A ira da família escurraçada

Após deixarem o escritório de Maria Alice no hotel, Derek caminhava apressadamente pelo saguão, a mandíbula travada de tanta raiva. O ódio fervilhava em seu peito, e ele ainda se recusava a acreditar no que acabara de ouvir. A imagem de Maria Alice ao lado de Armando o deixava completamente descontrolado.

— Isso é uma farsa! — murmurou, apertando os punhos. — Maria Alice não pode ter feito isso comigo!

Fernanda, acompanhando o grupo um pouco mais atrás, observava Derek em silêncio, a expressão frustrada e cheia de inveja. O fato de Maria Alice agora estar ao lado de um homem poderoso como Armando a corroía por dentro. Ela havia passado toda a vida tentando superar a meia irmã, tomando tudo o que era dela, e mesmo assim Maria Alice sempre encontrava uma maneira de estar à frente.

— Como ela sempre consegue sair por cima? — sussurrou Fernanda, cerrando os dentes. — Primeiro era Derek, e agora aparece com Armando, um herdeiro milionário!

Enquanto caminhavam para o estacionamento, Paula aproveitou o momento para plantar uma ideia na mente de Richard, manipulando-o como sempre fazia.

— Richard, você precisa começar a ver essa situação de outra maneira — sugeriu Paula, lançando-lhe um olhar calculista. — Armando pode ser uma excelente oportunidade para nós. Com ele como genro, quem sabe possamos convencê-lo a investir em algum negócio?

Richard parou por um momento, processando as palavras da esposa. A ganância, sempre à espreita, começava a aflorar nele. Ele sabia que sua relação com Maria Alice nunca havia sido das melhores, mas se houvesse uma chance de lucrar com essa união, ele precisava considerar.

— Talvez você tenha razão, Paula — murmurou, mais para si do que para ela. — Armando pode ser a chave para resolver muitos dos nossos problemas financeiros.

Paula esboçou um sorriso satisfeito, vendo que seu plano começava a tomar forma. Richard não era difícil de manipular; bastava falar na possibilidade de lucro, e ele já começava a pensar como aliado.

Enquanto isso, Fernanda, mais atrás, estava sendo consumida por uma mistura de raiva e desespero. A presença de Armando ao lado de Maria Alice era insuportável para ela. Tudo o que ela sempre desejou parecia escorrer por entre seus dedos. Primeiro foi Derek, depois os presentes do avô, e agora o namorado perfeito.

— Isso não vai ficar assim, Maria Alice — resmungou Fernanda, com os olhos semicerrados. — Você vai pagar caro por isso.

No entanto, a inveja de Fernanda não era a única ameaça pairando sobre Maria Alice. Pérola, que secretamente alimentava esperanças de conquistar Armando para si, estava tomada por um ódio surdo ao perceber que perdera a oportunidade para Maria Alice.

— Aquela vaca teve sorte! — disse Pérola a si mesma, observando à distância. — Mas eu não vou desistir. Vou encontrar uma forma de tirar o Armando dela, nem que eu tenha que jogar sujo.

Derek, por sua vez, continuava remoendo o ódio. Ele parou no estacionamento e virou-se bruscamente para Richard.

— Isso tudo é mentira! — exclamou Derek, ainda em negação. — Ela está inventando esse namoro com Armando para me atingir!

Richard ergueu uma sobrancelha, avaliando o rapaz.

— Talvez não, Derek — respondeu calmamente, cruzando os braços. — Mas, se é verdade, precisamos enxergar a vantagem. Se Armando está ao lado dela, podemos transformar isso em um negócio lucrativo para todos nós.

— Negócio? — Derek bufou, irritado. — Isso não é sobre dinheiro! É sobre orgulho!

Richard lançou-lhe um olhar frio.

— Para mim, tudo é sobre dinheiro, Derek. E, se você for esperto, vai aceitar que perdeu Maria Alice e encontrar uma forma de tirar vantagem disso.

Derek mordeu a língua, sabendo que não conseguiria convencer Richard a ver as coisas do seu jeito. Sua mente, no entanto, já começava a maquinar outro plano: se ele não podia ter Maria Alice, faria questão de destruir a relação dela com Armando.

— Eles não vão durar — murmurou para si mesmo. — Eu vou garantir isso.

Enquanto o grupo se dispersava no estacionamento, Paula segurou o braço de Fernanda e cochichou em seu ouvido:

— Precisamos encontrar uma forma de nos aproximar de Maria Alice e Armando. Se jogarmos as cartas certas, podemos convencer o Armando a investir na empresa do seu pai.

Fernanda forçou um sorriso, embora a raiva continuasse queimando em seu peito.

— Sim, mamãe — respondeu ela, tentando manter a compostura. — Mas primeiro preciso me livrar da Maria Alice.

— E você vai — garantiu Paula, com um sorriso astuto. — Eu vou te ajudar.

A tensão no ar era palpável enquanto cada um deles seguia seu caminho, todos com planos e intenções ocultas. A guerra silenciosa havia começado, e Maria Alice estava bem no centro dela.

Naquela noite, enquanto cada um deles maquinava seus próprios planos, Maria Alice e Armando jantavam juntos em um restaurante reservado da cidade. Armando segurava a mão dela sobre a mesa, olhando-a com carinho.

— Eu sei que foi difícil lidar com eles hoje — disse ele suavemente. — Mas você foi incrível, Maria Alice.

Maria Alice sorriu, embora seus olhos ainda carregassem um pouco da dor daquele reencontro.

— Não é fácil lidar com meu pai e com Paula — confessou ela. — Eles nunca me enxergaram como parte da família e sim como um cofrinho.

Armando apertou sua mão com mais firmeza.

— Agora você tem a mim — disse ele. — E eu não vou deixar que ninguém a machuque novamente.

Maria Alice sorriu, sentindo-se segura pela primeira vez em muito tempo. Enquanto isso, a batalha do lado de fora do restaurante continuava a se desenrolar, com Derek, Fernanda e Pérola prontos para jogar suas peças no tabuleiro.

E assim, com cada um deles escondendo intenções sinistras e planos ambiciosos, o destino de Maria Alice e Armando estava prestes a ser testado de todas as maneiras possíveis.

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