...CHRISTIAN...
Eu estava na cozinha, tomando café da manhã com Eva e Sara. Haviam dado uma folga os meus empregados, e eu me disponibilizei para ajudar as novas vizinhas no que precisassem.
Dona Eva, com seu jeito caloroso, contou toda a história de como Olivia "ganhou" toda a herança. O que deveria ser uma simples curiosidade acabou se revelando ainda mais intrigante do que saber quem era aquele misterioso senhor que fez algo tão inesperado.
Elas estavam bem e conversavam animadamente, mas não pude deixar de me preocupar com Eva. Notei que ela tomava muitos remédios antes do café e sua feição estava longe de parecer saudável. Já Sara, com seus cachos exuberantes, parecia uma adolescente, dando-lhe um ar de jovialidade.
Enquanto tentava acompanhar a conversa, um barulho vindo da direção dos quartos chamou minha atenção.
— Com licença, já volto. — Disse a elas, levantando-me imediatamente.
Caminhei até o cômodo principal da casa e avistei Olivia. Ela vestia um vestido azul que chegava até a altura dos joelhos — um traje que, provavelmente, sua mãe havia escolhido enquanto ela ainda dormia. O vestido acentuava suas curvas discretamente, e seu longo cabelo preto estava solto, brilhando sob os raios solares que penetravam na mansão, tornando-a ainda mais deslumbrante.
Quando percebi que Olivia parecia desorientada, toquei gentilmente seu ombro, fazendo-a virar-se para mim. A sensação que experimentei com aquele simples toque foi como uma onda de choque. No instante em que nossos olhares se encontraram, meu coração começou a bater mais rápido, descompassado.
Retirei meu chapéu para ter uma visão mais clara daquela mulher fascinante à minha frente. Naquele momento, tudo ao nosso redor parecia ter congelado. O ar ficou denso e carregado de uma tensão palpável, e eu me senti imobilizado, como se o mundo inteiro tivesse se reduzido a apenas nós dois.
— Olivia Wadson... — Sussurrei, quase como se estivesse temendo quebrar o feitiço que pairava entre nós.
Como pude esquecer? Ela era a mesma jovem que eu havia ajudado no bar, a mesma que vi correndo com uma graça indiscutível pelas ruas agitadas da grande São Paulo...
Como o destino pode ser tão implacável? Entre tantos lugares e pessoas, aqui está ela, bem diante de mim.
Sinto uma necessidade desesperada de conhecer mais sobre ela — seus gostos, seus hobbies, suas paixões, seus defeitos... Quero entender o que a levou a herdar uma fortuna de alguém que não conhecia. Não é o dinheiro que a move; Olivia exala pureza, honestidade e uma determinação silenciosa. Não parece que ela teria saído da sua zona de conforto, de seu estado, apenas para diversão. Ela é bela, de uma beleza que transcende o físico. No entanto, sua expressão carrega o peso de alguém que luta diariamente para manter-se de pé. A história do trauma relacionado à chuva é um testemunho disso: sempre que chove, especialmente à noite, ela entra em pânico, e então dorme, e acorda somente quando seu corpo acredita que está realmente calma e segura.
Mesmo tendo acabado de conhecer Olivia, sinto uma necessidade quase instintiva de protegê-la. Protegê-la da chuva, de seus medos e inseguranças, e de tudo o que possa feri-la, se ela permitir, claro.
[...]
Olivia parece desconfiada de mim. Seus olhares tortos indicam que ela não está totalmente à vontade na minha presença. O que me preocupa ainda mais é que ela talvez não se lembre de que fui quem a ajudou no bar há alguns meses... Ou, quem sabe, ela se lembre, mas não queira admitir.
— Essas são as últimas! — Eu falei após colocar as malas em frente a grande mansão misteriosa.
— Deus lhe pague, meu filho... — Dona Eva disse em um sorriso.
Olivia estava de frente para o estábulo, os cavalos estavam calmos e não faziam barulho algum na sua presença, a vi se aproximando de uma égua marrom, sua mão tremendo foi em direção a égua que fez praticamente uma reverência para Olivia, lhe dando a liberação que ela precisava para alisar a pelagem do animal. Olivia tem o dom.
Me aproximei dela e pude perceber que da minha varanda, posso ter a visão do estábulo, celeiro e varanda da casa de Olivia.
— Você quer que eu a ajude selar o cavalo? — Eu perguntei me encostando na parede vermelha do estábulo.
— Não! — Ela respondeu seca, continuando seu carinho na égua.
— Só estou querendo ajudar, Olivia... — Falei baixo e isso a fez me olhar.
Ela estava com o rosto para o sol, seus olhos estavam num brilho mágico. Mas ela precisaria mudar o estilo, se não quiser ter um câncer de pele no futuro.
— Não é isso... Eu não sei montar. — ela admitiu sem jeito.
— Eu posso te ensinar... — Ela sorriu.
Um sorriso que quase me fez desmaiar de tão perfeito que era.
— E não é por nada não, mas vocês terão que mudar o estilo de vocês... Não usamos essas roupas só por estilo. — Eu uso bastante por estilo, mas ela não precisa saber. — O sol é prejudicial para a saúde e até dentro de casa ele te atinge...
Ela analisou seu corpo, apertou a barra do vestido e depois encarou meu corpo. Me encostei ainda mais na parede, seu olhar me deixou retraído. Nunca me senti assim, Olivia era totalmente dominante e ela com toda a certeza, não sabe disso e sabe ainda menos do efeito que ela causa em mim.
— E onde eu consigo comprar essas roupas?
— No centro, eu levo vocês!
Ela topou. Eu faria qualquer coisa se ela me pedisse com carinho, o mesmo carinho que teve com a égua que ela mal conhece.
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Atualizado até capítulo 67
Comments
Cristina Santos
O destino juntou os dois , ele tá apaixonado por ela . Que lindo !
2025-03-22
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Solange Araujo
nossa tem muita coisa pra acontecer, mas só esses dois já enchem meu coração de alegria .... parabéns Autora 👏👏👏 show
2024-11-20
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Maria De Jesus Campelo Campelo
Ahhh o amor é um sentimento que chega sem pedir licença e se instala em nossos corações, é muito bom estar apaixonada. Eu adoro esse sentimento.
Obrigada autora, essa história é muito linda.
2024-11-28
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