...OLIVIA...
— Quem será que mandou isso? — perguntei a mim mesma ao abrir a caixa do correio.
Haviam várias cartas, cartas de um escritório de advocacia, mas eu não tinha tempo para lê-las. as joguei dentro da minha ecobag e saí em rumo ao meu - nada belo - trabalho.
[...]
— Ei, gatinha! Você não vai me trazer a cerveja que pedi? — um velho bêbado me chamou.
— Já estou indo! — falei forçando um sorriso, tentando não mostrar o quanto estava cansada.
Ele não pediu cerveja, pediu comida.
O lugar que eu trabalho não é esquisito, graças a limpeza pesada que eu faço questão de fazer todos os dias. Aqui é típico bar brasileiro, muitos salgados nas estufas, lugares com pouca iluminação, principalmente o banheiro. As mesas e cadeiras vermelhas que eram brindes de alguma marca de cerveja e as paredes eram pintadas metade vermelhas e metade brancas.
Esse bar funciona o dia inteiro, mas eu trabalho somente de manhã e à tarde. Aqui aparece todo o tipo de gente e pelas circunstâncias da vida, eu tenho que ficar calada ao ouvir os comentários dos clientes, por mais que me dê vontade de jogá-los no chão e descontar toda a minha raiva.
Fui para a cozinha do bar e respirei fundo, quando meu chefe me olhou com um olhar de "problema é seu" eu tive ânsia de vômito.
Idiota.
Todos os dias eu tenho que me controlar para não falar umas boas para esses bêbados. Eu trabalho aqui há cinco anos, antes era apenas um emprego para pagar minha faculdade de administração e ajudar minha mãe com as despesas, mas as coisas dificultaram quando ela ficou doente, foram juntando tantas doenças sem tratar que ela acabou ficando fraca ao ponto de não conseguir mais ir trabalhar. O resultado disso foi ter largado a faculdade e ter tentado manter a casa sozinha.
As coisas parecem ficar cada vez mais difíceis a cada dia que passa e isso é um verdadeiro saco. Minha mãe não fez nada de ruim para sofrer tanto assim.
A única família que tenho é ela, meus avós morreram, e o meu pai, bom... Abandonou minha mãe com medo da responsabilidade de ser pai, mas ele não faz falta, de verdade. Minha mãe não fala muito sobre ele, mas sei que o amava muito. Não sei muito sobre a família por parte dele e realmente não me interessa, já que mesmo após vinte e cinco anos, eles não tenham feito questão de saber se minha mãe deu à luz a uma menina ou a um menino.
Me sento em um cantinho dentro do depósito, pego minha bolsa para retirar meu almoço e quando abro vejo novamente aquelas cartas. Já tinha uma semana que eu estava recebendo aquelas cartas, elas se tratavam de uma herança, fazenda, fábricas de queijo e leite, cafezal... E diziam que estava no meu nome, que alguém que morreu, deixou tudo para mim. Eu estava apenas ignorando elas, não faziam sentido e eu estava com medo de ser algum tipo de golpe.
Abri uma nova carta.
"Senhorita Olivia Wadson, irá receber uma visita hoje, às três da tarde, o advogado Carlos irá te passar os detalhes das transferências que serão feitas para o seu nome.
Atenciosamente, escritório de advocacia Guasti."
— Mais que merda é essa?
Tirei meu celular da bolsa e eram duas horas da tarde. Do trabalho até em casa, eu levo quarenta minutos andando, já que ônibus ou táxi custa muito dinheiro.
Peguei minha bolsa e saí correndo de dentro do bar, atravessei a rua e ouvi meu chefe sair para fora.
— Ei, Olivia! Se você for, está demitida. — Eu só continuei correndo sem olhar para trás. — Volte aqui!
Eu poderia estar errada, poderia estar fazendo uma grande loucura agora, mas eu quero arriscar. Tudo isso das cartas pode ser uma grande mentira, ou uma grande verdade. O escritório Guasti é conhecido por todo o Brasil e é altamente recomendável por todas as empresas que conheço, eu precisava ter a certeza se aquilo que falava nas cartas era verdade, pois eu com certeza cairia de cabeça em qualquer boa situação apenas para aliviar o sofrimento da minha mãe e a tirar daquele lugar asqueroso que moramos.
Quando cheguei no beco do conjunto habitacional onde minha casa ficava, tinha um pequeno tumulto, havia uma BMW branca estacionada em frente a minha pequena casa e os vizinhos - fofoqueiros - nem disfarçavam sua curiosidade.
O carro era lindo, nem mesmo meu namorado - ex namorado na verdade - com toda sua família rica, teria dinheiro para comprar e manter uma dessa.
Entrei em casa, passei pelo pequeno corredor que separava meu quarto com o da minha mãe e cheguei na sala, minha mãe estava pé entre o espaço que separava a cozinha da sala, fizemos aquela parede com PVC e muita cola. Não pude deixar de notar o homem elegante sentado no pequeno sofá de couro, que estava com um buraco no meio graças ao meu gato, Simon.
— Olá, você seria a senhorita Olivia? — Ele me perguntou com um sorriso simples.
— Sou sim... — Olhei para a minha mãe que estava sem entender nada, assim como eu.
— Bom, eu irei ser direto, eu estava a bastante tempo procurando por você... — Ele ajeitou o óculos quadrado no rosto antes de começar. — Você, é a herdeira total de todos os bens de um senhor que preferiu ficar anônimo.
Senti minha mãe ofegar.
— Mãe, o que foi? — Me aproximei dela e a vi se escorar na parede da sala.
— O que está acontecendo? Por qual motivo deixaram uma herança de tamanho valor para Olivia?
Minha mãe estava realmente em choque, a coloquei sentada na cadeira de madeira que deixávamos ao lado da TV.
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Atualizado até capítulo 67
Comments
Paulinha da Silva
queria eu receber uma herança dessa minha vida mudaria
2025-02-09
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Luana Guimarães
kkkkkkkk os botecos daq tbm são de plásticos
2024-11-27
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Elza Ferreira Gomes
ja estou gostando
2024-12-05
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