...OLIVIA...
— Mãe, estou indo! — Gritei antes de fechar a porta de madeira de casa.
Por algum motivo aparente, meu despertador não tocou, eu estava mais do que atrasada para o trabalho e só para completar, sei que irei tomar bronca por ter saído ontem no meio do expediente sem dar algum aviso prévio ao meu chefe.
Assim que entrei no bar, que já se encontrava funcionando ao que acredito uns vinte minutos, meu chefe me fuzilou com o olhar e apontou para o seu escritório, que estava mais para o quartinho de limpeza. O acompanhei para dentro do pequeno cômodo quadrado e quase sem luz, havia tanta poeira lá dentro e tive que contar a minha imensa vontade de passar um pano úmido naquela escrivaninha nojenta.
— O que você pensa que está fazendo aqui, Olivia? — Meu chefe disse ao se sentar na cadeira mesmo ela estando quebrada e quase não aguentando o peso dele.
— Eu vim trabalhar. — Respondi o óbvio e apontei para o meu uniforme.
Ele coçou a cabeça e depois me olhou por alguns segundos.
—Você vai voltar para aquele bar e vai trabalhar, se ousar fazer alguma gracinha como a de ontem ou qualquer outro tipo de coisa, é rua, Olivia! Entendeu? Rua! — Ele gritou e eu praticamente corri para fora.
Eu queria gritar com ele também, mas eu precisava ficar nesse emprego.
[...]
A semana foi passando tranquilamente, o advogado não apareceu e eu pude ficar um pouco mais aliviada na minha vida comum de sempre.
Meus dias no bar estavam indo bem, sem estresse, hoje é sexta-feira, amanhã será minha folga, e o dia estava calmo, até chegar à tarde, odeio esse horário. É o momento em que sei que só irão entrar os homens babacas que ao invés de saírem do trabalho e irem para casa, eles vêm para o bar, encher o saco de quem ainda está no expediente.
Quando o horário bateu às quatro da tarde, o local encheu e eu e outros dois atendentes nos desdobramos para poder atender todos o mais rápido possível.
Eu saio às cinco, não via a hora de estar em casa, longe desses bêbados.
— Ei, moça? Quero fazer um pedido! — Um senhor que aparentava a idade da minha mãe me chama.
— Pode falar! — Eu disse assim que me aproximei, já com a caderneta e a caneta na mão.
— Quero... Você! — Ele falou sem um pingo de vergonha na cara, os amigos que estavam na mesma mesa que ele apenas riram.
— Desculpe, o que disse? — Fingi não ouvi e fiz sinal com as mãos para que ele repetisse.
Que raiva.
— Eu quero você, gostosa! — Ele se levantou e puxou para um abraço.
Me soltei dos seus braços e lhe dei um belo chute entre as pernas, assim que ele caiu no chão, o chutei na barriga. Um dos amigos dele me empurrou fazendo minhas costas se chocarem com o balcão e o meu cabelo se desprender do coque deixando que chegasse a altura das minhas pernas.
Vi meu chefe barrigudo se aproximar.
— Olivia, pare agora! — Ele disse autoritário.
— Você viu o que ele fez? — Eu perguntei colocando a mão nas minhas costelas que agora doíam.
— Esqueça e peça desculpas!
Não acredito nisso, o olhei incrédula com o pedido, o bar inteiro já tinha parado.
— Anda, cadela! Quero ouvir seu pedido de desculpas. — O velho disse seguindo de uma gargalhada horrenda.
O empurrei contra as mesas de plástico e isso o fez ficar furioso, ele agarrou meu cabelo, fazendo dar pelo menos duas voltas em seu braço e me arrastou para fora do bar. Eu me debatia e pedia para que soltasse, As pessoas na rua movimentada da grande São Paulo nos olhavam incrédulas, eles não tinham tempo para isso, era horário de pico, as pessoas só queriam chegar em casa. Ao longe, ouvi alguém gritar.
— Solte ela agora ou você vira um homem morto!
Mesmo sendo segurada pelos cabelos e a dor na nuca ser extrema, me esforcei para olhar na direção em que a voz grave estava. Um homem forte e bruto se aproximou, e mesmo nessa condição, não pude deixar de reparar na beleza avassaladora que ele tinha, o seu chapéu preto de cowboy, sua fivela com um desenho de um cavalo em seu cinto, camisa preta justa e sua bota de couro preta, indicava que ele com certeza não era da cidade, com aquele sotaque então...
O velho nem pensou muito, assim que viu os músculos do homem moreno em nossa frente, ele logo me soltou. Assim que consegui me estabilizar, massageei meu cabelo e agradeci mentalmente pelo meu cabelo não ter ficado embaraçado.
Olhei para o homem de chapéu que me deu um sorriso bonito e adentrou o bar.
— Obrigado! — Eu disse o vendo sumir na direção do banheiro.
— Olivia! — Meu chefe me chamou e me virei para olhá-lo.
— Não precisa falar! — Eu parei minha mão na frente dele. — Eu peço demissão, e por favor, enfie minha rescisão bem você sabe onde.
Entrei dentro do bar, peguei minha bolsa, fiz um coque novamente no meu cabelo e saí correndo daquele lugar.
Essa era a confirmação que eu precisava, eu iria aceitar a tal herança e sumir dessa cidade com a minha mãe, meu gato, meu resto de dignidade e talvez quem sabe, leve até a Sara.
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Atualizado até capítulo 67
Comments
Solange Araujo
nossa que triste 😔 ninguém ajudou ela 😢... ainda bem que apareceu um caubói 🤠 ....
2024-11-19
2
Tania Cassia
coitada dela velho babaca
2024-11-19
0
EL PEDRO MITO
/Drool/
2024-09-18
1