CAPÍTULO 6

...CHRISTIAN...

Virei de uma vez a bebida e senti um líquido descendo por todo o meu chapéu. Sem olhar quem foi o infeliz que jogou um balde de água suja em mim, girei com tudo fazendo com que meu braço se chocasse contra o corpo de alguém. Quando o vi no chão, era o senhor de antes, o agressor. O líquido escorreu por meu rosto, ensopou minhas roupas e, o pior de tudo, mergulhou no meu chapéu.

Aquele agressor maldito, agora aos meus pés.

O chapéu, presente dos meus pais, era tudo o que eu conseguia pensar. Tirei-o da cabeça lentamente, a água suja pingando pesadamente de suas abas. Meu coração apertou. Ainda bem que não tinha trazido o chapéu especial, aquele que eu sempre guardava para ocasiões importantes. Se fosse ele, agora estaria arruinado para sempre. Mas isso não fazia o estrago menos doloroso.

Eu senti o calor da raiva subir pela minha garganta, queimando como fogo. Meus punhos cerraram.

— Quem você pensa que é pra me tratar assim? — a voz do velho explodiu no ar, fazendo com que todos ao redor parassem e olhassem. Ele se levantou, balançando a cabeça como se estivesse no direito de estar indignado. — Sabe quem eu sou?

Eu avancei um passo, o peito se inflando. Meus olhos fixaram-se nos dele, duros como pedras. Agarrando-o pela camisa, puxei-o para mais perto, forçando-o a me encarar de verdade. Ele não era nada mais do que um homem comum, sem poder diante da minha fúria.

— Sabe quem EU sou? — minha voz saiu baixa, mas cheia de veneno. — Olha o que você fez com o MEU chapéu!

Puxei-o com mais força, balançando-o. Os olhos dele se arregalaram um pouco, talvez sentindo o medo que começava a subir por sua espinha.

— Vai pagar por isso?

O velho hesitou, mas logo começou a gaguejar, enfiando a mão no bolso, puxando uma carteira já desgastada. Ele tirou algumas notas de vinte e cinquenta, as mãos tremendo levemente. Eu o observei com desdém, meus olhos analisando o quanto ele achava que poderia comprar o meu silêncio.

— Aqui, aqui, veja, quatrocentos reais! — Ele esticou a mão, as notas amassadas tremulando. — Isso paga por esse seu chapéu, não paga?

Foi então que eu não pude evitar. A risada explodiu de dentro de mim, uma gargalhada alta, cheia de desprezo e sarcasmo. Todos no bar viraram a cabeça para ver o que estava acontecendo, mas eu não me importava. Que vissem. Que todos testemunhassem o absurdo dessa situação.

— Você acha que esse dinheiro paga? — falei, limpando uma lágrima de riso que escorria pelo canto do meu olho. — Isso não cobre nem a lavagem do meu chapéu.

 O rosto do velho contorceu-se em raiva, mas havia também algo mais. Talvez humilhação. Ele jogou o dinheiro no meu peito com um gesto brusco, deixando as notas caírem no chão, antes de virar as costas e sair pisando duro.

 Eu o observei sair, o bar inteiro em silêncio. A raiva ainda queimava em mim, mas havia algo mais. Uma frustração profunda, como se aquele velho fosse só o símbolo de algo maior. Uma afronta à minha dignidade. E, no fundo, eu sabia que se eu perseguisse isso, se eu continuasse, poderia me arrepender.

 Peguei o chapéu nas mãos, sentindo seu peso, agora encharcado e sujo. Ele valia muito mais do que qualquer quantia que aquele homem pudesse oferecer. Mas no fim, o valor do chapéu não era o único problema.

 Eu suspirei, deixei o dinheiro no chão e me virei, caminhando para fora do bar. Às vezes, a batalha não vale a pena. Não por um chapéu, não por um velho, e certamente não por uma quantia ridícula de dinheiro.

[...]

Chegando em Rondonópolis, parei na minha casa no centro da cidade, precisava pegar uns papéis que deixei na casa e minha RAM.

 — Ei, belezinha... — Falei ao abrir o portão e ver minha caminhonete preta brilhando com o sol da manhã.

Peguei os papéis, entrei na caminhonete e saí em direção a fazenda Lincoln. Passando pelas ruas movimentadas do centro, vi ela caminhando com mais um dos seus vestidos chiques e exibindo jóias, jóias essas que eu paguei com meu dinheiro, dinheiro do meu trabalho, trabalho esse que ela odiava. Parei no sinal e Joyce atravessava com toda a pose, seus cabelos castanhos voavam com o vento, ela era uma mulher bonita, mas perdeu toda a beleza aos meus olhos, eu a vejo como um homem e posso afirmar que, eu sou totalmente heterossexual.

No último instante, quando ela pisou do outro lado da rua, na calçada, ela me viu. Quando ela pensou em demonstrar um sorriso, o sinal abriu e eu arranquei com a RAM.

A última coisa que quero é ela dando em cima de mim novamente, antes eu senti raiva, agora é puro incômodo com a presença dela.

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Comments

Paulinha da Silva

Paulinha da Silva

eu tenho nojo dessas mulheres que faz o que faz larga os cara por outra faz esse monte de babaquice e quando o cara se apaixona por outra quer prejudicar a outra pelo erro dela porque foi ela que quis largar o cara e depois ver ele com outro aí quer voltar atrás aí dá é doida dá vontade de pegar a cara e dá muitos murro

2025-02-09

0

Janete Dos Santos

Janete Dos Santos

Essa Joyce ainda vai dar muito trabalho

2024-12-02

0

Solange Araujo

Solange Araujo

Realmente só damos valor quando perdemos......

2024-11-19

1

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