CAPÍTULO 2

...CHRISTIAN...

 — Adenor, não o solte! — Falei com meu capataz que segura firmemente o laço em volta do cavalo.

 — Sr. Lincoln, ele é forte... Forte demais... — Adenor disse quase sendo carregado pelo cavalo feroz.

 Já estava a duas semanas tentando domar esse cavalo, fiz uma aposta com o dono dele, se eu o domasse com menos de um mês, o cavalo seria meu. O dono dele era meu vizinho, ele trabalhava para o dono da fazenda ao lado. Aos trinta anos de idade não achei que existia um homem que gostasse tanto de cavalos como esse senhor. Ele deixou o cavalo aqui e nunca mais apareceu, ouvi dizer que o dono da fazenda acabou falecendo e alguém herdou toda sua fortuna.

 Essa pessoa ficará milionária da noite para o dia, visto que essa fazendo está entre as dez mais caras do estado, ficando abaixo da minha, em segundo lugar. Não sei quem será que irá assumir a fazenda, mas sei que, se não souber pelo menos o mínimo, irá perder tudo que o homem conquistou. Nunca o vimos, nem mesmo os meus pais, só sabemos que ele tinha um filho que só foi visto algumas vezes pelas redondezas.

 Esse cavalo ficou como um desafio pra mim, um desafio que eu amo.

 Ultimamente eu tenho saído bastante, baladas no centro de Rondonópolis, festas rurais, bares... Quando meus pais ainda moravam aqui na fazenda, eu não saia tanto, ainda mais quando namorava a Joyce. Ela era o amor da minha vida, eu a tratava como rainha e estava disposta a me casar com ela, até que começaram a surgir rumores dela. Chegava nos bares ou festas aqui no interior e me entregavam bilhetes, mensagens anônimas nas minhas redes sociais ou até mesmo chegavam em mim falando que ela não gostava de mim e sim de um cara da cidade, falavam que via ela saindo com ele enquanto eu ficava aqui, e trabalhava para orgulhar ela. Até que chegou o dia de eu a pedir em casamento, fui para a cidade, os pais dela me receberam nervosos, não me deixaram entrar na casa e tive que praticamente invadir, Joyce estava no sofá, de mãos dadas com um cara que nunca havia visto.

 — Christian? — Joyce disse ao se levantar rapidamente do sofá.

 — Merda, Joyce... Era só... Era só ter terminado. — Eu sussurrei colocando o buquê em cima da mesinha de centro da sala. — Por que fez isso?

 — Foi por sua culpa, Christian... — Ela disse com olhos raivosos na minha direção. — Eu até gostava de você no início, mas seus pais começaram com aquela ladainha de morar no interior e eu me desesperei. Você já olhou para mim, Christian? Eu sou uma mulher fina, mereço uma vida boa e de luxo, não quero ficar correndo atrás de boi e de vaca e muito menos ficar mexendo no esterco. Você chegava na mansão da fazenda FEDENDO A ESTERCO! Acha mesmo que eu iria aguentar? 

Aquelas palavras dela me partiram ao meio. Eu a conheci no centro, era linda e simples. Nós namoramos por dois anos e ela NUNCA demonstrou não gostar do meu jeito ou do jeito que minha família me criou. 

 — Você diz que não queria viver na fazenda, mas usou do meu dinheiro, eu banquei viagens caríssimas para você, roupas e bolsas de marca que VOCÊ pedia! — Eu gritei apontando na cara dela, o pai dela me segurou.

 — Você as quer de volta? É só pegar... — Ela disse com deboche, o novo namorado riu. 

 — Você não entendeu, Joyce? Você diz que não gostou da ideia de viver na fazenda, mas eu paguei todos os seus caprichos com o dinheiro que o agro me deu! — Apertei meu peito por cima da minha camisa pólo. — Não precisa ter feito isso, era só ter me falado, assim eu não teria vindo aqui com essa merda de buquê pedir sua mão em casamento! 

 Eu a vi poucas vezes depois daquele maldito dia, Joyce não ficou muito tempo com aquele cara, e as vezes que a vi ela tentou se desculpar e me pedia para voltarmos a namorar. Eu não consegui, meu coração se fechou e eu não consigo mais acreditar que possa existir alguém capaz de amar somente você, então, eu decidi por mim mesmo nunca mais me apaixonar. 

 Meus pais vivem viajando, no meu aniversário de vinte e cinco anos, meu pai, Carlos passou a fazenda e a plantação de soja para o meu nome, ele disse que não queria mais saber desse tipo de negócio e ficou apenas com outras empresas. Ele e minha mãe, Marian, decidiram conhecer o mundo lá fora, infelizmente eles não puderam ter mais filhos, então o que restaram foi realizar o sonho da mamãe, de conhecer o máximo de países que ela quiser. Meu pai, como um bom apaixonado, faz tudo que a mamãe quer. 

Eu queria conseguir amar alguém como ele a ama, mas não serei capaz de fazer isso…

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Comments

Zélia Maria Nunes

Zélia Maria Nunes

muito bom

2024-12-12

0

Elza Ferreira Gomes

Elza Ferreira Gomes

muito bom

2024-12-05

0

MariaZelia Rodrigues

MariaZelia Rodrigues

realmente tá ficando muito raro histórias boas principalmente pra mim q leio bastante

2024-11-21

2

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