar essa questão para depois — murmurou, desviando o olhar.

Armando, atento à reação de Henrique, não perdeu a chance de pressionar:

— Estranho, Sr. Henrique. Se as empresas iriam se unir, por que precisava de um empréstimo tão urgente?

Henrique ficou sem resposta, e Rodolfo lançou um olhar severo ao antigo amigo.

— Henrique, se precisava de ajuda, deveria ter me procurado diretamente — disse Rodolfo, agora desconfiado das intenções dele.

Pérola, vendo que estava perdendo terreno, tentou mais uma vez atacar Maria Alice:

— Ela é uma filha ingrata! O pai dela trabalha como gerente em um hotel que é dela, e ela não o ajuda em nada. Ele arca com todas as despesas sozinho enquanto ela esbanja! — Pérola despejou, esperando que Armando se enfurecesse com a acusação.

Armando, no entanto, apenas lançou um olhar calmo para Maria Alice, e depois respondeu:

— Não me interessa o que dizem sobre Maria Alice. Se ela está comigo, é porque eu confio nela. E, para esclarecer, nosso relacionamento é sério.

Alicia, percebendo o clima tenso, interveio com delicadeza:

— Bom, acho que está na hora de irmos à mesa. O jantar está servido.

Com isso, todos se levantaram e seguiram para a sala de jantar. O clima ainda estava carregado de tensão, mas Maria Alice e Armando trocaram um olhar cúmplice, como se dissessem silenciosamente: Estamos nisso juntos.

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