CAPÍTULO 8

...OLIVIA...

Chegamos às três da tarde em Rondonópolis. A cidade estava tranquila, envolta por um céu nublado, típico de um domingo, imaginei. Paramos em uma concessionária, onde eu finalmente iria pegar o carro que meu advogado tinha comprado para mim. Tudo estava acertado, mas assim que vi o veículo à minha frente, senti um impulso incontrolável de querer torcer o pescoço daquele almofadinha.

— Um Civic?! Ele está maluco? — gritei, abrindo os braços em direção ao carro com um olhar incrédulo.

— Qual o problema com o carro, Olivia? — Sara perguntou, enquanto largava suas enormes malas no chão. — Vamos logo para a fazenda, estou ansiosa!

Respirei fundo, tentando me acalmar antes de explodir.

— Mãe, Sara... Choveu em Rondonópolis, certo?

— Certo — as duas responderam ao mesmo tempo.

— Agora me expliquem, como vamos chegar à fazenda com esse carro? A estrada deve estar só lama e buracos! — Passei a mão pelo rosto, frustrada.

— Não pensei nisso... — minha mãe murmurou, e vi a preocupação tomar conta do seu semblante.

— E agora, o que vamos fazer?

Sem responder, tirei as chaves da mão do segurança da concessionária. Era domingo, então qualquer tentativa de troca de carro estava fora de questão. Eu deveria ter especificado o tipo de carro que precisava, mas achei óbvio, estamos indo para uma fazenda no interior, quando chove as estradas ficam intransitáveis. Precisávamos de uma caminhonete, não um carro baixo que mal sobreviveria à primeira poça.

Abri o porta-malas do Civic e coloquei as malas, tentando ignorar a raiva que subia. Entrei no carro e respirei fundo, tentando aceitar a realidade.

— Entrem. — Minha voz saiu mais calma do que eu me sentia. — Não adianta ficarmos aqui paradas. A viagem até a fazenda vai levar pelo menos uma hora e meia, e como nunca fomos, pode demorar ainda mais. Vamos ter que enfrentar a escuridão da estrada.

[...]

Já estávamos na estrada há mais de uma hora. O GPS indicava que faltavam quarenta e cinco minutos para chegarmos, mas o maior problema agora era o céu escurecendo rápido demais. A cada quilômetro, a noite parecia nos engolir, e a apreensão crescia junto com as sombras que cercavam a estrada. Eu sentia o peso do olhar de minha mãe ao meu lado, e Sara, no banco de trás, não tirava os olhos das árvores densas que passavam pela janela.

De repente, a chuva desabou com força. Os limpadores de para-brisa não conseguiam acompanhar a intensidade, e minha visão foi ficando turva. E então, em um segundo de distração, senti um solavanco. Um dos pneus atolou num buraco, e quanto mais eu acelerava, mais fundo ele afundava na lama.

— Merda! — Gritei, batendo com força no volante.

— Calma, Olivia! Vamos sair e tentar empurrar — disse Sara, já saindo do carro antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

— Mãe, a senhora não pode pegar essa chuva. Passe para o banco do motorista, só precisa acelerar enquanto eu e Sara tentamos empurrar.

— Está bem... — Ela respondeu, a voz tremendo, refletindo o nervosismo que eu também sentia.

Sara e eu empurramos com todas as nossas forças, mas o carro parecia se afundar ainda mais. De repente, o Civic soltou uma fumaça assustadora e... apagou. Nada mais funcionava.

— E agora, Olivia? — Sara perguntou, gritando para ser ouvida por cima do barulho ensurdecedor da chuva.

Senti o ar faltar, como se o pânico me abraçasse. Não era apenas a chuva, era algo mais profundo. Minha garganta se fechou, e eu não conseguia pensar claramente. Eu sabia que havia algo por trás desse medo, algo que eu precisava lembrar. Meu medo de medo de chuva! Graças ao desespero de tirar o carro do buraco, meu cérebro simplesmente esqueceu o meu trauma de chuva e quando ele finalmente lembrou, tudo o que eu senti foi o terror crescendo dentro de mim. Tentei miserável agarrou o braço de Olivia.

Nesse momento, minha calça jeans e meu moletom, já estavam completamente sujos de bairros.

— Olivia? — Sara me segurou, percebendo que algo estava muito errado. Tentei me firmar, mas minhas pernas cederam, e caí de mau jeito, torcendo o tornozelo. A dor foi tão forte que quase me fez perder a consciência.

— Maldita hora em que assinei aqueles papéis idiotas! — Choraminguei, enquanto a dor irradiava pela minha perna.

A chuva continuava a encharcar tudo ao redor. O carro estava com as portas abertas, a água entrando aos poucos, e minha mãe observava, paralisada de preocupação. Quando achei que não podia piorar, vi, ao longe, dois faróis iluminando a estrada. Uma caminhonete parou atrás de nós.

Senti braços fortes me erguerem, e a dor foi a última coisa que lembro antes de tudo escurecer.

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Comments

Brandao Nete

Brandao Nete

autora se Deus,que aflição dessas três numa estrada de chão, temporal,coitadas,amando cada capítulo, parabéns.

2025-01-11

0

Solange Araujo

Solange Araujo

Aí gente, que história maravilhosa 😀 esperando esses dois se amarem muito....

2024-11-20

3

Dilcimar Gomes

Dilcimar Gomes

top sua história autora estou amando 😍😍😍

2024-11-17

2

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