Enfim casados

(Foto tirada da internet)

Sou Armando Luis Walton, tenho 31 anos, formado em Engenharia da Computação e Administração. Nasci na Espanha e atualmente moro em Barcelona. Além de poliglota, sou herdeiro de um império construído pelos meus pais, que inclui negócios no setor de telecomunicações e tecnologia. Aos 15 anos, participei de uma seleção para atores mirins e consegui meu primeiro papel em uma novela. Desde então, minha carreira deslanchou com novelas, filmes, séries e até teatro.

Recentemente, um amigo do meu pai sugeriu a união das nossas empresas por meio de um casamento arranjado entre mim e a filha dele. Meu pai adorou a ideia e, há meses, tem me pressionado para fazer um jantar e oficializar esse acordo.

Para me livrar dessa insistência, inventei que estava namorando, contando com o fato de que minha mãe espalharia a notícia ao meu pai. No entanto, recebi uma mensagem esta semana: meu pai marcara um jantar para oficializar o noivado e definir a data do casamento. Minha mãe, claro, estava a par de tudo, e não havia mais escapatória.

A raiva tomou conta de mim. Eu precisava encontrar uma saída rápida, uma mulher disposta a se casar comigo e, assim, frustrar o plano do meu pai. O que eu não imaginava era que essa mulher surgiria de forma inesperada — uma linda e desiludida jovem, vestida de noiva e embriagada em um bar, disposta a aceitar meu pedido de casamento por conveniência.

Maria Alice era encantadora, mesmo com o rosto inchado pelo choro e os sinais da ressaca. Fechamos um acordo e combinamos os detalhes para nos casarmos no mesmo dia.

Na hora marcada, ela chegou surpreendentemente deslumbrante. Estava maquiada, bem arrumada e perfumada. Não havia mais traços da tristeza que eu havia visto no bar. Seu sorriso era radiante, e seu olhar transmitia confiança.

 Cerca de uma hora depois, saímos do registro civil oficialmente casados. Apesar de toda a pressa e dos motivos inusitados, eu não sentia arrependimento — e, pelo que pude perceber, Maria Alice também não.

Ao sairmos do cartório, ela sugeriu que conversássemos em uma cafeteria próxima. Assenti com a cabeça e a acompanhei até o local.

Na cafeteria

Sentamos frente a frente, e eu não perdi tempo:

— Qual assunto? — perguntei direto.

Ela hesitou por um momento, talvez preocupada em parecer presunçosa, mas sua expressão era séria.

— Se possível, eu gostaria de manter nosso casamento em sigilo por enquanto. Tenho alguns assuntos pessoais para resolver, e não quero que isso te afete.

Mantive meu rosto impassível, mas uma faísca de curiosidade passou pelos meus olhos. O pedido era inesperado, mas compreensível.

— Posso concordar — respondi calmamente. — Mas tenho algumas condições.

Ela endireitou os ombros, como quem já esperava por isso.

— Primeiro, você vai morar comigo. Essa é a base de qualquer casamento.

— Certo — ela concordou sem hesitar.

— Segundo, nossa relação será pública se eu achar necessário. Nesse caso, você não poderá se opor.

— Combinado — respondeu, mordendo levemente o lábio.

— E, por último, você hoje vai jantar na casa dos meus pais comigo. Primeiro programa casados. Assumiremos o casamento como oficial, pois meu pai quer me obrigar a casar com a filha de um amigo dele.

Ela refletiu por alguns segundos antes de responder:

— Tudo bem.

Eu sorri internamente com a praticidade dela. Maria Alice sabia que não havia espaço para arrependimento, e, pelo visto, estava disposta a seguir com o acordo até o fim.

Ela me avisou que passaria em casa para buscar algumas coisas antes de se mudar para o meu apartamento. Peguei meu celular e trocamos números rapidamente.

— Te mando o endereço — falei.

— Certo. Nos encontramos às 20h? — sugeriu ela, com um olhar determinado.

— Combinado — confirmei, satisfeito com a resolução dela.

Mandei o endereço por mensagem e nos despedimos. À noite, seríamos marido e mulher, prontos para enfrentar a próxima etapa desse acordo — o jantar com meus pais e a encenação de um relacionamento perfeito.

No fundo, eu sabia que esse casamento por conveniência era um jogo perigoso. Mas algo em Maria Alice despertava minha curiosidade. Talvez essa mulher fosse muito mais do que apenas uma solução para escapar do acordo do meu pai.

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