O restante do dia transcorreu normalmente, mas ainda assim, eu não entendia o motivo da presença de certas pessoas no hotel. As atitudes de meu pai e a aparição repentina de Fernanda e Paula me deixaram inquieta. A sensação de que algo estava sendo tramado não saía da minha cabeça.
Após o expediente, Luísa me convidou para ir à sua casa, e aceitei sem pensar duas vezes. O apartamento dela era simples, mas muito acolhedor. Luísa sempre teve um jeito carinhoso comigo, e isso me deu conforto. Porém, naquela noite, seu semblante estava mais sério do que o habitual.
— Precisamos conversar, Alice — disse ela enquanto preparava duas xícaras de chá.
Eu sabia que ela não guardaria o que tinha para dizer por muito tempo, então resolvi contar tudo. Abri o coração e narrei cada detalhe: o casamento secreto com Armando, o comportamento instável de Derek, os planos do meu avô e sua desconfiança crescente em relação ao meu pai.
Luísa arregalou os olhos, claramente surpresa.
— Amiga, você está casada? E com Armando? O solteiro mais desejado da Europa? — Ela deu um sorriso malicioso. — Isso é inacreditável!
Ela riu, mas logo ficou séria novamente.
— E o Derek? Como ele reagiu?
Expliquei como tudo entre nós havia terminado e o quanto eu estava aliviada por finalmente colocar um ponto final naquela relação tóxica. Também contei sobre as suspeitas do meu avô a respeito do comportamento de meu pai e de sua aproximação com Fernanda e Paula.
— Foi exatamente por isso que eu quis conversar hoje — disse Luísa, apoiando a xícara na mesa de centro. — Seu pai apareceu no setor financeiro e pediu para contratar duas pessoas novas para trabalhar comigo. Ele insistiu que eu precisava de uma assistente adicional, mas, sinceramente, eu já tenho uma pessoa competente na função.
— O que você disse a ele? — perguntei, preocupada.
— Respondi que não precisava de mais ninguém. Mas antes que a conversa pudesse continuar, a Fernanda apareceu, pedindo para falar com ele com urgência.
Minha mente começou a trabalhar rapidamente, analisando as possibilidades. Parecia óbvio que meu pai estava tentando infiltrar alguém na empresa para monitorar meus passos. Eu precisava tomar uma atitude.
Peguei meu celular e liguei para Joana, uma amiga de confiança que trabalhava no setor de Recursos Humanos.
— Joana, você pode vir até a casa da Luísa? Precisamos conversar.
Luísa levantou uma sobrancelha em surpresa, mas sorriu compreensiva. Em pouco tempo, Joana chegou. Assim que entrou, nos abraçamos calorosamente, e a sala se encheu de risos e histórias rápidas.
— Joana, preciso saber se meu pai autorizou alguma contratação sem meu conhecimento — fui direta.
— Na verdade, ele apareceu no RH e pediu para contratar duas pessoas. Disse que eram indicações suas — explicou Joana, franzindo o cenho. — Achei estranho e resolvi falar com você antes de seguir com o processo.
Suspirei profundamente, tentando controlar a frustração.
— Isso está ficando cada vez mais claro. Ele está armando alguma coisa — murmurei, mais para mim mesma.
Enquanto isso, no hospital...
O médico entregava os exames a Richard, explicando que tudo estava normal e que não havia qualquer indício de problemas graves.
— Seus sintomas parecem estar relacionados ao estresse, senhor. Sugiro que busque outra opinião, se desejar — disse o médico calmamente.
Richard, no entanto, insistia que algo estava errado.
— Isso é impossível. Estou sentindo dores no peito e falta de ar. Sei que vocês estão escondendo algo.
Na sala de espera, Paula e Fernanda aguardavam ansiosamente. Assim que ele saiu do consultório, ambas correram até ele. Paula, entre lágrimas, perguntou:
— O que aconteceu, Richard?
Com um sorriso frio, ele respondeu:
— Nada demais. Só mais um mal-estar causado por aquela filha ingrata.
Enquanto isso, meu avô, sempre atento, recebeu a notícia sobre a visita de meu pai ao hospital e soube que ele estava alegando uma crise nervosa. Ele me ligou e pediu que eu fosse encontrá-lo no hotel, mas eu disse que dormiria na casa da Luísa. Combinamos de nos ver na manhã seguinte para discutirmos tudo.
Acordamos cedo, tomamos café e nos preparamos para o trabalho. O sol brilhava intensamente, e parecia um bom presságio. Caminhamos juntas até o hotel, conversando e rindo como nos velhos tempos.
Ao entrarmos, porém, fiquei surpreendida por uma cena inesperada: Armando estava no saguão, acompanhado por Pérola, Fernanda, Paula, Derek e meu pai. Um clima estranho pairava no ar.
Engoli seco, mas mantive a compostura e segui para o elevador, fingindo não notar os olhares que me seguiam. Derek tentou me chamar, mas eu o ignorei. Pérola lançou-me um sorriso cheio de satisfação, como se estivesse à espera de minha reação.
Armando foi até mim e segurou minha mão com firmeza, seu olhar verde profundo transmitindo segurança. As três mulheres, acompanhadas por meu pai e Derek, vinham logo atrás, claramente dispostas a me confrontar.
Assim que o elevador chegou, entrei, e todos os outros tentaram fazer o mesmo. No último instante, porém, meu avô entrou e impediu que mais alguém entrasse.
No andar do meu escritório, descemos. Meu avô beijou minha testa com carinho, e Armando, sempre cavalheiro, levou minha mão aos lábios. Meu coração acelerou; aquele homem parecia ter o dom de me desestabilizar com apenas um olhar.
Meu assistente veio me cumprimentar:
— Bom dia, senhora. Seu avô pediu que deixasse sua agenda livre nesta manhã para tratar de assuntos importantes.
— Obrigada. Está tudo bem, Armando? — perguntei, sorrindo.
Ele balançou a cabeça em sinal afirmativo.
— Sem problemas.
Enquanto nos preparávamos para entrar, meu pai apareceu e chamou minha atenção:
— Maria Alice, preciso falar com você. E não vai cumprimentar sua mãe e irmã?
Mantendo a calma, respondi:
— Bom dia a todos. Com licença.
Fechei a porta atrás de mim, ignorando a expressão furiosa de Derek, que ficou plantado no corredor. Pérola e as outras pareciam tão atônitas quanto ele.
Já dentro da sala, meu avô e Armando se acomodaram.
— Precisamos discutir as próximas etapas para sua posse — disse meu avô.
Assenti, mas ainda sentia uma inquietação crescente. Sabia que o que acontecia lá fora era apenas o começo de algo maior.
Enquanto organizava meus papéis, Armando se aproximou e falou baixinho:
— Não importa o que eles tentem, eu estarei ao seu lado.
Seu apoio significava mais do que ele poderia imaginar. Eu estava prestes a enfrentar uma batalha complicada, e saber que tinha alguém como ele ao meu lado fazia toda a diferença.
Com um sorriso determinado, me sentei à mesa.
— Vamos começar. Temos muito trabalho pela frente.
Meu avô sorriu, satisfeito. O que quer que meu pai estivesse planejando, eu estaria pronta para enfrentá-lo. E desta vez, não haveria espaço para erros.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Rosineia De Paula Vianello
Ela recebeu dois convites pra almoçar e não foi com ninguém.
2025-02-07
11
Neria Silva
Selma sua história tá muito boa continue assim, de um basta nos malvados
2025-02-19
0
Alegail Inocencio
verdade é foi pra casa da amiga nem lá ela comeu bebeu só um chá
2025-03-17
0