...OLIVIA...
Depois de nos explicar como seria essa tal possa da herança, o advogado saiu com sua BMW roncando pela pequena rua, minha mãe ainda estava em choque com tal notícia. O olhar dela era de espanto, curiosidade e medo, nunca esteve nos nossos planos sair de São Paulo, e muito menos nos mudar para outro estado.
Eu decidi recusar e não ir para a fazenda, o advogado disse que voltaria amanhã a tarde para saber minha resposta, não quis saber o que acontecerá com a herança, eu fiquei receosa em relação a esse senhor misterioso e sei que mamãe sentiu o mesmo.
[...]
— Amiga, eu acho isso confuso... Você disse que não gostava dele e agora me fala que vai sair com ele?
Eu perguntei à Sara pelo telefone.
Sara fazia faculdade comigo, ela continuou e mesmo que eu tenha desistido, ela não me abandonou. Sara é uma menina alegre e carismática, seus cachos em um castanhos claro e seus olhos verdes, seu corpo magro, a deixavam com aparência de mais jovem. Ela vivia com a mãe e o padrasto, eles a proíbem de tudo, Sara não tem vida própria, parece que ela é apenas uma marionete nas mãos dele. A única coisa que ela mesma escolheu para si, foi a faculdade e minha amizade.
— Mas a minha mãe acha que devo ficar com ele. — Ela disse suspirando fundo. — Você sabe como é difícil contrariar ela!
— Não é difícil para mim... Você tem vinte e cinco anos, Sara!
— Somos diferentes, Olivia. Mas eu sei que se você estivesse no meu lugar, não deixariam mandarem em você dessa forma.
Sara tem razão, eu jamais deixaria alguém mandar em mim, eu escolho o que eu quero, se vai ser bom ou se vai ser ruim, prefiro arriscar por conta própria, descobrir se vou me machucar ou me arrepender, sozinha! Sem alguém tentando entrar na minha mente, me falando o que devo ou não fazer.
Muitos dizem que eu tenho um gênio forte e difícil de lidar, mas eu não acho isso. Nem Sara. Nem mamãe. Elas disseram que eu só não consigo ficar confortável com as pessoas assim como fico com elas, e eu também acho isso... A não ser se formos lembrar do Lucas. Meu ex, o conheci na faculdade, ele cursava agronomia, eu era extremamente apaixonada por ele, mas tivemos que terminar. Ele ganhou uma bolsa de estudos no Canadá e então conversamos e decidimos que seria melhor se não estivéssemos juntos, preferimos deixar nas mãos do destino, se for para ser, será.
Após desligar a ligação, olhei as horas, o relógio marcava oito horas da noite, um vento frio entrava pela minha janela, eu senti que começaria a chover e por algum motivo, eu tenho medo de chuva. Não é qualquer medo, eu me apavoro, começo a tremer e a chorar, minha mãe não sabe como isso aconteceu e não posso tratar já que eu não tenho tempo e muito menos dinheiro, então a forma de lidar com isso é simples. Choveu? Eu fecho a janela, pego os meus fones e coloco no último volume a música mais barulhenta que eu achar.
Sai do quarto e vi minha mãe na cozinha, preparando seu chá de camomila, como todos os dias. Minha mãe estava mais magra a cada dia que passava, tireoide não era brincadeira... Meu longo cabelo foi herdado dela, mas o meu era preto, o dela, um loiro escuro.
Com certeza devo ter pegado o DNA do meu pai.
Já cheguei a sofrer bullying na escola, graças a sempre ter esse longo cabelo liso, nunca gostei de cortar e muito menos deixava mamãe o fazer. Uma vez, já no ensino médio, eu estava tranquila comendo o meu lanche na quadra do colégio, até que chegaram três meninas. Duas me seguraram e a outra veio e cortou o meu cabelo, o deixando na altura dos ombros completamente repicados, lembro que elas foram trocadas de escola antes mesmo que minha mãe fosse até lá. Depois disso, comecei a usar coque, só solto em casa, isso virou mais uma insegurança do que um hábito.
— No que tanto pensa, mãe? — Perguntei para ela que estava escorada no armário da cozinha enquanto soprava o interior da xícara.
— É que, você acha que essa herança tem haver com seu pai?
Vi preocupação em seus olhos, por algum motivo, eu acho que o relacionamento deles não foi algo muito normal.
— Não sei mãe... A senhora, acha que eu deveria aceitar?
— Isso é com você, querida. Jamais iria interferir nas suas decisões mas, olha o lugar que moramos, está caindo aos pedaços e a dona só fala em demolir essa casa. — ela bebeu um pouco do chá e depois voltou a me olhar. — Ter um lugar seu, que garanta seu futuro, seria algo muito bom para sua vida...
De certo modo, minha mãe estava certa... mas eu ainda estou insegura.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 67
Comments
Paulinha da Silva
o povo ainda fica pensando se vai pegar a herança rapaz minha irmã pega logo o estado de frescura negócio de pensar nunca na minha mão não
2025-02-09
0
Maria De Jesus Campelo Campelo
Concordo com você Tânia, eu não pensava duas vezes e aceitava, se está tudo regularizado é meu. Assinava e ia viver de boa com minha mãe.
2024-11-27
0
Tania Cassia
eu não pensaria duas vezes ainda mais que tudo é legalizado🥰🥰
2024-11-19
1